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O Iluminismo em Portugal
O Iluminismo em Portugal

O ILUMINISMO EM PORTUGAL

Arcadismo e Romantismo em Portugal

  • O Arcadismo português
  • Em 1756 – Arcádia Lusitana

     Influenciada pela Arcádia Romana, criada décadas antes.

     Lema: Inutilia Truncat (eliminar o inútil).

    Exigência de uma arte despida do que se percebia como os excessos do barroco.

  • A repulsa aos excessos e ao rebuscamento da expressão barroca ia ao encontro da crescente repulsa ao estilo de vida da aristocracia e do clero, vistos como decadentes, em um momento no qual a burguesia ganhava força nas esferas social, econômica, política e cultural.

 

A celebração de um modo ideológico e estético de representação que aludia à simplicidade, ao equilíbrio e à harmonia, não só resgatava índices da poética clássica, já visitados pelo Classicismo do século XVI, como identificava uma postura contrária aos exageros presentes nos modos de viver do clero e da nobreza

 

O surgimento e a difusão do pensamento iluminista impactaram uma série de movimentos políticos, sociais e artísticos na Europa.

 

O ideário iluminista alcançou Portugal no século XVIII, mesmo com a permanência de traços arcaicos na ideologia lusitana. Havia, à época, uma enorme tentativa de transformar o país em um local mais aberto aos novos modelos de pensamento e de vida, organizada, principalmente, pelo Marquês de Pombal, ministro de Dom José I.

 

MARQUÊS DE POMBAL

O Marquês de Pombal empreendeu um movimento de reformas com o intuito de levar Portugal a ser um país ilustrado, ou seja, um país com Ilustração, sob o influxo dos ideais iluministas. Para tanto, o plano de Pombal apontava para a expulsão dos jesuítas dos domínios portugueses, o que marcou uma profunda mudança na universidade lusitana, através da consolidação de uma postura laica e propensa à abertura para as perspectivas ideológicas iluministas.

 

O clima iluminista permaneceu em Portugal, mesmo após o encerramento do governo pombalino. No campo artístico, foi possível assistir à proliferação de movimentos estéticos cujo alimento ideológico consistia, justamente, no ideário iluminista: o Arcadismo e o Neoclassicismo. Nesse momento, a poesia portuguesa encontraria um forte clima antibarroco.

 

Em meio a esse contexto, é fundada em 1756 uma associação literária nos moldes das que já se uniam sob a égide da expressão arcádica, em um movimento iniciado pela Arcádia Romana, criada décadas antes. Tratava-se da Arcádia Lusitana, cujo lema era Inutilia Truncat, ou seja, eliminar o inútil. Tal lema apontava para a exigência de uma arte despida do que se percebia como os excessos do barroco.

 

Assim, os ornamentos e os jogos rebuscados de palavras e de conceitos barrocos eram enxergados pelos membros da Arcádia como exagerados e de mau gosto; perpetuá-los indicaria a submissão a um estilo decadente, do qual o artista português deveria livrar-se.

 

A repulsa aos excessos e ao rebuscamento da expressão barroca ia ao encontro da crescente repulsa ao estilo de vida da aristocracia e do clero, vistos como decadentes, em um momento no qual a burguesia ganhava força nas esferas social, econômica, política e cultural.

 

A celebração de um modo ideológico e estético

Em tal “processo de destruição”, os escritores árcades valeram-se, como dito, de traços do movimento classicista quinhentista, em um processo de recuperação, principalmente, do legado poético camoniano, e, em um recuo muito maior, da poética originada na Antiguidade clássica. Portanto, podemos afirmar o estímulo e a orientação da poética árcade pela herança poética, mitológica e filosófica greco-romana.

 

A celebração de um modo ideológico e estético de representação que aludia à simplicidade, ao equilíbrio e à harmonia, não só resgatava índices da poética clássica, já visitados pelo Classicismo do século XVI, como identificava uma postura contrária aos exageros presentes nos modos de viver do clero e da nobreza.

 

A singeleza presente na vida pastoril e o elogio ao bucolismo são os elementos-chaves da estética árcade e eram vistos como capazes de destruir a “hidra do mau gosto” barroca, para empregarmos uma expressão da época.

 

A essas idéias, o Arcadismo soma a visão iluminista da Natureza como espaço lógico e racional, defendido em torno da relação indissociável entre verdade, razão, natureza e beleza proposta por Aristóteles e retomada pelos iluministas. O belo é a verdade, e a verdade é o natural.

 

Tal influência une-se o ideário iluminista. A percepção clássica da Natureza como um locus amoenus, ou seja, como um espaço de acolhimento contraposto ao espaço urbano repleto de vícios e ilusões, é difundida. É preciso fugere urbem, isto é, fugir da cidade e de seus enganos.

