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MPB 50 Anos de Música: Marco = A Banda/Disparada
MPB 50 Anos de Música: Marco = A Banda/Disparada

HÁ 50 ANOS NASCIA A MPB

 

Marcos fundadores do movimento são as canções “A banda” e “Disparada”.

 

Em outubro de 2016, completaram-se 50 anos da final do 2º Festival da Música Popular Brasileira, o que consagrou as canções A BANDA, de Chico Buarque, e DISPARADA, de Geraldo Vandré e Theo de Barros, e foi assistido por todo o país em transmissão da TV Record de São Paulo.  Para mim, aquele foi o momento inicial de fundação da chamada MPB, gênero/sigla que não havia antes e predominaria no restante do século 20 – de certa forma, ainda predomina.  Na verdade, antes ocorreram as duas edições do festival realizado pela TV Excelsior, também em São Paulo, nas quais estrearam Chico, Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil e, entre outros, Edu Lobo, autor, com Vinicius de Moraes, de ARRASTÃO, a música que catapultou Elis Regina ao estrelato.  As revelações de tantos bons compositores novos e o grande sucesso de Elis foram determinantes para que a Record investisse pesado na música em sua programação.

 

O festival de 1966 comprovou o acerto dessa política.  Depois das apresentações de DISPARADA, com Jair Rodrigues, na primeira eliminatória, e de A BANDA, com Chico e Nara Leão na segunda, formaram-se duas torcidas apaixonadas.  O festival e essas candidatas era o assunto de literalmente todas as rodas, levando plateias inflamadas ao Teatro Record e, pelo Brasil, reunindo telespectadores em todas as casas.  No Rio Grande do Sul, a TV Gaúcha (Futura RBS TV) retransmitia a programação da Record.  Assisti ao festival na casa de uma namorada e também me dividi.  A BANDA era linda, cativante, tinha uma letra aparentemente saudosista mas era jovem (sem ser Jovem Guarda), e uma semana antes da final tocava no rádio sem parar.  E eu, estudante do Julinho me preparando para o vestibular, me identificava  muito com o teor político, de protesto, de DISPARADA, cantada de forma exata, séria, por Jair Rodrigues.

 

Qual vence ria o festival? Havia forte pressão das torcidas.  O júri de 12 integrantes estava dividido também.  No definitivo livro A ERA DOS FESTIVAIS (Editora 34, 2003), o jornalista Zuza Homem de Mello – na época funcionário da Record – conta em detalhes o nervosismo dos bastidores na noite final.  A BANDA vencera por 7 a 5.  Ouvindo os boatos, Chico foi à direção do festival dizer que considerava DISPARADA musicalmente superior e que, se a vitória fosse dele, recusaria o prêmio em pleno palco.  Outra reunião tensa decide pelo empate.  As duas seriam vencedoras, para felicidade geral da nação.  Com a distância do tempo, Zuza conclui que A BANDA não era uma obra-prima, e que DISPARADA, sim, “é uma obra-prima da música sertaneja, assim como LUAR DO SERTÃO e poucas mais”.  O marco de fundação da moderna música brasileira se completaria na edição seguinte do Festival da Record, com o Tropicalismo de Caetano e Gil.

 

Foi um tempo em que a emissora de televisão líder de audiência tinha somente programas musicais no horário nobre.  Depois, com a Globo, viria a “era das novelas”.

 

 

Fonte:  ZeroHora / Paralelo 30 por Juarez Fonseca / juafons@gmail.com em 07/10/2016