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O Pequeno Príncipe: Antoine de Saint-Exupéry
O Pequeno Príncipe: Antoine de Saint-Exupéry

LAÇOS DE CONFIANÇA

 

QUEM INSPIRA CONFIANÇA CRIA LAÇOS PROFUNDOS.

Volta e meia o Pequeno Príncipe aparece em alguma curva da vida da gente.  E, não é por menos, quando fico pensando sobre o estado espiritual, a educação e os relacionamentos, principalmente dos jovens, fico preocupada.  E de forma geral, as relações humanas parecem cada vez mais superficiais e vazias.  Recebemos abraços, muitas vezes, vem a pergunta:  - Com que intenção fui abraçada, com que propósito fui elogiada, com que finalidade fui presenteada?  Será que tudo isso foi de coração?

 

E quando surgem dúvidas desse tipo, o mundo ao redor se empobrece e se parece como um grande cenário de aparências.

 

Aí me lembro de um dos livros mais clássicos e reproduzidos em vários filmes:  O Pequeno Príncipe.  Saint-Exupéry, no capítulo 21 levanta um dos mais interessantes diálogos da literatura mundial:  a conversa entre a raposa e o Pequeno Príncipe, que vou transcrever.Bom dia – disse a raposa.

 

- Bom dia – respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada. – Eu estou aqui – disse a voz –, debaixo da macieira... – Quem és tu? – perguntou o principezinho. – Tu é bem bonita...

- Sou uma raposa – disse a raposa.

- Vem brincar comigo – propôs o principezinho.

- Estou tão triste... – Eu não posso brincar contigo – disse a raposa. – Não me cativaste ainda.

- Ah! Desculpa – disse o principezinho e após uma reflexão, acrescentou:  - Que quer dizer “cativar”?

- Os homens – disse a raposa – têm armas e caçam.  É bem incômodo!  Criam galinhas também.  É a única coisa interessante que eles fazem.  Tu procuras galinhas?

- Não – disse o principezinho. – Eu procuro amigos.  Que quer dizer “cativar”?

É uma coisa muito esquecida – disse a raposa. – Significa “criar laços”...

- Criar laços?

- Exatamente – disse a raposa. – tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos... mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro.  Serás para mim o único no mundo.  E eu serei para ti única no mundo...

 

Este texto aparentemente simples, ingênuo é na verdade um profundo balbuciar filosófico-poético sobre a carência mais profunda do ser humano:  a necessidade de sólidos laços de confiança não somente com outras pessoas, mas também com instituições.

 

Confiança é algo íntimo.  É algo que nos conquista de forma não forçada.  É um elo espontâneo onde o coração cria laços profundos.  Confiar significa estar seguro.  E onde se está seguro não há lugar para medo.  Há repouso, há paz.  Realmente, as pessoas nas quais confiamos são únicas.  Elas nos cativaram.

 

Mas, cuidado, a confiança é muito frágil!  Uma vez quebrada não tem mais conserto.

 

Fonte:  Revista DonnaZH/Por Themis Pereira de Souza Vianna.