O uso da linguagem
A presença da palavra em nossas vidas é tão comum e seu uso tão espontâneo e natural que não vemos nela nada de especial. No cotidiano, todos reconhecem que as palavras são símbolos que nomeiam as coisas e que as utilizamos para entrar em contato com o outro. Daí, percebemos o real emprego deste recurso, acreditando que as pessoas se comunicam e trocam ideias com a mesma destreza que executam tarefas organicamente possíveis, sempre com o objetivo de perceber o que as cerca para que possam interagir com tudo e todos.
Através da faculdade da linguagem o homem não só compreende as relações do eu com o mundo, mas também explica estas relações através de seu conhecimento.
A linguagem é elemento indispensável da comunicação social e de domínio individual. Ao usá-la, o indivíduo se integra com os seus semelhantes.
A linguagem humana é expressa por meio de um sistema de som vocal chamado língua. Esta possibilidade permite que o ser humano utilize um código linguístico, a língua, em sua materialidade verbal, para se comunicar. Cada língua apresenta o seu código, com regras e normas, sua maneira de arrumação das palavras na frase, sua própria estruturação.
Mas, o que é língua?
“A língua é uma forma de conhecimento e um meio de construir, estabelecer, manter e modificar relações com os outros. Por isso mesmo, uma mesma pessoa é capaz de utilizar diferentes ‘estilos’ ou registros de língua, conforme o contexto ou as finalidades da comunicação: quando se dirige a um adulto ou quando fala a uma criança, quando fala a pessoas reunidas em um auditório ou quando conversa de modo descontraído numa roda de amigos, quando escreve uma carta de candidato a emprego ou quando comparece para uma entrevista com esse mesmo objetivo, quando relata um acontecimento ou quando dá um conselho a alguém.
Então, vamos refletir...
Se o sistema da língua é social porque é comum a todos os falantes de uma comunidade linguística, podemos entender que a atividade linguística é sistematizada, ou seja, segue um conjunto de elementos lexicais (palavras) e gramaticais (organização do código) que fazem parte de uma língua, de uma organização interna desses elementos e de suas regras combinatórias.
Faz parte da faculdade da linguagem com que todo o ser humano nasce, a capacidade de combinar um número finito de elementos e produzir um número ilimitado de palavras, frases e expressões. Mais: temos a capacidade de reutilizar palavras já existentes e aplicá-las em outros contextos, para referir novos objetos ou situações. Chama-se a isso "criatividade linguística", não no sentido de originalidade ou imaginação artística,
Mas num sentido funcional, dado que estas "invenções" têm um propósito: ou cumprem necessidades comunicativas (quando o que se diz está orientado para proporcionar um melhor entendimento das coisas) ou cumprem necessidades estratégicas (quando o que se diz está orientado para obter um dado resultado).
Se o sistema da língua é social porque é comum a todos os falantes de uma comunidade linguística, podemos entender que a atividade linguística é sistematizada, ou seja, segue um conjunto de elementos lexicais (palavras) e gramaticais (organização do código) que fazem parte de uma língua, de uma organização interna desses elementos e de suas regras combinatórias.
O significado da palavra desconto corresponde à ideia de redução em uma soma ou no total de uma conta ou quantia. Pode-se dizer que este significado é o mesmo em qualquer situação ou frase. A situação acima apresenta claramente a relação de comunicação construída entre os participantes, onde se estabelece que o sentido das palavras é razoavelmente estável, que não vive mudando, mas que se adapta dentro de uma margem de compreensão compartilhada entre os falantes, ou seja, o contexto favorece a compreensão da palavra desconto.
Contamos, desta forma, com uma característica fundamental da faculdade da linguagem humana, que permite que o homem crie enunciados linguísticos infinitamente: a CRIATIVIDADE.
As experiências de vida de toda ordem (no cotidiano, nos grupos de amigos, no contato com culturas diferentes), a convivência com textos de variadas espécies (poemas, lendas, crônicas), a possibilidade da fala e da escrita contribuem significativamente para esta criatividade linguística.
Durante todo o processo de avanço linguístico, tanto o processo de aquisição de linguagem como a sistematização da língua em si vêm sofrendo alterações ao longo do tempo. Já houve uma época em que as línguas eram comparadas a seres vivos - nasciam, cresciam, envelheciam e morriam. Sabemos, hoje, no entanto, que em qualquer fase da sua existência histórica, a língua é dotada de uma estrutura complexa em qualquer fase que esteja. Elas são adaptáveis às novas necessidades e ondas de crescimento de expressão de uma comunidade.
TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DA LINGUAGEM HUMANA
a) SIMBOLIZAÇÃO. A linguagem opera com elementos que representam a realidade (arbitrariedade do signo).
b) ARTICULAÇÃO. Quando se diz que a língua é articulada considera-se que as unidades linguísticas podem ser divididas em unidades menores.
Exemplo. ‘As gatas’ pode ser segmentada da seguinte forma: a- , artigo definido; -s desinência de plural; gat- radical que indica tratar-se de um felino de pequeno porte, -a, desinência de feminino e -s, desinência de plural.
Se /g/ for substituído por /p/ tem-se um outro radical que aparece na palavra pata.
c) REGULARIDADE. As unidades linguísticas têm uma significação permanente capaz de repetir-se nas mesmas circunstâncias. Embora essas unidades variem no tempo, no espaço e no meio social, essa variação não ultrapassa certos limites.
d) INTENCIONALIDADE. Os atos de comunicação humanos têm um propósito claro e definido.
e) PRODUTIVIDADE. A linguagem humana produz um número infinito de mensagens.
Um pouco de Linguística...
Além disso, é preciso recordar que, de acordo com Saussure, temos o que se chama signo linguístico.
Signo Linguístico é o instrumento através do qual a comunicação se realiza. Em uma ação de comunicação, apresentamos nossos conceitos, ideias, pensamentos; enfim, nossa visão de mundo, por meio de palavras que trazem o significado que queremos transmitir. Daí surgem os signos linguísticos (sons da língua + significado).
IMAGEM ACÚSTICA (SOM) + IMAGEM ACÚSTICA (SOM) –SIGNIFICANTE- IMAGEM MENTAL (IDEIA)- SIGNIFICADO- SIGNO LINGUÍSTICO
Como exemplo de signo linguístico, podemos citar:
Para o conceito “livro”, o português utiliza o termo “livro”, o espanhol emprega “libro”, o inglês usa “book”; já no francês, temos “livre”. Variaram os significantes, mas o significado é o mesmo, mesmo conceito.
Durante todo o processo de avanço linguístico, tanto o processo de aquisição de linguagem como a sistematização da língua em si vem sofrendo alterações ao longo do tempo. Já houve uma época em que as línguas eram comparadas a seres vivos - nasciam, cresciam, envelheciam e morriam.
Sabemos, hoje, no entanto, que em qualquer fase da sua existência histórica, a língua é dotada de uma estrutura complexa em qualquer fase que esteja. Elas são adaptáveis às novas necessidades e ondas de crescimento de expressão de uma comunidade.
Por isso, precisamos retomar outro conceito saussureano, sincronia e dicronia.
Se compararmos épocas, observamos que a língua não muda de vez em quando, mas sim, de modo contínuo. Em enunciados como os apresentados abaixo, observamos signos que, ao longo do tempo, modificaram seu significante, mas que ainda permanecem em nosso sistema linguístico nos dias de hoje, em seu conceito fundamental.
SINCRONIA - Os membros da comunidade linguística entendem-se e comunicam-se porque participam de um mesmo ‘estado da língua’, partilhando dos mesmos hábitos linguísticos.
DIACRONIA- É a história interna de uma língua; uma sucessão de ‘estados da língua’, uma passagem sem interrupção, de uma sincronia para outra.
Conforme observamos, a língua desempenha importante papel social. Reconhecemos, inclusive, muitas vezes, a condição social de uma pessoa pela maneira de falar. Assim, há um conjunto de regras que precisamos respeitar.
“Falar corretamente significa o falar que a comunidade espera: o erro em linguagem corresponde a desvios dessa norma, sem relação alguma com o valor interno das palavras ou formas.”
(Celso Cunha, em Língua portuguesa e realidade brasileira, RJ: Tempo Brasileiro, 1970).
De acordo com Azeredo (2008:63), temos, então, portanto, três conceitos fundamentais:
a) a língua como estrutura abstrata, uma espécie de denominador comum de todos os seus usos: o sistema;
b) o ato concreto de falar/ouvir ou escrever/ler a língua: o uso;
c) a soma dos usos histórica e socialmente consagrados numa comunidade e adotados como um padrão que se repete: a norma.