 

 A poética de Manuel Du Bocage

Passados mais de trinta anos da fundação da Arcádia Lusitana, surgiu uma nova associação, em torno da qual se reuniam os árcades portugueses: a Nova Arcádia, cujo participante mais famoso viria a ser Manuel Du Bocage, ou melhor, Elmano Sadino, o seu pseudônimo pastoril. Mais tarde, Bocage tornar-se-ia um dissidente da Nova Arcádia.

Quem foi Manuel Du Bocage?

 

Arcadismo e Romantismo em Portugal

O maior poeta do século XVIII português foi Manuel Maria de Barbosa Du Bocage, êmulo de Camões na vida e na obra.

Nasceu em Setúbal, em 1765.

 

Manuel Maria Barbosa Du Bocage foi um poeta inovador da literatura portuguesa. É uma personagem cuja vida inspirou uma série de histórias, nem todas reais. Criou-se um mito de Bocage, referente a uma vida boêmia e desregrada.

  • Bocage nasceu em 1765 e faleceu aos quarenta anos. Segundo António Saraiva, sua grande inspiração era Luís de Camões, a quem se comparou no poema a seguir:

 

“A Camões, comparando com os dele os seus próprios infortúnios”

Camões, grande Camões, quão semelhante

Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!

Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,

Arrostar co'o sacrílego gigante.

Como tu, junto ao Ganges sussurrante,

Da penúria cruel no horror me vejo.

Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,

Também carpindo estou, saudoso amante.

Ludíbrio, como tu, da Sorte dura

Meu fim demando ao Céu, pela certeza

De que só terei paz na sepultura.

Modelo meu tu és, mas . . . oh, tristeza! . . .

Se te imito nos transes da Ventura,

Não te imito nos dons da Natureza”.

 

  • Na poesia de Bocage, a tensão entre o racional e o emocional é a tônica, embora, em sua produção madura, seja possível assistir ao predomínio do segundo sobre o primeiro.
  • Isto gerou uma categorização de boa parte da crítica literária em relação à poética de Bocage, que passou a ser caracterizada como “Pré-Romântica”.
  • Na verdade, é interessante o questionamento dessa postura crítica, que antes revela uma dificuldade em lidar com a diferença do que o desejo de uma pesquisa mais profunda sobre o autor.

 

  • “Saiba morrer o que viver não soube”:

                Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel de paixões, que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana!

                De que inúmeros sóis a mente ufana
Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua origem dana.

                Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos.

                Deus, oh Deus! quando a morte a luz me roube,
Ganhe num momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube

 

Como você acha que Bocage se apresentaria? Descubra, assistindo à declamação do poema

“Retrato Próprio”, em http://www.youtube.com/watch?v=sesWXeQbILw

 

Nasceu em Setúbal, em 1765. Cedo, apaixona-se por Gertrudes (que aparece como Gertrúria em sua poesia), mas resolve alistar-se na Marinha de Guerra, em 1783.

 

Três anos depois, embarca na nau "Senhora da Vida", em viagem para Goa. Faz escala no Rio, onde se regala em festins e amores tropicais. Chegado à Índia, o tempo começa a correr-lhe bem: é promovido a tenente e mandado a Damão, mas deserta, levado por amavios de baixos amores. Em 1789, segue para Macau e, no ano seguinte, para Lisboa. Ao chegar, sabe com tristeza que Gertrudes se casara com seu irmão. Desgostoso, entrega-se a uma vida desregrada e boêmia, ao mesmo tempo que frequenta a Nova Arcádia.

 

Em 1797, é preso e condenado a receber doutrina dos oractorianos. Livre, passa a viver de traduções e tarefas similares. Mas novas desgraças o espreitam, como a doença, paixões infelizes, tormentos da sensibilidade; recolhe-se ao leito, à espera do fim, que chega a 21 de dezembro de 1805. Morre na miséria e arrependido. Seu pseudônimo arcádico era Elmano Sadino, formado com as letras do seu prenome e do rio Sado, que banha Setúbal.

 

Em sua vida, Bocage publicou Idílios Marítimos recitados na Academia das Belas Artes de Lisboa (1791) e as Rimas (3 vols., 1791, 1799, 1804). Postumamente, com o título de Obras Poéticas, saíram mais dois volumes (1812 e 1813), e de Verdadeiras Inéditas Obras Poéticas, um. volume (1814). Em 1853, Inocêncio Francisco da Silva publicou-lhe as Poesias, em seis volumes, considerada a melhor edição do espólio poético bocageano.

 

 O Romantismo

O Romantismo emerge em um momento de supremacia burguesa e de coroação de seus ideais liberais. Caracterizou-se por ser um movimento capaz de alinhavar posições plurais, como o egocentrismo e o ufanismo, ao mesmo tempo, em um momento de formação dos estados nacionais. Frente a tal variedade, o pensador Michel Löwy classificou o universo romântico como um quebra-cabeça chinês, que com um número limitado de peças é capaz de criar centenas de figuras.

