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A Concordância Nominal
A Concordância Nominal

A CONCORDÂNCIA NOMINAL

Concordância do Adjetivo

Vejamos as regras:

Concordância Gramatical Rígida: núcleo único

Veremos que há casos de Concordância Nominal em que podemos optar por um ou outro uso, sem fugirmos à prescrição. No entanto, há casos em que a concordância é obrigatória.

 

O artigo e o adjetivo concordam com o núcleo quando ele for composto por um núcleo.

Exemplo:

As mesas azuis estão ocupadas pelas crianças.

 

(núcleo = mesas)

Mais de um núcleo

1º caso – Adjetivo depois do substantivo

a) Concordância lógica.

 

Quando os substantivos têm gêneros diferentes, o que predomina é o gênero masculino.

 

Exemplo: Passamos por problemas e provas complicados.

b) Concordância atrativa.

 

O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo.

 

Exemplo: Passamos por problemas e provas complicadas.

No entanto, se o adjetivo se refere somente a um dos substantivos, é obrigatória a concordância com o substantivo que qualifica.

 

Exemplo: Os alunos trouxeram para a prova lápis e régua milimetrada. (Dornelles, 2002:163)

Mais de um núcleo

2º caso – Adjetivo antes do substantivo: dependência da função sintática do adjetivo

a) Predicativo de sujeito composto.

 

Ex.: A água e a fruta eram impuras. (Ribeiro, 2012:293)

Núcleos do sujeito (substantivos ‘água’ e ‘fruta’) do gênero feminino: o adjetivo vai para o feminino plural.

 

Ex.: O campo e a montanha estavam limpos. (Ribeiro, 2012:293)

 

Núcleos do sujeito de gêneros diferentes: adjetivo no masculino plural.

 

Ex.: É ótimo este rapaz e aquele menino. (Ribeiro, 2012:293)

 

Ex.: São ótimos este rapaz e aquele menino. (Ribeiro, 2012:293)

Nesse caso, em que o verbo está no singular e anteposto ao sujeito composto, os gramáticos divergem e há duas opiniões: o adjetivo concorda com o núcleo mais próximo ou se faz a concordância com o todo.

 

Por isso, fica a dica: quando for fazer um concurso público, estude, sempre, pela(s) gramática(s) indicada(s) pela banca, ok?

2º caso – Adjetivo antes do substantivo: dependência da função sintática do adjetivo

b) Predicativo do objeto direto composto.

Nesse caso, a concordância pode acontecer de maneiras diferentes.

 

• Deixe bem escondido o relógio e a aliança. (Ribeiro, 2012:293)

• Deixe bem escondidos o relógio e a aliança. (Ribeiro, 2012:293)

 

c) Adjunto adnominal de sujeito composto.

 

• De mesmo gênero. Adjetivo no singular ou no plural.

Ex.: Casa e rua limpa. / Casa e rua limpas.

• De gêneros diferentes. Adjetivo concorda com o mais próximo ou fica no masculino plural.

Ex.: Casa e teto limpo. / Casa e teto limpos.

Como vimos, conforme Manoel Pinto Ribeiro, Gramática Aplicada da Língua Portuguesa, a concordância, neste caso, vai depender da função sintática do adjetivo.

 

Concordância Nominal Ideológica: silepse de gênero e de número

Exemplo 1: V.S.a é mal-educado.

 

Segundo Ribeiro (2012:295), temos uma forma feminina (V.S.a) e um predicativo no masculino: a concordância se fez com a ideia de que é um homem.

 

Exemplo 2: A gente é muito amada.

Exemplo 3: A gente é muito amado.

 

Quando temos ‘a gente’, pode-se fazer a concordância no masculino ou no feminino.

Segundo Bechara (2000:546), em casos como o (vinho) champanha, o (rio) Amazonas “A palavra determinantes pode deixar de concordar em gênero e número com a forma da palavra determinada para levar em consideração, apenas, o sentido em que esta se aplica.”

 

Dicas!

Veja, agora, algumas dicas:

Afinal de contas, a palavra ‘sol’ tem plural?

