"Festival de Opet" (Opet, nome egípcio de Karnak) que comemorava o casamento de Wasir/Usirew (Osíris) & Aset/Easet (Ísis).
EU VOS DECLARO MARIDO & MULHER
Depois da invenção da pílula anticoncepcional, em 1960, o casamento andou em baixa. Mas nunca saiu de moda. E olha que é uma moda antiga. Está estabelecida há pelo menos 3.000 anos. Nesse período muita coisa mudou, principalmente até o século XIX, quando a rainha Vitória, da Inglaterra, inaugurou o estilo de núpcias que persiste até hoje. É isso mesmo, no que diz respeito à união entre homens e mulheres, nós ainda somos vitorianos. E a fama de maio, mês das noivas, está aí para comprovar.
NO COMEÇO, A MULHER ERA UMA MERCADORIA
Os historiadores não sabem direito quando o homem começou a se casar. O mais antigo contrato nupcial conhecido data de 900 a.C., no Egito, mas os rituais podem ser anteriores. Em muitas culturas, os enlaces se davam informalmente e, por isso, não ficaram registrados. As mulheres eram raptadas pelos pretendentes e só em alguns grupos sociais elas tinham valor. Não exatamente valor humano, mas de mercadoria mesmo. Frequentemente eram entregues a estrangeiros para solucionar crises políticas ou econômicas. O lado bom é que possibilitavam trocas de costumes entre os povos. Amor, nem pensar. Não raro os prometidos se conheciam no dia do casamento, hábito preservado por algumas sociedades de religião muçulmana até hoje. Daí a ênfase na aparência da noiva. Ela tinha, e ainda tem, de ser o reflexo de tudo o que sua sociedade considera belo. Afinal, uma rica embalagem sempre valoriza o produto.
Esse modelo mercantilista começou a sofrer algum abalo lá pelo século XII, quando surgiu, no ocidente, o ideal do amor romântico. Havia na época um crescente refinamento que foi desembocar no Renascimento, nos séculos XV e XVI, período de ebulição nas ciências, nas artes e, consequentemente nos costumes. Os sentimentos começaram a prevalecer sobre os interesses. Mesmo assim, só no século XIX, quando a rainha Vitória, da Inglaterra, escolheu sozinha o próprio marido, inaugurou-se o modelo de casamento ocidental.
Em outras culturas, a evolução foi diferente. Homens muçulmanos podem ter até quatro mulheres. A poliandria (mulheres com mais de um marido) também é comum em grupos sociais do Ceilão e do Tibet. Mesmo nesses casos, porém, a noiva não escolhe os parceiros. Era dividida por aqueles que concordam em ratear o seu sustento.
NEM SEMPRE FELIZES PARA SEMPRE
Ao longo da história, as formas de união sofreram muitas metamorfoses e até há bem pouco tempo não tinham nada de do romantismo atual.
Pré-história/Ainda uma incógnita: Há poucas informações sobre os laços matrimoniais no tempo das cavernas. Pinturas rupestres e outros indícios mostram que se vivia em bandos de até trinta pessoas, mas não é certo se havia monogamia ou poligamia. A ideia corrente, troglodita que arrasta a mulher pelos cabelos, pode não estar longe da realidade, uma vez que o rapto de mulheres de tribos rivais é uma das formas mais antigas da união informal.
900 a.C./Contratos no Egito: O primeiro contrato matrimonial de que se tem notícia é do ano 900 a.C., no Egito. Naquela civilização, as uniões já eram instituições formais, como mostram diversas obras de arte encontradas por arqueólogos. Os contratos estabeleciam o que a esposa teria direito a receber em caso de divórcio e viuvez.
Séculos V e IV a.C./Homossexualismo na Grécia: Para os gregos, mulheres, crianças e escravos eram propriedade dos homens. A mulher tinha de se manter virgem para o casamento e fiel ao marido. Este, porém, em alguns casos, reservava o amor aos parceiros do mesmo sexo. Tão pouca importância tinha a mulher que o noivado se passava sem sua presença. Não raro ela se casava contrariada.
