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Segunda Fase do Modernismo: Poesia
Segunda Fase do Modernismo: Poesia

 

SEGUNDA FASE DO MODERNISMO: POESIA

 

Na segunda fase do Modernismo, a poesia também amadurece.  Os poetas abandonam o tom irreverente e polêmico dos primeiros tempos e, com a liberdade estética conquistada, desenvolvem plenamente suas próprias tendências, sem a preocupação de chocar os tradicionalistas.

 

 ENRIQUECIMENTO DA POESIA MODERNA

A segunda fase do Modernismo conhece uma das mais fecundas gerações de poetas brasileiros: Cecilia Meireles, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Augusto Frederico Schmidt, Henriqueta Lisboa, Murilo Mendes, Jorge de Lima, Dante Milano, Mário Quintana, Joaquim Cardoso, entre outros.  Além disso, alguns poetas da fase anterior, como Mário de Andrade e Manuel Bandeira, renovam-se e continuam a produzir.

 

A poesia moderna desenvolve várias temáticas – social, religiosa, espiritualista, amorosa – e marca definitivamente sua presença.  Para uma visão geral das diferentes tendências poéticas desse período, falaremos mais detalhadamente de Carlos Drummond de Andrade, considerado o poeta mais importante dessa fase, além de dar breves informações sobre Jorge de Lima, Cecilia Meireles e Vinicius de Moraes.

 

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) consagrou-se como poeta, mas foi também cronista, contista e tradutor.  Escreveu os seguintes livros de poesias: Alguma poesia, Brejo das almas, Sentimentos do mundo, a rosa do povo, Claro enigma, Viola de bolso, Fazendeiro do ar, A vida passada a limpo, Lição de coisas, Boitempo & A falta de ama, Menino antigo (Boitempo II), As impurezas do branco, A visita, Discurso de primavera e  algumas sombras, esquece r para lembrar (Boitempo III), A paixão medida, Corpo, Amar se aprende amando, Poesia errante, O amor natural, Farewell.

 

A poesia de Drummond revela um lento processo de investigação da realidade humana, e suas linhas básicas já estão presentes nos primeiros livros: visão crítica da sociedade, frequentemente expressa por meio do humor e da ironia; certo desencanto com relação à vida, recusando-se à uma participação lírica ou sentimental e revelando um pessimismo em que o homem se encontra frente a frente com o vazio e o nada:

“(...)

É sempre nos meus pulos o limite.

É sempre nos meus lábios a estampilha.

É sempre no meu não aquele trauma.

 

Sempre no meu amor a noite rompe.

Sempre dentro de mim meu inimigo.

E sempre no meu sempre a mesma ausência.”

 

                        “O enterrado vivo”, In Poesia completa.

                                   Rio de Janeiro: Nova Aguilar.                 

           

Durante o desenvolvimento de sua obra, houve uma fase de poesia “participante”, em que reconhecia a necessidade e se integrar no seu tempo, um tempo de destruição e morte.  Pouco a pouco, porém, a participação social por meio da poesia foi sendo substituída por uma visão cada vez mais desolada, em que  a esperança no novo tempo cede lugar a uma resignação madura diante da falta de solidariedade e de justiça.

 

Os laços familiares do poeta, a força do passado em que se originou o seu modo de ser e de encarar a realidade manifestam-se nos poemas em que trata do pai, da vida antiga em Itabira, o passado projetando-se no futuro:

“Alguns anos vivi em Itabira.

Principalmente nasci em Itabira.

Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.

Noventa por cento de ferro nas calçadas.

Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade

            [e comunicação.

 

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,

Vem de Itabira, de suas noites brancas, sem

            [mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,

É doce herança itabirana.

 

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te

            [ofereço:

Este São Benedito do velho santeiro Alfredo

            [Duval;

Este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;

Este orgulho, esta cabeça baixa...

 

Tive ouro, tive gado, tive fazendas

Hoje sou funcionário público.

Itabira é apenas uma fotografia na parede.

Mas com o dói!”

                                              

“Confidência do itabirano”, In Poesia completa.

 

Enfim, o estilo despojado, a visão crítica da realidade e a constante preocupação com a linguagem dão a Drummond um lugar de destaque na história da literatura brasileira.  Seus poemas mais conhecidos são: Congresso internacional do medo, O mundo é grande, Quadrilha, Poesia, Único e Anoitecer, todos incluídos em “Poesia completa”.

 

O PROSADOR

Como prosador, Drummond revela um agudo senso de observação que lhe permite extrair dos fatos mais simples matéria para as crônicas, escritas regularmente durante muitos anos para jornais e depois reunidas em livros, como Fala, amendoeira, A bolsa & a vida, Cadeira de balanço, O poder ultrajovem, De noticias & Não notícias faz-se a crônica, Os dias lindos, 70 historinhas, Boca de luar.

Ao escrever em prosa, Carlos Drummond de Andrade revela outros aspectos de sua personalidade literária, que encontra, nessa forma, sua melhor expressão.  Como diz o próprio autor:

                        “Mas a verdade é que se a poesia é a linguagem de certos instantes, e sem dúvida os mais densos e importantes da existência, a prosa é a linguagem de todos os instantes, e há uma necessidade humana de que não somente se faça boa prosa como também de que nela se incorpore o tempo, e com isso se salve este último.”

                                                          

CECÍLIA MEIRELES

Cecília Meireles (1901-1964) escreveu sobre literatura infantil, folclore, fez crítica literária e colaborou na imprensa.  Ao contrário das intenções nacionalistas e das inovações na linguagem encontradas nos modernistas, a poetisa manteve-se presa ao lirismo de tradição portuguesa, mas com uma expressão bem pessoal.  Por meio da depuração da linguagem musical  e cadenciada do Simbolismo, transformou em belos poemas a sua melancolia e o sentimento da saudade e do tempo que passa.  Manifestando uma resignação madura perante as angústias da vida, sua poesia, marcada por uma nota de tristeza e desencanto, revela-se como uma das mais significativas expressões do lirismo moderno.

Dentre seus livros de poesia destacam-se:  Viagem (1939), Vaga música (1942), Mar absoluto (1945), Retrato natural (1949), Doze noturnos da Holanda (1952), O aeronauta (1951), Romanceiro da Inconfidência (1953), Canções (1956), Metal rosicler (1960), Poemas escritos na Índia (1962), Solombra (1963).                                                                                                        

 

VINICIUS DE MORAES

Inicialmente, a poesia de Marcus Vinicius de Melo Moraes (1913-1980) apresentava uma tendência religiosa, com textos longos, de acentos bíblicos, mas essa característica vai desaparecendo pouco a pouco em favor de sua tendência natural, quando tem inicio uma poesia intimista, pessoal, voltada para o amor físico, com uma linguagem ao mesmo tempo realista, coloquial e lírica.  Vinicius foi um dos poetas mais famosos do país, principalmente pela projeção como compositor de música popular.

Suas obras principais são:  O caminho para a distância (1933); Forma e exegese (1935); Ariana, a mulher (1936); Cinco elegias (1943); Poemas, sonetos e baladas (1946); Para viver um grande amor (prosa e poesia, 1965); Para uma menina com uma flor (prosa, 1966).

Seus poemas mais conhecidos são:  Poética Soneto de carnaval, O verbo no infinito, Soneto do amor como um rio.