A respeito disso, o Professor Sergio Nogueira nos diz o seguinte:

“A palavra sol vive criando dúvidas quanto à formação do plural. O fato de haver um único sol não impede o seu plural. Quando falamos do sol do amanhecer e do sol do meio-dia, estamos falando de dois o quê? É lógico que são dois sóis diferentes. Ninguém diria “dois sol” diferentes. Outro exemplo é o uso metonímico de sol por dia: “Estão faltando apenas dois sóis para chegarmos”.

 

Portanto, estão corretíssimos os plurais de girassol e guarda-sol: girassóis e guarda-sóis.

Quanto ao pôr-do-sol, o caso é diferente. Nesse caso, quando há preposição entre os dois elementos da palavra composta, a regra manda pôr apenas o primeiro elemento no plural: pores-do-sol.

 

Com respeito aos “raios solares”, não há o que discutir. Solar, como todo adjetivo, deve concordar com o substantivo a que se junta para qualificá-lo. Como bem argumentou o nosso leitor, se a justificativa do “único sol” valesse, teríamos que dizer “bandeiras brasileira”, pois só há um Brasil.”

Conheça, agora, outros casos de concordância:

• É bom, é necessário, é proibido, é permitido etc.

 

Essas expressões só se flexionam se o substantivo a que se referem estiver determinado.

 

Ex.: É necessário ter calma nas atitudes.

Ex.: A calma nas atitudes é necessária.

 

• Obrigado, servido

 

Quando essas palavras são usadas como formas de se agradecer devem concordar em gênero e número com o emissor.

 

Ex.: A garota disse: ‘Muito obrigada por tudo!’ /

As garotas disseram: ‘Muito obrigadas por tudo!’

Ex.: ‘Estou servido’, disse o menino. /

‘Estamos servidos’, disseram os meninos.

Conheça, agora, outros casos de concordância:

• Anexo, apenso, incluso, junto, esperado

 

Como todas essas palavras são adjetivos, deverão concordar tanto em gênero quanto em com seus referentes.

 

Ex.: O documento está incluso ao processo.  /

Os documentos estão inclusos ao processo.

Ex.: A planilha não está apensa ao documento. /

As planilhas não estão apensas ao documento.

 

‘Quite’, ‘anexo’, ‘incluso’: concordam com o referente.

‘Em anexo’:

‘anexo’ precedido de preposição fica invariável.

 

Eles já estavam igualmente quites.

Estou quite com as crianças.

Vocês estão quites com a mensalidade?

As duplicatas anexas já foram resgatadas.

Seguem anexas as faturas.

Seguem inclusas a carta e a procuração.

Os processos estão inclusos na pasta.

Em anexo vão os documentos.

Segue anexa a biografia que pediu.

As certidões anexas devem ser seladas.

Está inclusa na nota a taxa de serviços.

 

• Meio

 

Quando a palavra ‘meio’ equivaler a ‘metade’ será um numeral e, portanto, deverá concordar com seu referente. Se ela funcionar como advérbio, ou seja, quando significar ‘mais ou menos’, não concordará.

 

Ex.: Ele bebeu uma garrafa e meia de coca-cola.

Ex.: Ele estava meio cansado e foi dormir.

 

• Haja vista

 

A expressão ‘haja vista’ é invariável’.

 

Ex.: Ele chegou tarde HAJA VISTA o problema surgido.

Ex.: Ele chegou tarde HAJA VISTA os problemas surgidos.

 

“Haja vista”

 Vimos que a expressão “haja vista” é invariável, no entanto, na coluna do Professor Sérgio Nogueira, houve uma pergunta curiosa, que vale a pena ser lida.

Deu na Aula Extra:

“Foi demitido haja vista o problema surgido.”

 

Leitor protesta: “O senhor escreveu que não existe a forma haja visto.

 

Mas haja visto não é o pretérito perfeito do subjuntivo, formado pelo subjuntivo do verbo haver (haja) e o particípio do verbo ver (visto)?

O particípio corresponde a um adjetivo e flexiona-se. No exemplo acima, o particípio deve concordar com a palavra problema, que é masculina. Então, acho que haja visto pode ser empregado corretamente na frase acima.”

