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Alfabetização: Quando meu filho vai ler?
Alfabetização: Quando meu filho vai ler?

 

ALFABETIZAÇÃO: QUANDO MEU FILHO VAI LER?

 

Você não vê a hora de ver seu filho dando esse grande passo?  Acalme-se.  Sua ansiedade pode atrapalhar o processo de alfabetização muito mais do que que você pensa.

 

Cada criança tem seu ritmo.  Você sabe disso, mas não consegue segurar a ansiedade, não é?  Já se pegou pensando “mas, e se ele não ler?”. O receio é natural.

 

Espera-se que aos 7 anos de idade a criança domine razoavelmente a leitura e a escrita.  Porém, isso começa muito antes.  Desde bem pequena, ela já lê o mundo: nas placas das ruas, nas embalagens, nos livros, revistas, jornais, bilhetes e nos outros escritos que ela esbarrar no cotidiano.  E é tudo isso, mais a dedicação da escola, que vai fazer com que seu filho aprenda a ler, sim.

 

Ah, você está preocupado com os métodos?  No Brasil, existem dois principais.  Há escolas que adotam apenas um e há outras que os misturam.  O fônico (aquele do “vovô viu a uva”) mostra a decodificação de sons e letras, ou seja, as relações símbolo-som, e o método que segue o pensamento constru-tivista (que chegou ao Brasil nos anos 80, com mais ênfase nessa área pela ação da argentina Emília Ferrero), o qual trabalha com palavras que fazem parte do universo da criança, que tenham significado para ela, como nomes próprios ou outros termos do cotidiano.

 

Como qualquer sistema, porém, essa é uma questão mais complexa do que o resumido nesta explicação.  Daí ser uma preocupação da escola que – claro – pode e deve ser conversada com os pais.

 

Mas há algum método que seja melhor?  Não.

 

“O melhor método é a preparação do professor”, diz Liamara Montagner, coordenadora da educação infantil do Colégio Objetivo.  É ele quem deve identificar a dificuldade da criança e intervir.  “Por isso, o professor precisa ter tempo para pensar em atividades específicas para cada aluno, quando necessário”, diz.

 

O PAPEL DOS PAIS:  ONDE VOCÊ ENTRA?

 

Se método, sistematização e treinamento são do âmbito escolar, o que os pais podem fazer?  Muito.

 

O meio em que se vive conta demais.  “Uma criança mergulhada em um ambiente onde as situações de leitura são muitas, vai ter mais interesse e, provavelmente, alfabetizar-se com mais facilidade”, diz a Pedagoga Jéssica Clayre.  O papel da família é esse: oferecer opções e fazer desse momento puro prazer.

 

Os livros, claro, são um começo inesquecível.  Desde os voltados para os bebês, até os com frases maiores e histórias.  Mas há disponível, também, diversas boas opções que têm o alfabeto e a possibilidade de brincar com as palavras como tema.  Isso também é alfabetização.

 

Como o professor pode – e deve – ir além dos livros didáticos, os pais também têm um leque enorme de opções para incentivar a criança nesse momento tão importante.

 

Na hora de ler, vá passando o dedo (o seu e o dela) nas palavras.  Mas pode ir além, como ler jornais, revistas, fazer bilhetes, lista de supermercado.

 

“Nada de transformar a casa em filial de sala de aula.  Não se trata de brincar de criar geniozinhos, mas de dar as melhores condições para essa conquista”, diz Liamara Montagner.

 

Leia em voz alta.  Depois, peça para ele ler também.  Peça ajuda para escrever a lista do supermercado.

 

Vai demorar mais, mas ele vai adorar.  Escreva bilhetes, espalhe pela casa, coloque na mochila.  Na hora de dar um presente, invente uma caça ao tesouro, colocando palavras-chave que ele já conheça.  Pode comprar jogos com cartões, deixar assistir a programas educativos de televisão e CD-ROMs.

 

Mas não esqueça de que estímulo não pé treinamento!  Faça isso tudo ser muito divertido.  Porque realmente é.  Esteja sempre junto.

 

POR QUE TANTA PRESSA?

 

Para ter sucesso, a alfabetização deve caminhar ao lado do brincar, da música, das artes, de mexer com terra, de correr.  Além do mais, aprender a ler primeiro que outro não é passaporte para um futuro bem-sucedido.  “Há pais que encaram esse momento como um ‘agora eu vou ver se meu filho é ou não inteligente’.  Ele vive um processo, que exige tempo, paciência e disponibilidade de todos.  Ansiedade só atrapalha e ainda pode esconder um problema real, como de visão, audição ou um distúrbio de aprendizagem”, diz Dora Pires dos Santos, coordenadora de educação infantil.  Fazer um exercício de futurologia ajuda.

 

“A alfabetização é como começar a andar: quando vemos um grupo de crianças andando, você não sabe quem andou primeiro.  Ler é o mesmo: uns começaram em março, outros em outubro, outros em novembro.  Mas, quando todos leem, você não sabe quem leu primeiro!”, diz a psicopedagoga Renata Aguillar.

 

Fonte:  Jornal Gazeta Zona Sul-12/2014