DO VINIL PARA O PAPEL
Em 1971, os Novos Baianos moravam num apartamento em Botafogo, no Rio de Janeiro, e chamavam atenção depois de um disco de estreia que misturava samba e rock – É FERRO NA BONECA, lançado em 1970.
Mas a influência de João Gilberto, que se tornou mentor do grupo, e a mudança para a vida em comunidade num sítio perto de Jacarepaguá produziram ACABOU CHORARE (1972), que costuma frequentar a lista de melhores discos da MPB.
Paulinho Boca de Cantor, Moraes Moreira, Baby do Brasil (na época Consuelo), Luiz Galvão, Pepeu Gomes, Dadi Carvalho e Jorginho Gomes criaram uma obra singular. E são protagonistas do livro ACABOU CHORARE, organizado pela jornalista Ana de Oliveira, que será lançado na próxima semana.
O álbum é tropicalista por excelência. Exercita coo poucos a atitude de reunir fontes musicais diversas em uma salada que não se parece com nada que veio antes. Derruba divisões de gêneros, estilos e sotaques.
ACABOU CHORARE, o livro espelha a diversidade de estilos do disco. Livrão de mesa, do tamanho de um LP, está dividido em capítulos. Na porção inicial, cada faixa inspira um texto analítico e uma obra gráfica. Em sua segunda parte, o livro reproduz a arte do LP original – capa, contracapa, encarte e selo impresso no vinil – e as letras das canções.
A fatia mais interessante do livro aparece em seguida. Ana de Oliveira reuniu praticamente todas as reportagens e críticas publicadas na imprensa brasileira sobre o disco e a carreira dos Novos Baianos naquele período.
O material inclui a histórica entrevista ao semanário O Pasquim, em 1971. Conversam com a banda os jornalistas Luiz Carlos Maciel e Sérgio Cabral, dois dos fundadores de O Pasquim, e o cineasta Glauber Rocha (1939-1981). O livro tem, ainda, uma lista de curiosidades sobre o disco.
Fonte: Jornal do Comércio/Acontece em 09/06/2017.