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O Jornalismo em Novo Patamar: por Marcelo Rech
O Jornalismo em Novo Patamar: por Marcelo Rech

O JORNALISMO EM NOVO PATAMAR

 

CARTAGENA – Quando o jornalismo começou a tomar forma, há cerca de quatro séculos, seu objetivo se restringia a apresentar ao público novidades e comentários sobre fatos desconhecidos do público ou do qual ele ouvira falar semanas ou meses antes.  Foi assim, focado em levar novidades, que o jornalismo se converteu em necessidade de primeira ordem na vida das sociedades civilizadas.

 

A revelação de fatos segue sendo um elemento básico da atividade jornalística, mas dela agora se exige muito mais.  Com a revolução digital, a produção de informação e opinião deixou de ser um território exclusivo dos jornalistas: qualquer cidadão, governo, empresa, partido, entidade com acesso á internet tem potencialmente diante de si bilhões de pessoas para disseminar o que bem entenda, desde a foto de seu prato no restaurante ou a defesa de sua causa até ofensas e fatos distorcidos com a intenção de intimidar, confundir ou gerar desinformação.

 

Nesse cenário de abundância de conteúdos, é que o jornalismo profissional – aquele baseado em técnicas e ética aceita universalmente – ganha uma nova e nobre missão: no que se chama de “curadoria”, selecionar para o público o que realmente é importante, desvendar o que permanece oculto e confrontar fatos e versões espalhados pelo mundo digital para daí extrair a verdade e retratar a realidade da forma mais fiel possível.

 

Batizado de “jornalismo do próximo nível”, esse padrão assumido há anos pelos veículos da RBS e materializado pelo seu propósito esteve no centro das discussões do 22º Fórum Mundial de Editores realizado nesta semana em Cartagena, na Colômbia, em conjunto com o 67º Congresso Mundial de Jornais.  O fórum, o qual tenho a honra de presidir há um ano, aprovou um documento histórico para ser difundido em todas as redações do mundo com cinco recomendações sobre o que se espera deste jornalismo em novo patamar.  Conhecê-las ajudará o público em todos os continentes a identificar a informação com ou sem certificado de origem:

 

1)  Em um mundo de hiperinformação, credibilidade, independência, rigor, ética profissional, transparência e pluralismo são os valores que definem a relação de confiança com o público.

 

2)  Jornalismo no próximo nível se distingue pelo questionamento e pela verificação do material que circula nas mídias sociais.  Ele reconhece as redes como fontes de informações a serem conferidas e como plataforma para expandir o conteúdo profissional.

 

3)  A missão do jornalismo nesse novo nível é servir positivamente à sociedade, fornecendo informações verificadas de alta qualidade, e estabelecer marcas jornalísticas como um certificado confiável de origem de conteúdo.

 

4)  Uma exigência do jornalismo nesse nível é ir além de fatos básicos e permitir e incentivar a análise, a contextualização e a reportagem investigativa, além da opinião qualificada, evoluindo da divulgação de notícias para o conhecimento que empodera.

 

5)  O jornalismo desse novo nível deve ser orientado pela confiança e pelos princípios de relevância social, interesses legítimos e veracidade.

 

 

Fonte: ZeroHora/Marcelo Rech/Jornalista do grupo RBS (marcelo.rech@gruporbs.com.br) em 19 de junho de 2016.