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Eunice Coelho
Eunice Coelho

 

A escritora Ceres Marcon entrevista a também escritora Eunice Coelho:

 

Convidamos para conversar conosco a escritora Eunice Coelho. Para começar, segue sua biografia, retirada do blog da escritora.

 “Não se sabe ao certo onde fez seus primeiros estudos primários, devido à inconstância de seu pai em não se fixar em um só lugar.” É certo que o fez seguramente no Colégio Judith Guimarães dos Santos, em Bortolândia, quando foi morar na casa de suas tias. Cursou até a sexta série nesse colégio, quando uma mudança do governo Mario Covas, que separou as quartas série dos colegiais, a fez estudar em outro colégio, o qual ela detestava, chamado Ângelo Bortolo. Cursando apenas um ano ali, veio terminar seus estudos em Hortolândia no colégio Everest.

Quando sua mãe morreu, foi com sua irmã Daniela morar por um bom tempo na casa de sua madrasta. Passado esse terrível período, como ela o chama, mudaram para a casa de suas tias Jeodete Garcia dos Santos e Janete Garcia dos Santos, a pedido de seu avô.

Na sétima série teve contatos com suas primeiras epígrafes poéticas, dadas pela sua ex-professora, que é citada em seus agradecimentos, a senhora Jacinta.

Devido a uma infância perturbada e ao caos de brigas que era rotina em sua casa, cresceu exercendo sobre o mundo muitos aspectos diferentes. Tornou-se adepta das palavras que não podia pronunciar em qualquer ouvido. Fez daqueles terríveis acontecimentos uma ponte para a vida.

Com uma formação que a maioria obtém, tentou ir mais além, ainda que não se formasse em uma escola, deixou que a vida a instruísse e lhe ensinasse.  Aprendendo com a vida seus princípios poéticos, dando assim, seus primeiros passos  na literatura.”

 

Podemos ver que a trajetória de vida de Eunice passa longe da tranquilidade. Perguntamos a você, Eunice:

 

1-Como você se define, hoje, após tantos percalços?                                                

Como já dizia uma música de Jorge Vercilo: "tudo se tornaram pontes," e eu  a completo dizendo : que se não fossem essas turbulências,  idas e vindas, que acabaram por construir uma ponte eu, hoje, estaria em uma esquina qualquer de São Paulo fumando drogas e me prostituindo.  É como vejo esses percalços. Ou em outra música dele: "É incrível nada devia o destino, hoje tudo faz sentido, e ainda a tanto que aprender"...

 

 

2-     Em seu blog, encontramos referências à obra “Lembranças Impostas pelo Tempo”. Você diz que: O livro traz a busca pelas sensações que eu perdi em meu crescimento; traz a tristeza que senti ao sair de minha terra natal (São Paulo) e vir parar em uma cidade que, na época, era apenas mato; traz a esperança de que contatos antigos não seriam desligados; que meus amigos de infância não me esqueceriam, apesar de termos crescido; traz a vontade de resgatar cada momento de minha infância em São Paulo.
Ele
é minha primeira obra literária, sua linguagem é simples e poeticamente lindo. As palavras, suas forma de se juntarem, unirem-se, foram feitas de maneira que parecessem acariciar o leitor por dentro, fazendo com que se sentisse amado pelas letras.

Você acredita que conseguiu exteriorizar, em seus poemas, toda essa necessidade de manter o contato com a vida que conhecia?

Foi um bem muito necessário na época pra mim, pois minha saída de São Paulo trouxe uma grande ruptura em meus sentimentos antigos e na minha infância em si. Eu ja tinha familiaridade com a tristeza, mas não conhecia sua mãe real "Depressão", e ao sair de São Paulo,  encarar a vida adulta, ou pós adolescência, a conheci. Foi nesse instante que escrever poemas e as prosas exteriorizaram meus sentimentos, me mantendo, como disseram uma vez, VIVA.

 

 

3-Como sua família e amigos receberam a notícia de que você é uma escritora?

