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Serving The Servant: Remembering Kurt Cobain
Serving The Servant: Remembering Kurt Cobain

EM SINTONIA COM KURT COBAIN

 

Em livro, empresário do líder do Nirvana apresenta seu depoimento pessoal sobre a intimidade daquele que é considerado por muitos o último grande nome do rock.

 

Livro: SERVING THE SERVANT: REMEMBERING KURT COBAIN – de Danny Goldberg. Editora Ecco Press, 304 páginas, em inglês. Sem previsão de lançamento no Brasil.

 

Décadas depois de a voz de Kurt Cobain ser ouvida pela primeira vez, o líder da banda Nirvana ainda ecoa como uma das principais referências da música e da cultura pop. O suicídio desse símbolo da contracultura da década de 1990 – para muitos o último suspiro do rock’n’roll – completou 25 anos no dia 5 de abril. Na efeméride, seu empresário e manager da banda Danny Goldberg afirmou que enfim está pronto para refletir publicamente sobre seu legado.

 

No aguardado livro SERVING THE SERVANT: REMEMBERING KURT COBAIN, lançado para marcar a data nos EUA e ainda sem previsão de chegada ao Brasil, Goldberg recorda um homem que considerava à frente de seu tempo, cuja genialidade brilhava através e apesar da sua personalidade sombria.

- A imagem de Cobain ficou um pouco distorcida. Concentrou-se de modo desproporcional em sua morte, não em sua vida e sua arte – lamenta o empresário. – Ele foi um cantor muito comovente. Sua voz transmitia uma vulnerabilidade e uma intimidade raras.

 

O depoimento de Goldberg era esperado em meio à enorme quantidade de registros sobre Cobain por se tratar de alguém ao mesmo tempo próximo e que se manteve pouco ativo nos acalorados debates após sua trágica morte, aos 27 anos. No livro, o empresário demonstra toda sua admiração pelo ídolo. Para ele, Cobain “conseguiu estabelecer uma sintonia com as pessoas, ajudando-as a sentirem que eram menos estranhas e menos sozinhas”.

 

Por isso, diz, sua obra segue relevante mesmo para adolescentes que vivem em locais bem diferentes da angustiante costa noroeste do Pacífico, nos EUA, onde nasceu Cobain e se desenvolveu o grunge, estilo roqueiro que o Nirvana e outras bandas como Mudhoney, Soundgarden, Pearl Jam e Alice in Chains tão bem simbolizaram.

- Cobain integra um grupo de artistas com uma arte que transcende o seu tempo – define Goldberg.

 

O artista que cresceu em uma região a duas horas da cidade de Seattle se tornou um deus do rock subitamente quando NEVERMIND (1991), o segundo dos três álbuns de estúdio do Nirvana, catapultou a banda à fama, dando início ao culto ao seu líder.

 

O empresário conheceu Cobain em 1990, portanto, quando a banda ainda não tinha tanto alcance e esperava ter sucesso com sua mescla de punk, metal e melodias aceleradas do álbum BLEACH (1989). Com o mais pop e palatável NEVERMIND, o Nirvana superou Michael Jackson no topo das paradas , desviando o próprio rumo da cultura pop: sua atualização do estilo “faça você mesmo”, com letras e arranjos diretos, peso e distorção, tornaram-se a trilha sonora de gerações que incorporaram inclusive seu visual “largado” caracterizado pelo jeans surrado e as camisas de flanela.

 

Goldberg trabalhou com Cobain durante três anos e meio. Foi testemunha também da selvagem mas carinhosa relação do artista com a cantora Courtney Love, com quem casou, assim como das tentativas de intervenção para livrar-se do vício em heroína. “Não tenho ideia do que provocou as últimas semanas de desespero de Kurt”, escreve Goldberg no livro. “Talvez tenha sido uma intensa cristalização das depressões que o atormentavam por muito tempo”. Na carta deixada pelo ídolo, chama a atenção a citação a uma música de Neil Young: “É melhor queimar do que desaparecer”.

 

Godberg era considerado por Cobain um “segundo pai”. Por trás da depressão, enfatiza o empresário, havia “um gênio musical”. E, também, “um bobo romântico”, acrescenta, ao mencionar que o cantor e compositor tinha quatro cópias de THE CHIPMUNKS SING THE BEATLES HITS (1964), álbum em que os personagens do desenho da TV Alvin e os Esquilos (que depois seria levado ao cinema) cantavam as canções dos Fab Four.

 

O cabelo loiro e desgrenhado de Cobain, os olhos claros e as roupas esfarrapadas davam um ar preguiçoso ao artista. Goldberg diz que isso escondia um “intelecto sofisticado”:

- Havia uma profundidade na energia e nos sentimentos que emanavam de sua música. Ele era mais profundo do que os refrões famosos, embora tenha escrito grandes refrões.

 

O empresário dá crédito a Cobain inclusive por ajudar a “redefinir a masculinidade” no mundo do rock.

- Ele era poderoso e convincente e, ao mesmo tempo, sensível e carinhoso. Com isso, quebrava a ortodoxia do rock da época – opina Goldberg, que recorda um show na Argentina no qual Cobain ficou enfurecido com as vaias à banda de abertura Calamity Jane, formada apenas por mulheres (a vingança do líder do Nirvana foi não tocar o hit Smells Like Teen Spirit na ocasião – “O público não merecia”, disse o cantor à época).

- Cobain era comprometido com um ideal feminino e com respeito por todos, uma espécie de ethos antimachista – define o empresário.

 

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=b6lDd6EvqHw

 

 

Fonte: Zero Hora/Caderno DOC/AFP em 14/04/2019