Séculos I a V/Concubinas em Roma: No Império Romano, a união ainda é só um meio para manutenção da família. À esposa cabe procriar. O prazer fica para as amantes, que são aceitas pela sociedade, transformando-se em concubinas estáveis. A palavra matrimonium é usada para definir o papel da mulher casada: ser mãe. Em contraposição, patrimonium estabelece a parte que cabe ao homem: gerir os bens. Em muitas culturas isso não mudou ainda.
Até o século IV/Rapto entre os bretões: O casamento por rapto persistiu em várias culturas menos desenvolvidas, como tribos bretãs e germânicas, até bem depois do início da Era Cristã. O homem que desejasse uma mulher simplesmente a capturava e levava embora. Na sofisticada cultura grega da Antiguidade também havia esse costume. Na mitologia, há vários casos, como o de Helena, filha de Júpiter, que foi raptada por Teseu, sendo depois resgatada pelos irmãos. Mais tarde, casada com Meneleu, foi levada novamente, desta vez por Páris, que a carregou para Tróia, dando início a uma guerra de dez anos.
Século IV/Surge o dote: Interessados em reduzir os conflitos tribais, os anglo-saxões trocaram o roubo de mulheres pela compra, prática que perdurou por muitos anos. A taxa era chamada wedd e a palavra em inglês para casamento, wedding, deriva desse arranjo. Em sua origem latina, o termo dote, ao contrário se referia à doação que o pai da noiva fazia ao noivo. Na França, o dote latino vigorou oficialmente até 1965.
Século XII/Amor não emplaca: Muitas expressões do repertório romântico, algumas vezes emprestadas do vocabulário religioso ou guerreiro, como adorada ou conquista, surgem na primeira metade do século XIII. Nessa época, artistas como Pietro de Crescenzi (1230-1320), começam a pintar casais de namorados. Nas cortes, menestréis compõem e cantam músicas e histórias de paixões para entreter os nobres. Estes, no entanto, continuam a se casar por interesse, usando a união para consolidar seus impérios e reservando o coração para damas inatingíveis.
Século XV/A benção da Igreja: Reconhecendo o significado político do casamento, a Igreja instituiu a cerimônia religiosa no século IX, mas ela não pegou logo de cara. Apenas a partir de 1439, depois que o Concílio de Florença transformou o matrimônio no sétimo sacramento (os outros são o batismo, a crisma, a eucaristia, a confissão, a ordem e a extrema-unção), o papa conseguiu impor sua autoridade. O casamento tornou-se indissolúvel, foi extinta a autorização familiar e interditadas a poligamia e concubinato, regras que valem até hoje.
Século XVIII/Ordem na bagunça: A revolução francesa, em 1789, teve grande impacto sobre o casamento. Uma nova era começou em 1792, quando a Assembleia Constituinte da França instituiu o casamento civil. Foi estabelecida uma idade mínima para a união legal de 15 anos para os rapazes e 13 para as moças. O ritual foi dividido em duas partes, a contratual e religiosa, sendo que somente a primeira valia na hora de registrar os filhos.
Século XIX/Romance no altar: O moralismo da rainha Vitória, que governou a Inglaterra de 1818 a 1901, influenciou muito o comportamento da época. Por isso, sua paixão e casamento com um aristocrata foram fatos históricos. Ao contrário dos nobres de até então, Vitória se casou por amor. Todas as mulheres passaram a querer o mesmo, mantendo o apego à moral típico da rainha e valores como virgindade, fidelidade e dedicação aos filhos. O modelo durou até os anos 60, quando a pílula anticoncepcional acabou com o medo da gravidez fora do casamento, fazendo o tabu da virgindade perder importância.
LÁ VEM A NOIVA, TODA DE BRANCO
E você sabe por que ela vem de branco, carregando um buquê de flores e com véu? Tudo o que vemos nos casamentos tem um significado que vem de longe. Conheça-os.
Pedir a mão: Desde os egípcios até a Idade Média, o consentimento dos pais foi condição legal necessária para a realização do casamento. Hoje em dia, no ocidente, é um gesto apenas formal. Aceito o pedido, o pretendente tinha o direito de tocar apenas na mão da moça até o dia do casamento. Nem carinho podia.