Você tem razão quando diz que haja visto pode ser a forma composta do verbo ver:

“Embora o comentarista haja visto (= tenha visto) o lance várias vezes, a dúvida permaneceu.” Não devemos, entretanto, confundir os casos.

Na frase analisada nesta coluna, a expressão “haja vista” significa “tendo em vista, devido a, por causa de”. Não é verbo. É uma expressão tão invariável quanto “tendo em vista”: “Foi demitido haja vista (ou tendo em vista) o problema surgido”.

 

• Junto

 

No entanto, as locuções prepositivas junto a / junto de /junto com (ao lado de) são formas invariáveis e, portanto, não haverá concordância.

 

Ex.: Nós estamos juntos a ele para o que for necessário.

Ex.: Nós estamos junto a ele para o que for necessário.

• Alerta

 

Assim como a palavra ‘menos’, ‘alerta’ é um advérbio e, como palavra invariável, não concorda com o referente.

 

Ex.: O médico está alerta devido ao acidente que ocorreu na rodovia.

Ex.: Os médicos estão alerta devido ao acidente que ocorreu na rodovia.

 

• Um e outro, um ou outro, nem um nem outro

 

Com essas locuções pronominais indefinidas seguidas de adjetivos e/ou substantivos teremos o substantivo no singular e o adjetivo no plural.

 

Ex.: O médico consultou um e outro paciente machucados.

 

Outros casos de Concordância Nominal

 

Bastante.

Quando bastante for adjetivo deverá concordar com o refere, mas, quando funcionar como advérbio não haverá concordância por que advérbios são invariáveis.

Veja os significados:

Bastante = muito, suficientemente (advérbio).

Bastante = suficiente (adjetivo).

 Ex.: As crianças saíram da festa bastante cansadas.

 Ex.: A polícia já acumulou provas bastantes para incriminar o suspeito.

Só.

Quando a palavra ‘só’ equivale a ‘sozinho’ concorda com o referente, mas se ela possui sentido de ‘somente’, que é um advérbio, não haverá concordância.

Ex.: Só os culpados ficaram na sala.

Ex.: Eles ficaram sós com os investigadores.

Mesmo.

Quando ‘mesmo’ significa ‘próprio’, será obrigatória a concordância; se ele tiver sentido de ‘até, realmente’ não haverá concordância.

Ex.: Mesmo quem era do PT, foi contrário ao discurso do prefeito.

Ex.: Ela mesma saiu cedo da festa. / Ele mesmo saiu cedo da festa.

Menos.

É uma forma invariável porque é um advérbio. Assim, a forma ‘menos’, presente na variedade não padrão da língua não deve ser usada.

Ex.: Ele tinha menos dinheiro, mas era mais feliz.

Possível.

Como adjetivo, ‘possível’ deve concordar com o referente.

Ex.: Comprei todas as cores possíveis.

No entanto, com o mais, o menos, o melhor, o pior, o quanto possível o adjetivo possível invariável.

Ex.: Cores o mais claras possível.

 

Se a expressão estiver pluralizada – os mais, os menos – o adjetivo vai para o plural.

Ex.: Cores as mais claras possíveis.

Quite.

Como particípio irregular de um verbo, funciona como adjetivo e deve concordar em número com seu referente.

Tal qual.

Quando utilizada com verbos de ligação, ‘tal qual’ funciona como predicativo e cada uma das palavras deve concordar com o sujeito a que se refere.

Ex.: As crianças são tais qual a escola que frequentam. Sujeito sujeito

 

OBSERVAÇÃO

 

• Um substantivo quando funciona como adjetivo é invariável.

 

Assim, devemos dizer:

Ela é um monstro sagrado da música.

 

• Se o adjetivo funcionar como advérbio ficará invariável.

 

Ex.: Os carros custaram muito caro. (advérbio)

Ex.: Os carros caros foram vendidos rápidos. (adjetivo)

Bechara afirma que nos adjetivos compostos que se referem a nacionalidades, se esse adjetivo for composto de dois ou mais elementos, a concordância acontece, somente, no último adjetivo do composto.

 

Vejamos os exemplos apresentados pelo autor:

 

A. Acordo luso-brasileiro.

B. Amizade luso-brasileira.

C. Lideranças luso-brasileiras.