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Semana de 22: O Marco do Modernismo
Semana de 22: O Marco do Modernismo

  

SEMANA DE 22: O MARCO DO MODERNISMO

 

A Semana de Arte Moderna de 1922 tinha um objetivo: divulgar uma nova geração de artistas, escritores e intelectuais que lutavam pela renovação da arte brasileira e pela atualização da nossa cultura.  A programação provocou muita polêmica e agitação.  Alguns artistas receberam aplausos.  Outros, relinchos e miados e uma atônita plateia.

 

IDEIAS MODERNISTAS ANTES DE 1922

Nas primeiras décadas do século XX, começam a se formar grupos de escritores que, embora sem consciência clara e definida do que desejavam, sentiam que era preciso renovar nossa literatura.

 

Nessa época, a palavra modernismo ainda não era corrente: futurismo era o termo que se usava para designar o movimento modernista.  Embora não concordassem inteiramente com as ideias de Marinetti, fundador do Futurismo italiano, os modernistas paulistanos aceitaram esse “rótulo” apenas para marcar sua posição à parte no ambiente literário.  Assim, ser futurista era ser contrário à arte acadêmica e passadista, era ser adepto de ideias renovadoras e arrojadas.  E para os tradicionalistas, ser futurista  era ser extravagante...

 

Um fato importante pela polêmica que provocou a respeito da arte moderna foi a exposição de quadros da jovem Anita Malfatti, na cidade de São Paulo, nos meses de dezembro de 1917 e janeiro de 1918.

 

Voltando de uma viagem de estudos à Europa e aos Estados Unidos, onde conhecera as novas tendências artísticas, Anita expôs suas últimas obras.  Seu trabalho recebeu elogios, mas foi duramente atacado por Monteiro Lobato, crítico de arte do jornal O Estado de São Paulo, onde publicou um polêmico artigo denominado “Paranóia ou mistificação?”.  Ele compara a arte moderna aos desenhos feitos pelos loucos nos manicômios:

 

“A única diferença reside em que nos manicômios esta arte é sincera,  produto ilógico de cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses; e fora deles, nas exposições públicas, zabumbadas pela imprensa e absorvidas por americanos malucos, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica, sendo mistificação pura.”

 

Lobato chegou a ridicularizar as novas tendências e escreveu:

 

“Sejamos sinceros:  futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti                  não passam de outros tantos ramos da arte caricatural.  É a extensão da caricatura onde não havia até agora penetrado.”

 

O Modernismo sofreu, assim, seu ataque mais forte.  Mas essa mesma crítica acabou aproximando os jovens artistas, que se uniram em defesa das novas formas de expressão.

 

BRECHERET E O TRIUNFO DA MODERNIDADE

O escultor Vitor Brecheret tornou-se a segunda figura de destaque no período inicial do Modernismo.  “Descoberto em 1919 pelos modernistas, num modesto estúdio, Brecheret tornou-se logo o centro das atenções dos jovens artistas, deslumbrados diante do vigor de suas obras, de suas arrojadas concepções estéticas.”

 

Quando Brecheret venceu um concurso internacional em Paris, os modernistas exultaram, pois era a vitória de suas ideias renovadoras.  Vencer em Paris era vencer no mundo civilizado, na capital das artes.  E era considerar ultrapassados os que não aceitavam a nova arte.  Menotti del Picchia, um dos modernistas, escreve, no Correio Paulistano de 10 de novembro de 1920, a respeito da vitória de Brecheret: “É a consagração do grupo novo.  É a morte da velharia, do arcaísmo, do mau gosto”.

 

AS NOVAS IDEIAS AVANÇAM

As novas ideias começam a circular rapidamente.  Menotti del Picchia expõe os princípios dos modernistas:

 

ROMPIMENTO COM O PASSADO: ligado às concepções românticas, parnasianas e realistas.

 

INDEPENDÊNCIA MENTAL BRASILEIRA: abandonando as sugestões europeias, em particular as lusitanas e francesas.

 

NOVA TÉCNICA PARA A REPRESENTAÇÃO DA VIDA: uma vez que os processos antigos ou conhecidos não apreendem mais os problemas contemporâneos.

 

NOVA EXPRESSÃO VERBAL PARA A CRIAÇÃO LITERÁRIA: que não se restringe à mera transcrição naturalista, mas recria e transpõe para o plano da arte as realidades vitais.

 

A SEMANA DE 1922

A proximidade das comemorações do Centenário da Independência, para as quais se preparava todo o país, reforça a ideia lançada pelo pintor Di Cavalcanti de se organizar uma semana de arte moderna, destinada a ser o marco definitivo do Modernismo no Brasil.

 

Inicialmente, a ideia era bastante modesta: uma pequena exposição de arte moderna na livraria e editora O Livro, em São Paulo.  Mas a adesão de pessoas de destaque da alta sociedade paulistana, que resolveram prestigiar o evento, aumenta o interesse da imprensa em divulga-lo.  Escolhe-se, então, um novo local para a realização da semana: O Teatro Municipal de São Paulo, o reduto artístico da aristocracia da cidade.

 

Os espetáculos são programados para os dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922.  No saguão do teatro, é instalada uma exposição de artes plásticas que inclui trabalhos dos artistas Vitor Brecheret, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Vicente rego Monteiro, entre outros.

 

No dia 13, Graça Aranha abre a Semana com a palestra “Emoção estética na obra de arte”, propondo a renovação das artes e das letras.  Vários textos modernistas são declamados em seguida.  Depois, apresenta-se uma composição musical de Villa-Lobos e uma conferência de Ronald de Carvalho sobre a pintura e a escultura modernas no Brasil.  O programa se encerra com a execução de algumas peças musicais.