O CORPO ENCONTRADO 35 ANOS DEPOIS.
Cova 312 (Geração Editorial, 344 páginas) da premiadíssima escritora Daniela Arbex, mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, entre eles, três Esso, revela um segredo militar sobre um corpo de um guerreiro que ficou desaparecido durante trinta e cinco anos. Menos de dois anos atrás, Daniela duplicou o best-seller HOLOCAUSTO BRASILEIRO, que chocou e comoveu mais de 100 mil leitores brasileiros e portugueses, narrando a tragédia de 50 mil mortos num hospício de Minas Gerais.
Em Cova 312 – A longa jornada de uma repórter para descobrir o destino de um guerrilheiro, derrubar uma farsa e mudar um capítulo da história do Brasil, Daniela relata como o jovem guerrilheiro Milton Soares de Castro, integrante do primeiro e frustrado grupo pós-golpe de 1964, acabou. A guerrilha teria início na Serra do Caparaó, com apoio de Cuba e do ex-governador Leonel Brizola, cunhado do presidente João Goulart. Milton foi preso em 1967 e levado à Penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora, Minas Gerais, onde viveu seu horroroso calvário e morreu.
O tema é pesado, e histórias semelhantes já foram contadas. Milton Soares de Castro era um guerrilheiro desconhecido e o único civil da guerrilha do Caparaó. Foi o único encontrado morto na Penitenciária de Linhares, um dos presídios políticos mais importantes do País. O livro nasceu de uma reportagem premiada em 2002 (Esso, Vladimir Herzog e o europeu Natali Prize), foi fruto de muitas investigações e viagens e, acima de tudo, é interessante pela forma como foi escrito e pela linguagem fluida, atraente, poética e, em alguns casos, até divertida. Daniela humaniza os personagens e coloca bem suas múltiplas facetas.
A orelha está assinada pelo escritor e editor Luiz Fernando Emediato, autor de O Outro Lado do Paraíso, que escreve: “Uma investigação que poderia ser rigorosamente fria transforma-se, nas mãos de Daniela, numa história cheia de ação e sentimentos”.
No prefácio, Laurentino Gomes diz: “Boa reportagem, talento, experiência, tempo, dedicação, sentido de responsabilidade social e compromisso honesto com as necessidades dos leitores. Essas e outras importantes lições estão presentes neste novo livro de Daniela Arbex”.
O trabalho de investigação e levantamento de dados foi longo, minucioso, levou 12 anos. Porões da história e vários estados brasileiros foram visitados, na busca das peças perdidas do quebra-cabeças. Milhares de documentos, mais de 50 entrevistas e um longo caminho de volta até o coração da família de Milton, no Rio Grande do Sul, foram necessários para a composição da obra. O resultado aí está, relatando a história de Milton, do presídio e da busca pela verdade.
Fonte: Jaime Cimenti (jcimenti@terra.com.br) Jornal do Comércio de
12, 13 e 14 de junho de 2015.