ESCOLAS LITERÁRIAS II
TROVADORISMO
(ÉPOCA MEDIEVAL) SÉCULO XII AO SÉCULO XV
EUROPA
A queda do Império Romano e a ascensão dos povos bárbaros propiciou o surgimento de uma nova época: a Idade Média. Dividida em Alta Idade Média (do século V ao século VIII) e Baixa Idade Média (do século IX ao século XV), apresentou uma cultura que foi uma mera continuação da decadência da cultura clássica. O saber era restrito aos mosteiros, pois tanto a nobreza, que se encontrava em constantes lutas, como o povo permaneciam na ignorância. Por esse motivo a época recebe a denominação de “Idade das Trevas”.
LITERATURA
Foi só a partir do século XII, na Baixa Idade Média, que a Europa começou a despertar. Teve início o desenvolvimento da literatura em língua vulgar, que refletia as situações da época feudal, além do amor e dos galanteios dos cavaleiros. A produção literária, até o final do século XV, foi extraordinariamente rica e original, desenvolvendo-se os gêneros da epopeia (poesia cantada ou recitada, derivada da poesia oral e que celebrava os feitos dos heróis nacionais); das cantigas de gesta (nome romântico para as epopeias; foram desenvolvidas principalmente em francês e castelhano); do romance (epopeia transformada da poesia para a prosa); da novela (apareceram primeiramente como narrações novelescas inspiradas em temas greco-latinos e destinadas a um público culto; posteriormente, influenciadas pelos romances ingleses que tratavam da mítica figura do Rei Artur e sua corte, deram lugar a extensas obras em prosa, que falavam das aventuras e amores dos cavaleiros medievais: as novelas de cavalaria), além da lírica, do conto, da poesia trovadoresca e do teatro.
CARACTERÍSTICAS
- Homem voltado para o céu e para Deus.
- Luta pela hegemonia: grego latina, bárbara e árabe.
- Teocentrismo: Deus.
- Espiritualismo.
- Espírito de Renúncia.
- Cristianismo.
- Preocupação com a salvação da alma.
- A expressão mística do rosto.
- Submissão à Igreja e ao senhor feudal.
- Linguagem: dialetos.
- Linhas em ascensão para Deus: gótico.
- O Evangelho: fonte de inspiração artística.
- O Latim a serviço da fé.
- Submissão à ordem estabelecida por Deus no Universo.
- Exaltação das faculdades do espírito.]
- Sobreposição da vida eterna à terrena.
- Predomínio do sentimento sobre a razão.
- Santos cristãos.
- Simplismo.
- Geocentrismo.
RENASCIMENTO
SÉCULO XVI
EUROPA
O desenvolvimento da cultura e da vida urbana e os avanços tecnológicos abriram novos horizontes aos países europeus. Por esse motivo as ideias herdadas da Idade Média já não satisfaziam mais, provocando assim uma mudança no ponto de vista. A invenção e difusão da imprensa, os descobrimentos e as viagens de exploração, o amadurecimento das línguas vulgares e a Reforma Protestante foram fatores que alteraram as bases da mentalidade medieval e contribuíram para moldar novas atitudes. A valorização do mundo, do homem e do conhecimento, e o interesse pelos assuntos da Antiguidade Clássica constituíram as facetas de um novo movimento cultural, o Renascimento. Nascido na Itália e difundido por toda a Europa, o Renascimento foi um dos mais ricos movimentos culturais do milênio. Sob o seu signo apareceram alguns dos mais importantes representantes da arte mundial: Francesco Petrarca, Giovanni Bocaccio, Dante Alighieri, Nicolau Maquiavel, Ludovico Ariosto, Torquato Tasso, Giotto di Bondone, Michelangelo Buonarroti, Leonardo da Vinci (Itália); Francisco Sá de Miranda, Luís Vaz de Camões (Portugal); Michel de Montaigne, François Rabelais (França); Tomas Moore, Edmund Spenser, William Shakespeare e Francis Bacon (Inglaterra); Erasmo de Rotterdam (Holanda); Martinho Lutero (Alemanha).
LITERATURA
A estética da Renascença, também chamado de período Clássico, porque procurava imitar os clássicos gregos e latinos, permitiu o desenvolvimento da poesia, historiografia, novela, teatro clássico, prosa doutrinária e literatura de viagens. A prosa filosófico política e a narrativa também foram bastante cultivadas em toda a Europa.
CARACTERÍSTICAS
- O homem: antropocentrismo.
- O Latim a serviço da beleza estética.
- Orgulhoso espírito de independência.
- Exaltação das faculdades humanas.
- Sobreposição da vida terrena à eterna.
- Semipaganismo.
- Curiosidade científica.
- O modelo de vida e arte é a natureza.
- Predomínio da razão sobre o sentimento.
- Sujeição a regras de conteúdo e forma.
- Vontade de glória e fama terrenas.
- Mitologia.
- Clareza.
- Heliocentrismo.
- Autoridade intelectual para aconselhar a Igreja e os Reis.
- Homem guiado pela ciência.
- Equilíbrio e moderação.
- Volta à cultura grego latina.
- Racionalismo.
- Texto claro.
- Universalismo.
- O corpo, a terra e o mar.