Noivado: Nas civilizações grega e romana o noivado devia durar cerca de um ano. Quem o rompesse angariava a cólera dos deuses. Na Idade Média, a Igreja punia o rompimento com excomunhão de três anos para as duas famílias.
O pai leva: Até hoje a noiva só deixa o braço do pai para se apoiar no do futuro marido. Se você prestar atenção, vai notar que em momento algum da cerimônia ela caminha sozinha. O significado dessa tradição é literal, a transferência da autoridade sobre a mulher do pai para o marido, sem intermediários.
Festa: os banquetes de casamento duravam vários dias na Idade Média. Quanto maior a atmosfera de fartura, maior a promessa de fortuna e fertilidade para o casal. Entre os bretões do início da Era Cristã, o rito nupcial consistia apenas de comer e beber durante três dias.
Alianças: A troca de alianças já era comum entre egípcios e romanos, mas só foi considerada essencial no casamento a partir do século XVI, com o Consílio de Trento. Seu uso no dedo anular da mão esquerda teve origem no Antigo Egito. Acreditava-se que esse dedo estivesse ligado diretamente ao coração.
Bolo: Os romanos já faziam oferendas a Júpiter com uma espécie de bolo. Os primeiros pedaços deveriam ser divididos entre os noivos e as migalhas que sobrassem, derramadas sobre a cabeça da noiva num ritual de fertilidade. Com a evolução da pâtisserie, no século XVII, aparecem os primeiros bolos brancos, com elaborada decoração.
Véu: Era o elemento mais importante na roupa da noiva romana. Devia ser laranja, simbolizando a chama de Vesta, deusa do lar. Seu objetivo era preservar a pureza da noiva de olhares de cobiça. Na Idade Média foi proibido em casamentos da realeza, para evitar o risco de troca da noiva. Sem muita explicação, a partir do século XVI os véus caíram de moda. Só voltaram 300 anos depois.
Vestido branco: Noivas egípcias já usavam vestes de linho branco. As gregas se apresentavam numa túnica alva e nova, com um cinto que só poderia ser desatado pelo marido. Na Idade Média a tradição caiu por terra. Por volta do século X, começaram a chegar à Europa as sedas, veludos e brocados vindos do Oriente, que logo passaram a ser símbolo de status no casamento. De preferência em vermelho, com acessórios de ouro e pedras preciosas. Só no século XIX o branco voltou, como símbolo de pureza. Hoje, a cor prevalece, mas sua associação com a virgindade foi relaxada.
Buquê: Símbolo de fertilidade, o buquê de flores é relativamente novo. As noivas romanas carregavam buquês de ervas, cujos aromas fortes, acreditava-se, podiam espantar os maus espíritos. Isso sem falar dos seus poderes afrodisíacos.
Dama de honra: Como as noivas da Antiguidade não passavam de crianças, na hora de se vestir precisavam da ajuda das irmãs. Na cerimônia, as pequenas damas tinham a função de proteger a noiva de espíritos ruins em seu cortejo até a igreja. Para confundi-los, usavam roupas iguais às das noivas.
Noiva no colo: Em épocas em que se acreditava que os espíritos eram responsáveis por quase tudo, eles significavam uma ameaça constante também à fertilidade. Para poupar a frágil noiva dos malefícios de eventuais malfeitores etéreos escondidos no chão, na entrada da casa nova, o maridão tinha de carrega-la no colo.
Lua de mel: Na Antiguidade, como o satélite da Terra tivesse uma conotação de inconstância, a lua de mel servia para lembrar o casal que, assim como as fases da Lua mudam, o afeto (mel) também pode aumentar e diminuir. Por conta disso, os noivos tinham o ciclo de uma Lua, praticamente um mês, para esquecer os afazeres diários e se dedicar aos prazeres sensuais.
Mês das noivas: As noivas cristãs preferem o mês de maio por ser este dedicado a Maria, que é considerada uma protetora das uniões. Segundo conta a Bíblia, foi a pedido da Virgem que Jesus realizou o seu primeiro milagre; a multiplicação dos pães e do vinho numa comemoração de casamento.
