Entrevista escritor Josué Souza
Literatura LGBT ganha destaque Nacional através de "Terezinha"
Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Nasci em São Paulo aos 9 de setembro de 1986. Iniciei a carreira de escritor aos 15 anos, participando de concursos literários escolares. Aos 21, li todas as obras publicadas em vida de Clarice Lispector, de quem sou fã incondicional. Publiquei Aos cuidados, sob o pseudônimo Bridgit Baldavir, e As cores de ser: eu-livro, sob o pseudônimo Emannuel Baldavir, além de publicações e participações em coletâneas. Em Terezinha, meu terceiro livro, apresento a diversidade de pensamentos e manifestações da vida humana no cotidiano.
“É um livro composto por dezessete contos, que apresenta um pouco do universo LGBT e de outras pessoas que não se identificam com a forma habitual da dicotomia de gênero.”
Boa Leitura!
Escritor Josué Souza, é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor. O que o motivou a escrever “Terezinha”?
Josué Souza - Literatura com temática LGBT sempre encontrou muita resistência no mercado. Ela ainda é vista com “estranheza”, porque, naturalmente, apresenta personagens e histórias que desviam da norma vigente quanto à sexualidade e à identidade de gênero. Ou seja, a literatura LGBT traz na sua composição um questionamento à heteronormatividade e ao binarismo de gênero, masculino e feminino. “Terezinha” apresenta justamente um contraponto a essa concepção tida como natural da visão humana; outros pontos de vista; com isso, a obra trabalha as personagens LGBTs e outras que não se identificam com essas formas usuais de descrição, sob a ótica do direito à existência, existência daqueles que querem mostrar que, apesar de não se identificarem com esse discurso hegemônico, são pessoas normais e totalmente humanas que apenas se mostram diferentes em suas manifestações.
Conte-nos um pouco sobre o enredo que compõe o livro.
Josué Souza - É um livro composto por dezessete contos, que apresenta um pouco do universo LGBT e de outras pessoas que não se identificam com a forma habitual da dicotomia de gênero. Em cada conto, “Terezinha” mostra pessoas que fogem do padrão preestabelecido, da norma regimental da sexualidade ou da identidade de gênero. Então, as vidas transviantes a essa norma, na obra, vão revelar ao leitor as diversas possibilidades de como elas se manifestam: desde o menino delicado escondido em sua “Casinha de bonecos” ao que deseja jogar futebol, mas é constrangido a entregar seus chocolates para ser aceito pelos amigos (“O que não se pode comprar com chocolates”), àquelas personagens que efetivamente são identificadas como pertencentes ao universo LGBT. Terezinha convida o leitor a enxergar as muitas vidas apresentadas na obra e seu constante debate – e contraste – entre realidade, ficção e desejo, mas falando, também, de coisas rotineiras da vida, de um modo profundamente lírico e revelador em sua estrutura e pela organização dos textos.
Como foi a escolha do Titulo para a obra?
Josué Souza - “Terezinha” é, além de composição para o título do livro [Terezinha e outros contos de literatura queer], um dos contos da obra. É um conto que sintetiza bem a ideia e tramas mostradas no conjunto da obra. Trata-se de uma personagem, no conto, que transita entre os gêneros masculino e feminino; e, é essa indefinição identitária, que se torna um ponto cambiante para a escrita não somente do conto, mas dos outros que compõem o trabalho. Por isso, a sugestão da editora por usar o título do conto como parte fundamental do título do livro. E, assim, trazer desde os primeiros textos, a ideia central que permeia toda obra: a indefinição dos contornos que nos dão a ideia do real, do imaginário, do desejo e sobre os corpos.
Quais os principais desafios para escrita de “Terezinha”?
Josué Souza - Sem dúvida, trabalhar as personagens, cenários e o próprio enredo dos contos buscando essa indefinição constitutiva. “Terezinha” é um livro de muitas vozes, e como o que se busca é mostrar uma certa “fluidez” entre os gêneros, mas, também, um “outro lado” em relação às escolhas de relacionamentos, aos desejos, trabalhei esses aspectos também na estrutura das narrativas. Eu apresentei essa indefinição identitária na própria estrutura dos textos, fazendo com que o leitor sentisse essa questão na textura dos contos. Então, há uma polifonia presente, uma poética marcante, há alegorias e a busca pelo vivencial, de modo a trazer essas personagens à luz da própria compreensão de como elas são; à compreensão de si mesmas.
De que forma estes desafios foram superados?
Josué Souza - Foi um livro que estudei muito pra fazê-lo, por isso, as minhas próprias descobertas no contato com esse universo – eu que já tenho certa proximidade aos temas sociais e à diversidade de pensamentos – fizeram com que os textos fossem escritos de formas “quase” naturais. Digo “quase”, porque houve uma preocupação minha de que essas concepções faladas nos contos fossem mostradas dentro de situações muito naturais, corriqueiras, dentro da linguagem universal que é a literatura.
O que mais o encanta nesta obra literária?
Josué Souza - O alcance de cada conto: a complexidade das personagens, o dizer de cada vida mostrada, cada questão mostrada e como elas se integraram ao conjunto da obra. Nada foi escrito ao acaso; os textos não ficaram “soltos”, fugindo da temática central; eles deram uma unidade ao trabalho.
A quem você indica leitura?
Josué Souza - A todas as pessoas, jovens-adultos e adultos. Apesar de ter temática LGBT, “Terezinha” é um livro universal. Não foi feito para uma discussão de nicho, mas pra, finalmente, colocar a literatura com temática LGBT no escopo da literatura universal.
Quem desejar como deve fazer para adquirir o seu livro?
Josué Souza - O livro está disponível nas principais livrarias do país, mas também pode ser adquirido através do site da hoo Editora: hooeditora.com.br/
Quais os principais objetivos do autor Josué Souza?
Josué Souza - Como autor que está no terceiro livro publicado, espero continuar a fazer literatura, escrever outros livros e que as pessoas sejam sempre convidadas a refletir e a participar das questões levantadas por mim. Costumo dizer que muito mais que escrever, desejo que meus livros sejam um convite ao pensamento, a repensar o mundo e suas questões.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Josué Souza. Agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Josué Souza - Eu que agradeço a oportunidade de falar um pouco do meu trabalho nesse projeto incrível que é o Divulga Escritor. O que eu espero é que dentro das particularidades mostradas nos meus livros, os leitores possam enxergar cada vez mais o mundo maior que os cerca. Que vale sempre a pena olhar ao redor e descobrir a vida que é contada com todas as suas nuances, e que podem ser muito enriquecedoras!
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