INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL SOB SUSPEITA E TEMOR
A ilusão é uma das características da condição humana. Iludimo-nos até na boa-fé, acreditando num determinado caminho, mas errando totalmente.
Este é o caso da inteligência artificial, surgida para auxiliar o pensamento humano, mas que – ao se desenvolver – pode nos subjugar. O primeiro a pensar assim é o cientista norte-americano Geoffrey Hinton, que desenvolveu a inteligência artificial e agora se arrepende disso. Especialista em redes neurais, Hinton foi o precursor da inteligência artificial e, agora, renunciou aos seus trabalhos. "Eu me consolo com a desculpa normal: se eu não tivesse feito isso, outra pessoa teria feito", disse ele.
O arrependido Hinton não está só. Nos EUA, outros cientistas creem que a inteligência artificial generativa pode ser ferramenta de desinformação, transformando-se em risco para a humanidade.
É impossível impedir que atores ruins a usem para coisas ruins", argumenta o padrinho-mor da inteligência artificial.
Já em março, antes da renúncia de Hinton, cerca de mil pesquisadores assinaram, nos EUA, uma carta aberta pedindo moratória de seis meses no desenvolvimento da tecnologia, até uma avaliação minuciosa de seus "riscos profundos para a humanidade".
Logo após, 19 pesquisadores da Associação para o Avanço da Inteligência Artificial alertaram também sobre os riscos. O grupo incluía Eric Horvitz, cientista-chefe da Microsoft, que implantou a tecnologia usada no mecanismo de busca Bing.
No fundo, a polêmica envolve uma pergunta: a máquina pode substituir o pensamento e a decisão humana?
Esta é a questão fundamental em torno da inteligência artificial. Ou como diz a canção espanhola: "Caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar".
Fonte: Jornal Zero Hora/Jornalista Flávio Tavares em 07/05/2023