Quando compus minha primeira poesia Tronco meu senhor, eu estava muito feliz, pois não acreditava que era possuidora de tamanho Dom, de ser capaz de exteriorizar meus sentimentos no papel, estava voltando da escola e contei toda feliz para os meus familiares. Resultado: fizeram cara de indiferença e meu irmão foi mais além dizendo que eu me achava. Quando já havia escrito um número significativo de poesias e prosas, tive a ajuda de dois grandes amigos: Hugo Olevario e Ivam de Lima para transformá-las em um livro, mas meus amigos só tomaram nota que eu estava sendo uma escritora quando eu o publiquei e, mesmo assim, não sou como muitos que são ovacionados, parabenizados a cada progresso de conquista de seus livros, contudo reagiram melhor que uma das minhas tias que pediu pra eu queimar minhas escritas rezando um pai nosso.                                         

 

 

4-Sabemos que você publica no Wattpad. Lá, encontramos “Laços Confinados”. Um romance entre duas jovens. Uma trama que envolve preconceito, obsessão e amor. Por que você escolheu esse tema?                                             

O tema foi escolhido por se basear em alguns acontecimentos que aconteceram comigo.  As duas jovens do livro refletem não o que passei de fato com minha ex, como: preconceito, covardia e ameaça de morte, mas meus reais sentimentos em todas essas situações e até mesmo os dela, até nas situações ficticias que imaginei que sentiríamos, caso passassemos. Há alguns trechos que de fato ocorreram realmente.

 

 

5- Suas outras duas obras no Wattpad, além de Lembranças Impostas pelo Tempo, que foi publicado e tem versão em livro físico pela PerSe, e Um Crime Sem Face, que está apenas no Wattpad. Poderia nos falar um pouco sobre esse último? Está completo? Pretende publicar?                                                                                   

Um Crime Sem Face esta sendo escrito, possui ainda 100 páginas mais ou menos.  Ele trás dois tempos: passado e presente. É a história de um rapaz que foi parar em um manicômio por ter cometido um assassinato que foge do crime habitual. Ele sofre do que (eu, autora, sofro) da sindrome da heteronimia, porém quis por no personagem seu único heteronimo como algo ruim, onde ele lembrando-se do problema passa a se questionar se de fato fora ele o causador de tal tragédia. Pretendo sim publicar, mas nao tenho a mínima ideia de quando, geralmente meus livros levam anos pra serem finalizados.

 

 

6- Você já participou de alguma antologia? Por quê?                                                 

Já participei uma vez que o site Agbook selecionava umas poesias para compor um livro, e minha poesia Falecidos Amores, foi escolhida por eles, e achei muito legal, pois nem sabia desse concurso. Os membros do site que escolheram e me comunicaram depois.

 

 

7- Como você avalia o mercado de livros para os jovens que se aventuram na profissão de                      escritores?                                                                                               

É um mercado cansativo e desestimulante. Eu mesma nunca mandei meus livros a nenhuma editora, pois a concorrência é grande e muitas vezes desleal. Nao tenho como falar muito, pois desconheço os critérios avaliativos para que seu livro seja aprovado por eles, mas sei que nao é fácil.

 

 

8-Qual teu conselho para os autores que iniciam sua jornada?                                

Primeiramente escreva porque houve em você uma necessidade pra isso e não porque acredita que se tornará rico, famoso, um Best-seller.  Escreva porque gosta.  Claro que há o sonho de ter sua obra publicada por alguma editora, então deixe a ponte ser construída, busque dicas, conselhos.  Participe de grupo de escritores anônimos como você, interaja, participe de concursos pequenos, troque experiências. Ouça críticas sabendo peneirar as que são construtivas e as que querem te desmotivar.

Enfim... Não é uma jornada fácil,  mas também não é impossível.

 

Agradecemos a Eunice por nos oferecer seu tempo e nos contar suas experiências literárias. Desejamos a ela muito sucesso e que novos textos surjam para alegria dos leitores.