VESTIDOS PARA CASAR
Todas as culturas valorizam o traje da noiva, mas algumas mantêm tradições bem diferentes das que vigoram no mundo ocidental.
Coréia: Hoje é comum a noiva coreana adotar o traje ocidental, mas ela costuma usar um wonsan (vestido) na festa, depois da cerimônia religiosa. Segundo a tradição, é a última vez que pode vestir vermelho. Casada deve adotar o azul. Com faixas em amarelo, azul, vermelho, branco e verde nas mangas que representam, respectivamente, vida longa, riqueza, saúde, respeito e honra. Arranjo preto na cabeça em uma homenagem à vida.
Tunísia: Traje usado principalmente no sul do país, com detalhes dourados bordados pelos parentes da noiva e simbolizam sua fertilidade. Possui argolas presas ao vestido, de ouro, que mostram a riqueza da família da mulher. Em geral, as tunisianas não cobrem o rosto, mas o pintam, assim como as palmas da mão, com hena, para a cerimônia.
Nigéria: As nigerianas mais tradicionais podem usar um iro (blusa) e uma buba (pano enrolado no corpo) ou o abad (traje completo). As cores não tem nenhum significado, mas o pano usado para enrolar o cabelo e o xale colocado por cima, bastante decorado, simbolizam a saúde e a beleza da noiva. Leva uma menina como acompanhante que deve viver com ela até atingir a maioridade e se casar.
Índia: Os casamentos das indianas costumam ser arranjados e os pais da noiva oferecem um dote ao noivo. O saree (roupa tradicional no pais) da cerimônia deve ser de seda, com cores fortes. Não tem um significado especial. Os enfeites da cabeça são feitos por amigas da noiva. A roupa do noivo também é apenas um traje de gala. O turbante é obrigatório.
Irã: vestido usado principalmente nas regiões rurais e menos desenvolvidas do Sul do país, não tem uma cor obrigatória, mas é comum a escolha do vermelho, que representa alegria na cultura local. Os panos usados sobre a cabeça e no pescoço, assim como uma máscara de rosto, costumam compor o traje, embora não tenham significados particulares. A noiva pode optar por tirar ou não a máscara durante a cerimônia.
ATÉ QUE O DIVÓRCIO OS SEPARE
Considerado o casamento do século, o enlace de lady Diana Spencer e do príncipe Charles, de Gales, percorreu todo o ciclo do matrimônio moderno. Do sonho romântico, quando a princesa de conto de fadas passeou de carruagem pelas ruas de Londres, numa ensolarada manhã de agosto de 1981, até o pesadelo da separação, em 1992, e a dolorosa negociação, quatro anos depois, para um divórcio que envolvia muito dinheiro, a guarda dos filhos e a coroa.
Apesar das brigas, infidelidades e escândalos, a situação de Charles foi bem mais tranquila do que a enfrentada pelo rei Edward III. Ele teve que desistir do trono inglês para casar-se em 1937, com Wally Simpson, porque ela era divorciada. É que a Igreja Anglicana, apesar da sua origem intimamente ligada a um divórcio, nunca foi o paraíso dos casais separados. Nos países anglo-saxônicos, o rompimento dos laços matrimoniais só passou a ser aceito em 1857. Na França já vigorava desde um 1792 e podia ser concedida por muitos motivos, entre eles, incompatibilidade de gênios. Depois, Napoleão Bonaparte, imperador entre 1804 e 1815, a suspendeu para esses casos. A incompatibilidade só voltou a ser admitida em 1975.
Presas à moral católica, que até hoje aceita apenas a separação de corpos, os brasileiros ganharam o direito a divorciar-se apenas em 1977. Retomavam uma prática que era corriqueira entre egípcios, gregos e romanos, os quais se separavam quando bem queriam. O divórcio só passou a ser um problema em 1439, com a instituição, pela Igreja Católica, do casamento indissolúvel, baseado nas palavras de Jesus: “O que Deus uniu, o homem não separe”.
