MUSEU: LUGAR DE AVENTURA
Cada vez mais, os museus têm deixado de ser espaços estáticos e de mera exposição de antiguidades para se transformar em ambientes atraentes e divertidos de cultura e de aprendizagem. Para atrair maior e mais diversificado público, inclusive com atividades específicas para crianças, esses espaços apostam em atividades lúdicas, tecnológicas e interdisciplinares.
Museus deixaram de ser lugar de antigos objetos para agregar atrativos, como diversão, interatividade e tecnologia. Aprender de forma lúdica, interdisciplinar e diferente tem sido desafio – muito bem equacionado – de muitos museus.
Em pleno Dia da Criança, de outubro/2016, o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS (MCT) promoveu em Porto Alegre mais uma edição do programa “Uma Noite no Museu”. Realizado desde 2008, o trabalho começou em parceria com a Faculdade de Biociências, como encerramento de estudos de alunos do Colégio Marista Champagnat, que participavam do projeto Clube de Ciências. Mas, hoje, é aberto a crianças dispostas a viver aventuras e aprendizagens variadas na exploração do universo científico.
A diretora do MCT, Melissa Guerra Simões Pires, explica que, desde a 1ª edição, um dos objetivos do programa foi desenvolver atividades interativas envolvendo ciências no ambiente do Museu em proposta que fosse inesquecível aos participantes. E o coordenador educacional do MCT, José Luiz Ferraro, lembra que ampliar o projeto Clube de Ciências e transformá-lo no programa “Uma Noite no Museu” também expandiu a proposta, tanto em público quanto em planejamento e elaboração das atividades. Segundo o professor, embora haja muita diversão, o evento se configura como momento de aprendizagem, tendo o Museu como conexão entre os alunos e o conhecimento. “Ao explorar conceitos da ciência de maneira lúdica, “Uma Noite no Museu” resgata uma Educação que foge às tradicionais aulas expositivas e dialogadas”, avalia. Para José Luis, estimulado pela riqueza do acervo, que é explorado durante a noite e madrugada, através de desafios e experiências, o aluno tem uma ação orientada, que instiga e ensina de forma lúdica e atraente, ainda provocando a criatividade e elaboração de estratégias para decidir as formas de interações com os colegas e os experimentos apresentados, “ressaltando o espírito científico, de que existem muitas possibilidades para se chegar ao conhecimento”, assinala.
O programa lúdico-educativo deste ano recebeu 37 crianças de 10 a 12 anos, que oram provocadas a solucionar enigmas e estranhas ocorrências na área de exposições. Os pequenos cientistas foram recepcionados por uma equipe especializada do MCT, que os orientou nas descobertas. Após guardar mochilas e objetos no “acampamento”, por volta 21h30min, as atividades iniciaram com a recepção das “pesquisadoras” Beta e Carol, em integração na qual o grupo foi direcionado a explorações no 3º andar. Nessa etapa, houve contato com as primeiras pistas do mistério sobre as Coleções Científicas, na exposição Ilustração Científica: a arte na descrição de novas espécies. E a turma foi provocada a debater sobre a relevância científica e seus exemplares, na caso da mostra Aracnídeos.
Pelas 23h, teve hora do lanche. E iniciando a madrugada, a Arena da Ciência propôs às crianças desafios e novas descobertas relacionadas à biodiversidade. Num momento de tensão, a pesquisadora Beta anuncia ao grupo o “desaparecimento” de espécimes das Coleções e pede o auxílio de todos. As crianças partem então em busca por pistas, que as levam a explorar todos os pavimentos do Museu, acompanhados de equipe do MCT. E por volta das 2h, os pequenos pesquisadores resolvem o mistério. Sacos de dormir, colchonetes, cobertores e travesseiros dividem espaço com os experimentos do 1º andar. O acampamento transforma a área de exposições, com o descanso, em torno das 3h, após experiências eletrizantes, como o Show de Eletrostática, de “arrepiar os cabelos”. Pelas 7h, música agitada acorda os participantes e chega a hora de levantar acampamento e voltar para casa. Detalhes: www.pucrs.br/mct.
CIÊNCIAS NATURAIS (MCN) da Univates, em Lajeado, a criançada participou de programação especial. Cerca de 400 alunos do 1º ao 6º ano do Ensino Fundamental de escolas da região visitaram o Museu, em quatro dias de atividades. Além de promover a integração, as propostas do Museu oportunizaram aos alunos conhecer o MCN, incrementando conhecimentos e melhorando o aprendizado científico. Dados: mcn@univates.br.
CORPO HUMANO
Para alunos curiosos sobre o funcionamento do corpo humano, uma ideia é visitar o Museu de História da Medicina do RS (Muhm), na Capital. Estava aberta (em outubro) a exposição Os Segredos da Anatomia – Um Olhar Atento sobre a Base da Vida Humana para alunos a partir do 3º ano do Ensino Fundamental. “Os estudantes gostam porque podem conhecer seus órgãos internos. E outra atração é o Joaquim, esqueleto cuja face foi reconstruída por um designer forense, permitindo visualizar como ele era quando estava vivo”, conta Gláucia Giovana Kulzer, coordenadora educativa do Muhm. O Museu recebe visitas de escolas todas as tardes (exceto às segundas-feiras), mas a procura é tanta, que a agenda está preenchida até dezembro. No caso da Educação Infantil são oferecidas mais de dez mediações ludo-pedagógicas, como “montar o Joaquim”, com órgãos confeccionados em tecido ou o jogo gigante de combate ao Aedes aegypti. Independentemente da idade, os alunos também podem conferir a exposição Os Desafios da Medicina – A luta pela Vida, que faz parte do acervo permanente. E escolas ainda podem solicitar a visita do Biblos, livro-boneco que ensina as crianças sobre a importância da conservação dos livros. O Muhm oferece transporte gratuito para escolas públicas de Porto Alegre e de algumas cidades da região Metropolitana. Contato: educativo@muhm.org.br.
MUSEU MÓVEL
Com o objetivo de aproximar os museus da comunidade escolar de diversos bairros do município, o Museu Móvel da Universidade de Passo Fundo (UPF) propõe ações educativas, levando oficinas e exposições às escolas. O projeto é desenvolvido em parceria pelos museus Histórico Regional (MHR) e de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS), ligados à Vice-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (VREAC) da universidade. A ideia é sair dos limites institucionais, ampliando a acessibilidade ao acervo. A iniciativa surgiu devido à dificuldade de as escolas se deslocarem até o MVRS e o MHR. Já que a maioria dessas instituições está em bairros periféricos da cidade. As atividades desenvolvidas nas escolas são de microexposições, com itens dos acervos e oficinas educativas desenvolvidas pela equipe de funcionários e estagiários – acadêmicos dos cursos de História e Artes Visuais da UPF. A proposta itinerante também beneficia os acadêmicos. A interação direta constitui uma via de mãos dupla na difusão do conhecimento e na integração com a realidade e experiências da comunidade, resultando em alternativas que contribuem com a melhoria da qualidade de vida da população e, também, subsidiando o fazer acadêmico na sua dinâmica de responder às demandas da sociedade”, resume a coordenadora do projeto, Tania Aimi. Informes: mhr@upf.br e mavrs@upf.br.
Fonte: Correio do Povo/Maria José Vasconcelos e Vera Nunes em 23/10/2016.