Translate this Page




ONLINE
82





Partilhe esta Página

                                            

            

 

 


Pensando Bem... de Hélio Schwartsman
Pensando Bem... de Hélio Schwartsman

NEM TODAS AS RESPOSTAS, MAS MUITAS PERGUNTAS BOAS

 

 

PENSANDO BEM... UM OLHAR ORIGINAL A RESPEITO DE RELIGIÃO, LIBERDADE, VIOLÊNCIA, EDUCAÇÃO, HISTÓRIA, CIÊNCIA, COMPORTAMENTO E POLÍTICA (Editora Contexto, 304 páginas) do filósofo e jornalista da Folha de S. Paulo Hélio Schwartsman é, antes e acima de tudo, um saudável e necessário contraponto aos “sábios” que, com frequência, especialmente nas redes sociais, andam fornecendo respostas prontas para todos os problemas do País e do mundo, com base em fé ideológica, religiosa ou de qualquer outro tipo.

 

Bacharel em filosofia e jornalismo, Schwartsman já ocupou diversos cargos na Folha e, entre 2008-2009, foi fellow na Universidade de Michagan.  A Editora Contexto, do historiador Jaime Pinsky, como se sabe, há 29 anos é especialista em ciências humanas e volta-se para a universidade e para o público em geral.

 

Os textos de Schwartsman, em geral, são curtos – o que já é uma grande qualidade –, mesmo quando tratam de grandes temas.  O primeiro trabalho da antologia trata de prostituição, novo moralismo e posições de parte das feministas e militantes de direitos humanos sobre o tema.

 

O último texto trata de alimentação, verdades dietéticas e opiniões exageradas sobre alimentos, saúde e a complexa ciência da nutrição.

 

Sem deixar de opinar sobre milhões de assuntos, notícias, livros, filmes e acontecimentos, Schwartsman, ao fim e ao cabo, procura não ser dogmático e, muito menos, é dos que pretendem apresentar verdades definitivas sobre temas como o terrorismo, a democracia, o preconceito, a demografia do Prêmio Nobel, o valor do diploma e outras dezenas de assuntos que todos os dias tomam conta de nossas mentes pós-modernas.

 

Schwartsman sabe mais do que ninguém que filosofar, acima de tudo, é perguntar.  E sabe que não sabemos tudo.  O que até é muito bom, caso contrário a vida e o mundo seriam muito chatos e destituídos dos mistérios e das aventuras de todos os dias.

 

O autor apresenta alguns dados, muitas informações, fornece opiniões rápidas e claras sobre humor, limites do humor, liberdade de expressão, racionalidade e irracionalidade humanas, discos voadores, problemas educacionais, pátrio poder, homossexualidade, família, crime, violência, polícia e outras dezenas de tópicos.  Schwartsman pergunta, responde, informa e, muitas vezes, deixa uma pergunta para que a conversa continue.

 

Os leitores mais atentos e perspicazes é óbvio que constatarão que o autor tem algumas verdades mais consolidadas, algumas crenças menos abaladas e, como todos nós, carrega uma história, uma cultura, muitas leituras e pontos de vista que vão chegando, ficando, mudando, indo e voltando.

 

Falando de violência, por exemplo, Schwartsman, com certo otimismo, estende que as sociedades de hoje são menos violentas e mais prósperas do que eram nos primórdios e mesmo em épocas nem tão remotas.  Mas mesmo com esse pensamento reconfortante, ele acha que temos que manter a vigilância, que sempre estamos perigosamente perto da barbárie.

 

O espírito dos textos de Hélio Schwartsman, pensando bem, foi publicado em livro em momento adequado.  Com nossas crises econômica, política e social, mais a queda do governo Dilma e o esgotamento dos modelos político-econômicos e a escassez de grana, ética, líderes e ideias, melhor pensar em perguntar o que realmente está acontecendo, sem buscar verdades prontas e acabadas.  Levaremos tempo, teremos de nos esforçar, as perguntas ainda serão muitas, mas algumas repostas virão, com certeza.  Elas sempre vêm.  Antes e depois de novas, intermináveis questões, que a história nunca acaba.

 

Fonte:  Jornal do Comércio/Jaime Cimenti (jcimento@terra.com.br) em 07/08/2016.