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Atenção com as Palavras — Dica 9
Atenção com as Palavras — Dica 9

 

 

DÚVIDAS ETERNAS por Sérgio Nogueira

 

Ele tinha CHEGO ou CHEGADO?

A primeira dúvida de hoje é fonte de muitas discussões:  os verbos que têm dois particípios, como o verbo ACEITAR, que apresenta as formas ACEITADO e ACEITO.

 

Podemos dizer:

 

Ele tinha ACEITADO o novo emprego.

 

Ele foi ACEITO na escola militar.

 

O problema é pensar que todos os verbos têm dois particípios. O verbo CHEGAR, por exemplo, só apresenta uma forma para o particípio, que é a forma regular CHEGADO.  Portanto devemos dizer sempre:

 

Ele tinha CHEGADO atrasado.

 

E NUNCA, em nenhuma hipótese, diga:

 

Ele tinha CHEGO atrasado.

 

A forma verbal CHEGO só existe no presente do indicativo:

 

Eu nunca CHEGO atrasado.

 

É inaceitável o uso de CHEGO como particípio.

 

Ele vive ÀS CUSTAS DO PAI ou À CUSTA DO PAI?

Com frequência ouvimos frases como:

 

Ele venceu na vida ÀS CUSTAS de muito trabalho.

 

Ele ainda vive ÀS CUSTAS do pai.

 

O problema é que, embora frases desse tipo sejam muito comuns, elas são condenadas pela gramática tradicional.

 

A dúvida está no uso da expressão ÀS CUSTAS DE, pois a palavra CUSTAS, assim no plural, só poderia ser empregada no meio jurídico com o significado de “despesas de processo”.  É correto, então, dizer:

 

O advogado apresentou AS CUSTAS do processo.

 

Mas no sentido de despesa ou de sacrifício, deveríamos usar a forma singular:  À CUSTA DE.  É correto, portanto, dizer:

 

Ele venceu na vida À CUSTA DE muito trabalho.

 

Ele ainda vive À CUSTA DO pai.

 

Ele passou no concurso À CUSTA DE muito esforço e dedicação.

 

TRAZ ou TRÁS?

Vamos observar duas palavrinhas que têm o mesmo som, mas que, dependendo de como as escrevemos, têm significados diferentes e, logicamente, devem ser usadas em situações diferentes.

 

É o caso da dupla TRAZ (com Z) e TRÁS (com S e acento).

 

A palavra TRÁS (com S e acento) indica um lugar posterior e sempre vem acompanhada de uma preposição, geralmente DE ou PARA.  Veja estes exemplos de TRÁS (com S e acento):

 

Saia e não olhe para TRÁS.

 

Ele saiu de TRÁS da porta.

 

A pasta estava no banco de TRÁS.

 

Por outro lado, TRAZ (com Z) é a forma conjugada do verbo TRAZER.  Veja alguns exemplos de TRAZ (com Z):

 

Ele sempre TRAZ flores para a namorada.

 

Ele TRAZ paz para minha alma.

 

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Eles REAVERAM ou REOUVERAM o dinheiro perdido?

Vamos analisar verbos.  Mais especificamente um verbo bem esquisito, o verbo REAVER.  Você acha que o certo é dizer:

 

Eles REOUVERAM o dinheiro perdido?

 

Ou você diria:

 

Eles REAVERAM o dinheiro perdido?

 

Ou seria:

 

Eles REAVIRAM o dinheiro perdido?

 

Difícil, não é mesmo?

 

Para ajudar a desembaraçar esse problema, lembre-se de que o verbo REAVER deriva do verbo HAVER.  Isso quer dizer que ele segue a conjugação do verbo HAVER.  Assim, se dizemos que eles HOUVERAM, devemos dizer que eles REOUVERAM.

 

Não podemos dizer eles REAVERAM nem REAVIRAM, porque não existe na língua padrão.  Mas o que deixa esse verbo com a fama de esquisitão não é só o fato de ele seguir a conjugação do verbo HAVER.

 

O que o torna m ais estranho é o fato de só podermos conjuga-lo nas pessoas em que o verbo HAVER tem a letra V.  Por causa disso, ele só tem duas formas no presente do indicativo:  nós REAVEMOS e vós REAVEIS.

 

Não apresenta, no presente indicativo, as três formas do singular nem a terceira pessoa do plural.  Nada no presente do subjuntivo.

 

O verbo REAVER apresenta todas as formas do pretérito e do futuro, mas devem seguir o verbo HAVER:  reouve, reavia, reouvera, reaverá, reavaria...

 

Fonte:  Jornal O Sul (snconsultoria@terra.com.br