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Um Resumo para uma Educação Melhor
Um Resumo para uma Educação Melhor

"UM RESUMO PARA UMA EDUCAÇÃO MELHOR!

 

(isto vai assustar você docente!!!

 

Penso que a escola não deve ser um lugar onde o estudante não deseja estar; então é preciso que ele queira estar lá, que ele acorde cedo e queira muito ir à escola, mas como isso é possível?

 

1) Não deve haver mais uma interpolação entre casa e escola. Escola é lugar de aprender. Casa é lugar de brincar. Qualquer tentativa de trocar isso é desastre. Fora com os trabalhos para serem realizados em casa. Não funcionam. Crianças se tornam traumatizadas quando precisam se eximir de brincar para estudar, pois quando chegam em casa elas largam os livros e cadernos e voltam a ser crianças e adolescentes. Este papel a escola precisa recuperar. Escola é lugar de ensinar a criança a brincar. E adolescente a pensar.

 

2) Trocentas disciplinas não levam a nada e confundem o cognitivo e o intelecto do estudante. Devemos ter quatro ou cinco disciplinas no máximo. Que são responsáveis diretos pela propriedade de construir os aparelhos necessários para a cognição e desenvolvimento intelectual, de desenvolver no estudante o gosto pelo estudo. O resto dos conteúdos ele mesmo correrá atrás, porque aprendeu a ser protagonista.

 

3) Nossa gestão de adequação social, coloca pais trabalhando o dia todo e só podem pegar os filhos na escola no final da tarde. Então as escolas se obrigam a ter disciplinas e atividades até que os pais possam buscá-los. Isto está errado. É por isso que temos tantos problemas cognitivos e intelectuais, para não dizer psicológicos. Há uma desaprendizagem sistemática do estudante por conta de uma sobrecarga cognitiva altamente prejudicial. A escola deveria ser de um turno somente. Se ela precisa ficar com o estudante o dia todo, então que seja para a música, esporte, brincadeiras, teatro, aprender instrumentos, aprender idiomas, resolução de problemas do cotidiano, para a pesquisa científica, etc.

 

4) Existe pouco uso das tecnologias na vida do estudante. Existem muitos aplicativos para brincar mas pouco para aprender que os estudantes conheçam. A escola precisa tornar isso possível. É seu principal papel educar para o uso das tecnologias. Nenhuma outra instituição se reserva o direito de ensinar isso. É função da escola preparar estudantes para saberem escolher aplicativos que possam representar ganhos potenciais de aprendizagem em seu tempo de lazer. Inovação é papel da escola acompanhar e ensinar.

 

5) Docentes estão mais preocupados em seguir cartilhas do MEC do que olhar para as necessidades básicas de cada estudante e da realidade regional de cada comunidade ou cidade. Ensinar não significa atrolhar conteúdos no estudante. De conhecimentos que não dizem respeito ao seu modo de vida regional. Uma escola não se define pelos conteúdos que disponibiliza, mas pela pedagogia que adota para que os estudantes sejam protagonistas. O papel da escola não é mais distribuir conteúdos. Isto o Google faz muito bem. O papel da escola é ensinar estudantes a utilizar estes conteúdos para serem utilizados nos problemas da vida.

 

6) Os espaços escolares não devem ser restritos a um só tipo de interação e sim desterritorializados de sua subjetividade. Biblioteca é lugar de barulho, sem barulho, sem interação, sem interação, sem educação. Lugar de ler livros é onde a criança ou estudante gosta de ler. E certamente não é na biblioteca. Lá é lugar de jogos, de buscas de interação, de viajar pelos diferentes mapas históricos, grandes civilizações, uso de realidade aumentada, projetos de realidade virtual, imersões por povos do planeta, vida marinha, etc. Biblioteca é um santuário do saber. De efervescência juvenil. Se isso não existir em sua escola, esqueça. Por isso os estudantes só entram nas bibliotecas, quando são obrigatórias pela imposição de algumas disciplinas. Quer estragar uma criança, obrigue ela a ficar sentada, calada, lendo. Quando poderia estar se divertindo, rindo, trocando informações, sentindo cada momento, tendo prazer e achando graça de tudo com seus amigos.

 

7) Recreio não é lugar de projeto não pedagógico. O recreio deve ser o momento mais importante da escola, pois é neste momento que a criança consegue ser ela mesma protagonista de suas emoções. O recreio deve ser pedagogicamente construído para ser o ponto alto da escola. Brincar é o recurso cognitivo mais potencial da aprendizagem. Tire a conotação de brincadeira e você mata a curiosidade científica do estudante.

 

8) Estudantes devem estar constantemente se relacionando com turmas de outros anos letivos, pois esta interação é fundamental. Quer melhor maneira de aprender do que com os próprios estudantes? Docentes possuem o poder cognitivo, mas não o relaxamento cognitivo. Uma criança aprende muito mais quando ela pergunta para outra criança, sem o empoderamento do docente.

 

9) Não devem existir avaliações de qualquer natureza. Avaliações emburrecem os estudantes e reduzem o papel do docente. Nada do que ele perguntar num pedaço de papel estará comprovando aprendizagem. Nada do que ele perguntar estará comprovando que ele cumpriu seu papel de educador. A quem queremos provar que houve ensino e aprendizagem? Querem saber se o estudante aprendeu, construa situações reais da vida e peça para ele resolver. A aprendizagem escolar deve ter como meta isso ou não estaremos no rumo certo para construir cidadãos sócio históricos. Não é a fórmula matemática que interessa, é onde ele usa isso para resolver seus problemas na vida. Se o estudante esquecer a fórmula mais tarde na vida, ele pega no Google, mas o que ele não pode esquecer é em que momento esta fórmula será útil.

 

10) Não usem cadernos, livros, quadros de giz ou similares. Nada disso ensina para sempre. A prova disso é que nada do que os docentes escrevem nos quadros são para a vida. São esquecidos muito pouco tempo depois. A escola não deve preparar para a vida. A escola deve ser a vida. Ensine os estudantes a viverem uma vida plena de condições para o desenvolvimento da cognição e do intelecto. Então o verdadeiro papel da escola terá sido realizado.

 

E finalmente, a definitiva lição do papel da escola: não é o que se aprende que importa para a vida, mas o como se aprende. A necessidade do estudante é aprender a aprender. É para isso que serve a escola. Se isso for feito nos primeiros anos do ensino básico, terás um excelente estudante para o resto da vida.

 

Texto proferido por mim na palestra de abertura do curso de INTERDISCIPLINARIDADE NAS ESCOLAS - O PAPEL DO APRENDER" Professor Cláudio de Musacchio