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Boogarins: Rock Psicodélico Brasileiro
Boogarins: Rock Psicodélico Brasileiro

 Tame Impala

PSICO ROCK

 

NOVA ONDA PSICODÉLICA DO ROCK BRASILEIRO CHAMA ATENÇÃO NO EXTERIOR.

 

Em dois anos, uma banda de rock psicodélico de Goiânia cegou ao New York Times e ao Guardian, os dois maiores jornais de Estados Unidos e Inglaterra.  O BOOGARINS saiu do quarto de um dos integrantes, o guitarrista Benke Ferraz, e teve seu novo álbum, Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos, como “o único que você precisa ouvir nesta semana”.

- O Boogarins abriu uma espécie de portal – brinca Julito Cavalcante, guitarrista da banda também psicodélica BIKE.

- Quando a (banda brasileira) Cansei de Ser Sexy estourou lá no Exterior, não foi assim.  Agora, o mercado parece estar se abrindo para esse tipo de som.

 

      

 

Não é por acaso que o rock brasileiro contemporâneo parece redescobrir a onda psicodélica que já foi surfada por aqui durante os anos 1960.  Pipocam grupos por todo o país:  do Espírito Santo vem a MY MAGICAL GLOWING LENS; de Brasília, surge ALMIRANTE SHIVA; de Caxias do Sul, nasceu a CATAVENTO.

 

De São Paulo, o Bike segue passos semelhantes ao grupo goiano Boogarins:  o disco deles, lançado em maio, chamou a atenção de Danger Mouse, nome artístico de Brian Burton, um dos maiores produtores de rock e pop do planeta.  Entre as gravações do novo disco de Adele, lançou um selo chamado 30th Century Records e chamou a banda brasileira Bike para integrar a primeira coletânea deles, a ser lançada em 18 de dezembro.

- Recebemos a ligação de um rapaz que é uma espécie de olheiro do selo.  Ele disse que o Danger Mouse pirou no disco e quer lançá-lo – conta Julito. – Um empresário quer nos levar à Europa em 2016.

 

É uma geração pós-2000, que está mais perto dos 20 e poucos anos do que dos 30, a responsável por não apenas reviver o gênero e descobrir discos clássicos – basta lembrar dos casos dos anteriormente renegados como Paebiru (de Lula Côrtes e Zé ramalho) e a fase psicodélica de Ronnie Von –, como  por repaginar o estilo, ao som de grupos contemporâneos, como é o caso do Tame Impala.  São eles, os australianos, os grandes nomes desse movimento, que já atinge escala global.

 

 

O MY MAGICAL GLOWING LENS nasceu das noites insones de Gabriela Deptulski.  Enquanto terminava o mestrado, num momento “extremamente racional”, como ela diz, a moça decidiu desanuviar.

- Lembro que ouvia Tame Impala na época.  Gravei tudo no quarto.

 

As canções de Gabriela, lançadas no EP que leva o nome do grupo nos últimos dias de 2013, soam extremamente pessoais.  Diferentemente de outros grupos deste novo berço psicodélico, mantém as letras em inglês.

- Ouvi muita MPB quando era mais nova, por causa dos meus pais.  Quando componho em português, acaba ficando parecido – explica Gabriela. – Mas nunca paro de tentar.

 

A carioca THE OUTS tem dois discos totalmente cantados em inglês, mas promete um terceiro – o mais viajante deles – na língua-mãe.

- Está sendo um desafio daqueles – diz Dennis Guedes, baixista e vocalista do quarteto.

 

O Outs bebe diretamente em fontes inglesas, filhos de uma linha genealógica que nasceu em Beatles e chegou a The Verve.  Há ainda o curioso caso da BOMBAY GROOVY, banda instrumental cujo “vocalista” é o sítar, instrumento indiano que conduz a melodia do grupo paulistano.  Rodrigo Bousganos, responsável por executar o instrumento, entende que a psicodelia é vantajosa justamente por não precisar se encaixar em outros gêneros.

- Sempre me interessei por músicas que não tenham limites.

 

A última banda brasileira a fazer sucesso no Exterior antes do Boogarins foi o Cansei de ser Sexy, mas os versos em inglês eram um facilitador.  O que surpreende é o fato de Boogarins e Bike, as duas que caíram recentemente nas graças dos gringos, cantarem em português.  Para Pedro Souto, da pesada e ainda psicodélica Almirante Shiva, de Brasília, é uma herança do pioneirismo dos Mutantes.

 

TRÊS BANDAS GRINGAS QUE REVIVEM A PSICODELIA

 

TAME IMPALA

Os australianos estão desde 2007 na estrada e já lançaram três álbuns.  Dois de seus integrantes fazem parte da Pond, banda irmã menos conhecida.

 

MGMT

Ao misturar rock, psicodelia e eletrônica, a banda americana lançou três discos, mas ficou mais conhecida pelos hits Time to Pretend, Eletric Feel e Kids.

 

TEMPLES

A banda britânica lançou o disco de estreia, Sun Structures, no ano passado.  Fez sucesso seu single Shelter Song.

 

Fonte:  ZeroHora/Pedro Antunes/Estadão Conteúdo em 14/11/2015