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Pós-Modernismo: Prosa
Pós-Modernismo: Prosa

 

PÓS-MODERNISMO – PROSA

 

A partir de 1945, surge uma geração de escritores que inaugura uma nova etapa na história do Modernismo.  Esse período, que chega praticamente até os nossos dias, é chamado de Pós-Modernismo.

 

TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS

Ainda que seja difícil descrever exatamente todas as correntes literárias contemporâneas, podemos apontar algumas tendências que nos ajudam a compreender os caminhos trilhados pela prosa a partir da segunda metade do século XX.

 

Em primeiro lugar, destaca-se o interesse pela análise psicológica das personagens, que leva os autores a uma abordagem penetrante dos problemas gerados pela tensão existente entre os indivíduos e o contexto social.  Essa característica está presente, em maior ou menor grau, nos romances e contos de Clarice Lispector, Osman Lins, Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon, Autran Dourado, Raduan Nassar e Luiz Vilela, entre outros.  A análise dessa tensão entre o indivíduo e o social realiza-se, por vezes, de forma direta, numa linguagem objetiva e forte.  É o que ocorre nas obras de Daltro Trevisan, Rubem Fonseca e João Antônio, por exemplo.

 

Outra tendência importante é o chamado realismo fantástico, que expressa – por meio de narrativas que transfiguram a realidade e nas quais coexistem o lógico e o absurdo, o fantástico e o verossímil – uma visão crítica das relações humanas e sociais.  Nessa linha, destacam-se os contos de Murilo Rubião e José J.Veiga.

 

O regionalismo, tendência que, desde o Romantismo, no século XIX, constitui fonte de inspiração para os escritores brasileiros,  também está presente no Pós-Modernismo.  A intenção de representar a realidade do interior do país, com seus tipos humanos e problemas sociais, é comum a Mário Palmério, Bernardo Élis, Adonias Filho e, principalmente, Guimarães Rosa, autor que constitui um marco na história da prosa regionalista pela originalidade de sua obra.

 

GUIMARÃES ROSA

Tomando como ponto de referência a paisagem e o homem do sertão brasileiro, principalmente do sertão de Minas Gerais, João Guimarães Rosa (1908-1967) aprofundou-se na sondagem dos problemas que inquietam o ser humano de qualquer lugar e tempo – o sentido da vida, a ocorrência do bem e do mal, a ideia de Deus e do diabo –, conferindo assim uma dimensão metafísica à sua obra.

 

Na elaboração de seu estilo, utilizou vários processos, como a criação de palavras, o aproveitamento do linguajar regional e a exploração de recursos estilísticos (como aliterações, onomatopeias etc.), impregnando sua prosa de características poéticas.

 

Escreveu um romance – Grande sertão: veredas – e quatro livros de contos: Sagarana, Primeiras estórias, Tutaméia, Estas estórias. Deixou também as novelas Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá, no Pinhém; e Noites do sertão, que foram publicadas sob o título de Corpo de baile. Seus contos e textos avulsos foram reunidos e publicados postumamente no livro, Ave, palavra.

 

GRANDE SERTÃO: VEREDAS

Em Grande sertão: veredas, quem tem a palavra do começo ao fim da história é Riobaldo, um ex jagunço e chefe de bando, transformado agora em pacato fazendeiro, que conta a um suposto interlocutor suas aventuras de juventude, suas andanças pelo sertão como cangaceiro e principalmente suas dúvidas a respeito da existência de Deus e do diabo.

 

Ao querer vingar a morte de Joca Ramiro, chefe dos jagunços, assassinado à traição por Hermógenes, ex companheiro de bando, Riobaldo procura fazer um pacto com o demônio para destruir o traidor (que ele imagina ter parte com o diabo).  Riobaldo torna-se, então, líder do bando que busca vingança; depois de muitas peripécias, os dois grupos se encontram.  Diadorim, amigo de Riobaldo e por quem ele sente uma estranha atração amorosa que o perturba, luta com Hermógenes e ambos morrem,  É só então que se descobre que Diadorim era mulher, filha de Joca Ramiro disfarçada de homem.

 

Riobaldo, amargurado, abandona a vida de jagunço e vai viver como um pacato fazendeiro, mas ficará sempre atormentado pela dúvida da existência do diabo e da possibilidade de se fazer um pacto com ele.

 

Os acontecimentos narrados no romance não seguem uma rígida ordem cronológica, obedecem ao vaivém das lembranças de Riobaldo, que só narra, na verdade, aquilo que mais fortemente o marcou.  E a conversa com o suposto interlocutor (que nunca toma a palavra) tem para Riobaldo o efeito de uma reflexão em voz alta sobre os mistérios da condição humana.

 

CLARICE LISPECTOR

Desde sua primeira obra, o romance Perto do coração selvagem, percebeu-se logo em Clarice Lispector (1925-1977) o esforço em querer atingir as camadas mais profundas da consciência humana, num mergulho psicológico raras vezes tentado em nossa literatura.

 

Em seus contos e romances, o interesse principal não está no desenvolvimento do enredo, mas no estudo da repercussão que os fatos têm sobre a consciência das personagens.  É uma literatura introspectiva, que sonda o interior do ser humano para revelar suas dúvidas e inquietações.

 

Além de crônicas e livros infantis, escreveu: a) Romances – Perto do coração selvagem, O ilustre, A cidade sitiada, A maçã no escuro, A paixão segundo G.H., Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres, Água viva, A hora da estrela; b) Contos – Alguns contos, Laços de família, A legião estrangeira, Felicidade clandestina, Imitação da rosa, A via-crúcis do corpo, Onde estivestes de noite?, Um sopro de vida, Visão do esplendor.

 

A CRÔNICA

Pode-se dizer que a crônica representa, hoje em dia, o registro do cotidiano no que ele possa apresentar de pitoresco ou interessante.  Mas a crônica não se esgota na narração de um fato.  Na verdade, o fato é apenas um ponto de partida para as divulgações do cronista, que dele pode extrair um comentário crítico, uma observação humorística, uma reflexão lírica.

 

Dentre os vários autores que se destacam (ou destacaram) como cronistas, devemos citar: Rubem Braga, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Luís Martins, Lourenço Diaféria, Clarice Lispector, Raquel de Queiroz, Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta), Carlos Eduardo Novaes e Luis Fernando Veríssimo, entre outros.