BARROCO
SÉCULO XVII
EUROPA
Durante os séculos XVI e XVII a Europa assistiu a profundas transformações, causadas por um constante clima de tensão (em função das guerras pela hegemonia) e pela divisão da Igreja Cristã através da Reforma Protestante. O desaparecimento dos ideais de harmonia e equilíbrio, característicos do Renascimento, e a tendência ao rebuscamento e à afetação delinearam o período conhecido como Barroco. Os conflitos religiosos, políticos e econômicos da época se refletiram na literatura, carregada de tensão, complicada e que utilizava conceitos metafísicos e religiosos. A literatura barroca se deu de modo mais forte nos países católicos, dentro da atmosfera da Contra Reforma.
Alguns dos principais representantes da arte barroca foram:
Itália: Giambattista Marino, Gianlorenzo Bernini;
França: Théodore Agrippa d’Aubigné, François de Malherbe, Jean Racine;
Alemanha: Martin Opitz;
Inglaterra: John Donne, Thomas Carew, George Herbert, Richard Crasxhaw, John Milton, Ben Johnson;
Espanha: Luís de Gongora y Argote, Francisco de Quevedo y Villegas, Miguel de Cervantes, Lope de Veja, Calderon de La Barca;
Países baixos: Peter Paulo Rubens.
LITERATURA
Superado o modelo Renascentista, a poesia foi difundida da Itália para o resto da Europa. Apesar disso, não se pode chamar de Barroca à toda produção literária do período, pois nem todos os autores desenvolveram esse estilo. Durante a escola literária do Barroco desenvolveu-se também poesia metafísica, a prosa filosófico moral, a narrativa e o teatro.
Dois estilos de escrita foram desenvolvidas na época, principalmente na Espanha: o Cultismo e o Conceptismo. O primeiro, também chamado de Gongorismo, por ligar-se à estética do poeta espanhol Gongora, aspirava a um mundo de beleza absoluta, mediante a utilização de uma linguagem poética plena de metáforas fortes, latinismos e inversões gramaticais, que obscureciam o sentido da poesia e realçavam os valores sensoriais. O Conceptismo visava à agudeza de expressão, às associações de ideias e palavras e á busca de paralelismos e contrastes. Os dois estilos possuíam um caráter culto, com pensamentos refinados e engenhosos. O Barroco foi um movimento literário artificioso, refinado, complicado, exagerado e pedante, que, refinando demais a literatura, acabou se tornando artificial.
CARACTERÍSTICAS
- Homem conduzido pela fé.
- Teocentrismo.
- Exuberância e extravagância.
- Volta à cultura medieval.
- Paradoxo e contra senso.
- Depressão vital.
- Texto hermético.
- Cultismo e Conceptismo.
- Destino das nações conduzido por Deus.
- A alma, o céu e a salvação eterna.
- Formas rebuscadas.
- Parte em busca da originalidade.
- Todo conhecimento vem de Deus.
- Sentido nacionalista nas artes.
- Celeste, espiritual, místico.
NEOCLASSICISMO OU ARCADISMO
SÉCULO XVIII
EUROPA
As novidades da história política do século XVII, ou seja, as consequências da revolução inglesa do século XVII; o surgimento de novas potências como Prússia e Rússia; a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos da América, influíram diretamente na literatura. A Alemanha, a França e a Inglaterra conheceram um período de brilhante desenvolvimento da literatura, enquanto à Itália e a Espanha passavam por um período de decadência. A crise das estruturas tradicionais fez com que os escritores adotassem uma atitude crítica e racional frente à religião, à política e à ciência. Foi o chamado “Século das Luzes”, ou Iluminismo, que foi um movimento revolucionário de profundas reformas sociais e culturais.
Nesse período destacam-se os seguintes artistas:
França: Charles-Louis de Secondat (Montesquieu), François-Marie Arouet(Voltaire), Denis Diderot, Jean Le RondD’Alembert, Jean Jacques Rousseau, Bernardin de Saint-Pierre, Pierre Ambroise Choderlos de Laclos, André Chenier.
Inglaterra: Daniel Defoe, Jonathan Swift, Samuel Richardson, Henry Fielding, Lawrence Sterne, Oliver Goldsmith, Alexander Pope, Edward Young, William Blake.
Espanha: José Cadalso, Gaspar Melchor de Jovellanos, Juan Meléndez Valdés.
Itália: Giuseppe Parini, Pietro Metastasio, Carlo Goldoni.
LITERATURA
A literatura do período iluminista foi influenciada pelo agitado panorama político europeu. Foi uma época de grande esplendor para a literatura, na qual foram escritas grandes obras no terreno da prosa e da poesia. O teatro também se desenvolveu de modo excepcional.
Em Portugal o movimento iluminista foi chamado de Arcadismo, devido à criação da Arcádia Lusitana, entidade que pregava a restauração dos ideais clássicos de arte e de vida, a revalorização da poesia camoniana e retomada do pastoralismo e de modelos grego latinos, tudo isso para fazer oposição ao excesso barroco.
OBS.: Somente a poesia obedece às características árcades. A prosa portuguesa desenvolvida durante o Arcadismo seguiu outras linhas de pensamento existentes durante o período.
CARACTERÍSTICAS
- Retorno ao equilíbrio.
- Volta ao Renascimento.
- Sujeição às leis clássicas.
- Todo o conhecimento vem da experiência e da reflexão.
- Inautêntico (ainda que racional).
- Afrancesamento da vida, da arte e cultura.
- Campestre, pastoril, bucólico.
- Razão e inteligência,
- Objetivismo.
- Temas pagãos e greco latinos.
- Arte aristocrática,
- Arte feita para a elite.
- Imitação de imitações.
- Rigor formal.
- O geral, o universal.
- Mitologia.
- Expressão do perfeito e do sereno.