ESPAÇO URBANO NA LITERATURA BRASILEIRA ATUAL
DO TRAUMA À TRAMA: O ESPAÇO URBANO NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA (Luminara Editorial, 364 páginas), obra organizada pelos professores Ricardo Barberena, da PUCRS, e Regina Dalcastagné (UnB), reúne artigos sobre a potência do texto literário para a representação e a contribuição das geografias sociais. O volume é o segundo da série Limiar e busca, acima de tudo, promover um debate crítico acerca dos múltiplos quadrantes identitários da literatura brasileira contemporânea. O primeiro livro da série, intitulado DAS LUZES ÀS SOLEIRAS: PERSPECTIVAS CRÍTICAS NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA, foi publicado em 2015 pela Luminara.
Além dos professores organizadores, o livro é composto por 10 textos de pesquisadores nacionais e internacionais: Luciene Azevedo (UFBA); Sophia Beal (Universidade de Minnesota); Milton Colonetti (PUCRS); Luciana Paiva Coronel (FURG); Ângela Maris Dias (UFF); Alexandre Faria (UFF); Friedrich Frosch (Universidade de Viena); Jeremy Lehnen (Universidade do Novo México; Lucia Tennina (Universidade de Buenos Aires) e Lúia Osana Zolin (UEM).
Os temas abordados são diversos, como literatura marginal, autobiografia e migração, crise de masculinidade, autoria feminina, escrita do cárcere, representatividade das vozes de mulheres na periferia, o espaço urbano de Brasília, o deslocamento como estratégia narrativa e reflexo de instabilidade do sujeito, os atores políticos em jogo na definição do sistema literário.
Dentro dessa diversidade temática, corresponde uma mesma preocupação estética e crítica com a potência do texto. Segundo o professor Barberena: “Refletir sobre os traumas de hoje é pensar sobre os traumas do transitar”. Assim, problematizar o espaço urbano na literatura contemporânea é questionar a própria noção de espaço – do local ao global, passando pelo nacional. Como os recursos estéticos da forma literária dão vazão a estes fenômenos, de mobilidade, trânsito etc? cada um dos artigos do livro caminha pelo espaço urbano da literatura, e este caminho, sempre é bom lembrar, vai se construindo justamente à medida que caminhamos.
Traumas e Tramas: entre paus de selfies e paus de arara; Colocar-se em palavras: memórias de um percurso íntimo; Machos em crise? A masculinidade nos romances de Daniel Galera; Afeto, escrita e corpo na produção feminina das periferias de São Paulo; Identidades deslocadas: representações femininas na ficção escrita por mulheres; Estruturas narrativas nas obras de Carlos Sussekind; A prisão como espaço fundador em Memórias de um sobrevivente; e Espaço e invenção em Brasília; textos culturais de 2009 a 2014 são os títulos de alguns textos da abrangente, densa e profunda obra.
Fonte: Jornal do Comércio/Jaime Cimenti (jcimenti@terra.com.br) em 8 de maio de 2016