SÓ A MULHER TEM DE SER FIEL PARA SEMPRE
O príncipe Charles anunciou que pediria o divórcio, pois jamais se sentaria no trono “com essa mulher ao lado”. Ele estava irritado com as declarações de Diana a respeito de um caso que teria tido depois da separação. A reação foi uma prova de que, em se tratando de adultério, há dois pesos e duas medidas, dependendo do sexo do envolvido. Afinal, em 1993, tornara-se pública uma conversa de Charles com sua amante desde os tempos de casamento, Camila Parker-Bowles, uma mulher casada, na qual o príncipe dizia querer ser o tampax dela. Apesar do escândalo causado pelo diálogo, foi o romance de Diana que detonou o processo de divórcio.
Faz sentido. Ninguém nunca ouviu falar de cinto de castidade ou honra lavada com sangue aplicados à traição masculina. Entre os gregos e os romanos a mulher podia pagar pelo crime com a vida. Na legislação dos saxões, a pena mais branca consistia na perda do nariz e da orelha.
Apesar do tempo transcorrido, o adultério continua sendo crime no Brasil. A pena mínima, prevista no artigo 240 do Código Penal, é de quinze dias de detenção, mas já foi mais pesada. No período colonial o homem traído podia matar a mulher e seu amante. A justiça quase nunca foi a primeira instância para resolver o assunto. Para fugir da vergonha pública, os maridos preferem fazer justiça com as próprias mãos, alegando depois, nos tribunais, a defesa da honra.
O “JEITINHO” DOS NOBRES
Não é só no Brasil que há jeito para tudo. Muitos nobres europeus burlaram a interdição do divórcio e se separaram para casar de novo.
Princesa esperta: A princesa Alienor de Aquitânea (um estado francês) tinha 13 anos quando se casou, em 1137, com o rei Luís VII, da França. Onze anos depois, apaixonada por outro, pediu a anulação da união, alegando que o marido era seu parente de quarto grau. Na época, era proibido o casamento de parentes até sétimo grau. Três anos depois Alienor se casava com outro primo. De segundo grau.
Rei autoritário: Em 1509, mais uma vez a Igreja fez vista grossa e o rei Henrique VIII da Inglaterra pode se casar com uma prima de primeiro grau colateral, Catarina de Aragão. Passados dezessete anos, apaixonado por Ana Bolena e insatisfeito pelo fato de a mulher não ter-lhe dado um herdeiro homem, ele tentou recorrer à mesma lei que possibilitou a separação de Alienor, mas não obteve sucesso. Indignado, o rei rompeu com os católicos e criou sua própria igreja, a Anglicana, a primeira instituição cristã a aceitar o divórcio. Como a nova mulher também não lhe desse o tão almejado filho, foi decapitada. Depois, o rei ainda casou quatro vezes.
O OUTRO LADO DA CERCA
Nunca ninguém se espanta com o adultério masculino. Mas alguns casos se tornaram tão célebres que merecem ser lembrados.
Teúda e manteúda: Embora o Código Criminal do Império considerasse crime a manutenção de mulher “teúda e manteúda”, os romances de Dom Pedro I com várias mulheres, e em especial com a bela Domitila de Canto e Melo, dama de companhia de sua esposa, Leopoldina, nunca foram punidos. O imperador chegou a dar à amante, com quem teve dois filhos, o título de Marquesa de Santos. Quando Leopoldina morreu, em 1826, Dom Pedro tentou provar que a marquesa tinha sangue azul, para poder desposa-la. Mas foi inútil. Teve de se contentar com uma princesa austríaca, a única que aceitou um homem de tão má fama.
O eleitor não perdoa: Em países muito moralistas a Justiça pode tolerar, mas o eleitorado não perdoa derrapadas de homens públicos. O sonho do senador Ted Kennedy de se tornar presidente dos EUA, por exemplo, foi interrompido em 1969, quando ele deu uma escapada com a secretária e, por azar, sofreu um acidente de carro, no qual a moça morreu. O fantasma do adultério tornado público atrapalhou muito a carreira do irmão de John F. Kennedy.
Por Cristiane Costa/Enor Paiano/Super