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Primeira Fase do Modernismo
Primeira Fase do Modernismo

  

PRIMEIRA FASE DO MODERNISMO

 

Saindo de São Paulo e do Rio de Janeiro, as ideias modernistas espalham-se pelo Brasil, gerando polêmicas e contribuindo para a formação de diversos grupos de vanguarda.  É a primeira fase do Modernismo.

 

GRUPOS E TENDÊNCIAS MODERNISTAS

Na primeira fase do Modernismo, que vai de 1922 a 1930, surgiram várias revistas de arte, todas de curta duração: Klaxon (1922, São Paulo); Estética (1924, Rio de Janeiro); A Revista (1925, Minas Gerais); Madrugada (1925, Rio Grande do Sul).  Surgiram também vários grupos de escritores com propostas diferentes quanto à nova literatura.

 

MOVIMENTO PAU-BRASIL

Lançado em 1924 por Oswald de Andrade, apresenta uma posição primitivista, buscando uma poesia ingênua, de redescoberta do mundo e do Brasil.  Exalta o progresso e a era presente, ao mesmo tempo em que combate a linguagem retórica e vazia.

 

MOVIMENTO VERDE-AMARELO E GRUPO DA ANTA

Recusando todo e qualquer contágio com ideias europeias, este movimento é uma reação às intenções primitivistas do Movimento Pau-Brasil.  Liderado por Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia, Plínio Salgado e outros, o grupo acabou caindo num nacionalismo ufanista, escolhendo como símbolo de suas ideias a anta, animal que tinha uma função mítica na cultura tupi.  Esse movimento converteu-se, em 1926, no chamado Grupo da Anta, que seguiu uma linha de orientação política nitidamente de direita, da qual sairia, na década de 1930, o Integralismo de Plínio Salgado.

 

MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO

Lançado com a publicação da Revista de Antropofagia, preparada por Oswald de Andrade, Antônio de Alcântara Machado, Tarsila do Amaral e outros, esse movimento foi um desdobramento do primitivismo Pau-Brasil e uma reação ao nacionalismo Verde-Amarelo.

 

MÁRIO DE ANDRADE

Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945) foi pesquisador incansável, interessou-se pelas mais variadas manifestações artísticas, escrevendo sobre literatura, folclore, artes plásticas, música etc.  De sua produção literária, destacam-se os seguintes livros:

 

POESIA

Há uma gota de sangue em cada poema; Paulicéia desvairada; Losango cáqui; Clã do Jabuti; Remate de males; Poesias; Lira paulistana.

 

PROSA

Primeiro andar (contos); Amar, verbo intransitivo (romance); Macunaíma: O herói sem nenhum caráter (rapsódia); Belazarte (contos); Contos novos.

 

MACUNAÍMA

Essa obra é construída a partir de um conjunto de lendas a que se misturam superstições, provérbios, anedotas e elementos fantásticos.

 

Macunaíma tenta reaver o amuleto prodigioso (a muiraquitã), que ganhara de sua mulher, Ci, Mãe do Mato, único amor sincero de sua vida, e que por desgosto pela morte do filho pequeno subiu aos céus e transformou-se na estrela Beta do Centauro.  Macunaíma havia perdido esse amuleto, que acabou ficando em poder do gigante Piaimã, em São Paulo.  Depois de várias façanhas recupera o amuleto, mas perde-o novamente e fica todo machucado.  Desiludido, resolve abandonar este mundo e subir aos céus, onde é transformado em constelação.

 

OSWALD DE ANDRADE

Oswald de Andrade (1890-1954), com seu espírito irrequieto, foi uma das figuras mais dinâmicas do movimento modernista.  Nas suas viagens à Europa, entrou em contato com ideias vanguardistas, que depois divulgou no Brasil.  Exerceu inúmeras atividades ligadas à literatura: jornalista, poeta, romancista e autor de peças teatrais.

 

Suas primeiras obras em verso são: Poesia pau-brasil (1925; Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade (1927); Poesias reunidas (1945).  Na prosa merecem destaque: Memórias sentimentais de João Miramar (1924); Serafim Ponte Grande (1933); os condenados (1941), título geral dado à Trilogia do exílio, composta de Os condenados (1922), estrela de absinto (1927), A escada (1934); Marco zero I: a revolução melancólica (1943); Marco zero II: chão (1945).  Escreveu ainda, para o teatro, as seguintes peças: O homem e o cavalo (1934); A morta (1937) e O rei da vela (1937).

 

Fugindo totalmente dos modelos literários da época, Oswald criou uma obra poética original, plena de humor e ironia, numa linguagem coloquial que surpreende pelos achados e pela maestria com que soube utilizar as potencialidades da língua portuguesa.

 

No campo da prosa, duas obras de Oswald de Andrade abriram novas perspectivas para a pesquisa e o desenvolvimento da linguagem literária moderna: memórias sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande. Rompendo com a tradição literária, essas obras apresentam a justaposição de breves capítulos, nos quais a prosa e a poesia se fundem para criar um estilo original.

 

MANUEL BANDEIRA

Surgidos antes da Semana de 22, os dois primeiros livros de Manuel bandeira (1886-1968), A cinza das horas e Carnaval, já mostram certa liberdade formal, embora mantenham um tom lírico e melancólico, que lembra o simbolismo do começo do século.

 

Em Ritmo dissoluto (1924), o poeta usa o verso livre e desenvolve temas populares numa linguagem simples e comunicativa.  O tom de sua poesia, porém, continua melancólico, e seus temas giram em torno do tempo que passa, da morte, das saudades da infância.  O poeta alcança o ponto alto como modernista no livro Libertinagem (1930), no qual desenvolve plenamente sua linguagem coloquial e irônica, atingindo grande dramaticidade.

 

Dono de um lirismo muito pessoal, Manuel Bandeira conseguiu expressar com grande sensibilidade os momentos e as emoções que marcam a existência humana; por isso sua poesia é universal.

 

ANTÔNIO DE ALCÂNTARA MACHADO

Embora não tivesse participado da Semana de 22, Antônio de Alcântara Machado (1901-1935) foi um dos mais ativos escritores do movimento modernista e colaborou em várias revistas.  Apesar da curta vida, escreveu bastante: crônicas (Pathé baby e Cavaquinho e saxofone), contos (Brás, Bexiga e Barra funda e Laranja da China, que foram reunidos no livro Novelas paulistanas, publicado em 1965) e um romance inacabado (Mana Maria).

 

Alcântara Machado foi o principal contista da primeira fase do Modernismo.  Atento às transformações pelas quais passava a cidade de São Paulo, observou, principalmente, uma figura que começava a se tornar cada vez mais presente no dia-a-dia da cidade: o imigrante italiano.