 

Apesar da diversidade, podemos postular, ao menos, dois elementos fundamentais na visão de mundo romântica. São eles a substituição da racionalidade pela emoção e a inferência de uma realidade plural, cuja multiplicidade é conexa à percepção subjetiva, criada pela projeção do estado psíquico no processo de apreensão externo.

 

O predomínio da emoção sobre a razão emerge em um momento de crise do pensamento racional como modo de explicação do mundo. O sentimento passa a preponderar sobre a realidade, que deixa de ser, como dito, um mero dado exterior imutável e torna-se uma construção subjetiva. Assim, a natureza não é mais vista como um espaço de apreensão racional, pois sua percepção dependerá do estado psíquico do indivíduo que a apreende.

 

Com o foco na subjetividade, o Romantismo exige a liberdade de percepção do mundo e do fazer artístico. Rompe com a proposta de Boileau, na qual o fazer artístico é um ato racional. A escrita artística torna-se uma ação espontânea e personalista. Quebra-se, ainda, a perspectiva de uma filtragem do real, para a sua adequação representativa. O artista, como sujeito, é livre para expressar as suas peculiaridades, fora de convenções rígidas.

 

A razão revela-se como insuficiente para a compreensão plena da realidade. Será a emoção o instrumento pelo qual o artista será capaz de expressá-la artisticamente, portanto. A máxima cartesiana do “penso, logo existo” poderia ser substituída por “sinto, logo existo”, uma vez que o edifício ideológico romântico sustenta-se, principalmente, no antirracionalismo e na subjetividade.

 

O subjetivismo romântico, aliás, propaga a superioridade do sofrimento como forma potente de conexão com o mundo. Melancolia, tristeza e tédio são expressões sentimentais de sujeitos que não encontram caminhos para o exercício de suas potencialidades. Anunciam a máxima romântica do “mal do século” e do escapismo, como forma de confrontá-lo, através do sonho, da viagem, do exotismo, do exílio e da morte.

ROMANTISMO EM PORTUGAL (1825 – 1865)

 

  • O Romantismo em Portugal (1825 – 1865)
  • Em Portugal, o Romantismo chega após décadas de existência na França, na Inglaterra e na Alemanha.
  • Sua emergência ocorre em um momento de grande crise política e econômica.
  • A perspectiva de discutir questões identitárias através de uma literatura que valorizava a cultura popular e os demais possíveis signos de um perfil nacional encontrava na arte portuguesa o seu potencial.
  • A obra considerada como a pioneira da literatura romântica portuguesa, pela crítica literária, é Camões, de Almeida Garret. A obra trata sobre a vida do poeta ícone de Portugal e é escrita após uma viagem de Garret, na qual conhece obras românticas.
  • Camões anuncia uma sensibilidade artística diferente, já intuída por seu autor, que ainda não consegue nomeá-la, mas já a percebe fora das convenções estéticas árcades, como conta na introdução à obra.
    • A índole deste poema é absolutamente nova; e assim não tive exemplar a que me arrimasse, nem norte que seguisse Por mares nunca dantes navegados.
    • Conheço que ele está fora das regras, e que, se pelos princípios clássicos o quiserem julgar, não encontrarão aí senão irregularidades e defeitos. Porém declaro desde já que não olhei as regras nem a princípios que não consultei Horácio nem Aristóteles, mas fui insensivelmente depós o coração e os sentimentos da natureza, que não pelos cálculos da arte e operações combinadas do espírito. Também o não fiz por imitar o estilo de Byron, que tão ridiculamente aqui macaqueiam hoje os franceses a torto e a direito, sem se lembrarem que para tomar as liberdades de Byron, e cometer impunemente seus atrevimentos, é mister haver um tal engenho e talento que, com um só lampejo de sua luz, ofusca todos os descuidos e impede a vista deslumbrada de notar qualquer imperfeição. Não sou clássico nem romântico; de mim digo que não tenho seita nem partido em poesia (assim como em coisa nenhuma), e por isso me deixo ir por onde me levam minhas idéias boas ou más, e nem procuro converter as dos outros nem inverter as minhas nas deles: isso é para literatos de outra polpa, amigos de disputas e questões que eu aborreço
    • A obra pioneira de Garret abre espaço para o surgimento do que se percebe na crítica literária como o primeiro momento do Romantismo português, no qual se destacaram autores como o próprio Garret, Castilho e Alexandre Herculano.
    • Em um segundo momento, há uma fase bastante voltada para a estética do “mal do século”, ou seja, para o ultrarromantismo, expresso nas obras de Camilo Castelo Branco e Soares de Passos, principalmente. Por fim, em um terceiro momento, assistimos a emergência de obras como as de Pinheiro Chagas e João de Deus. Neste momento, situa-se a produção de Julio Dinis, que já apresentaria determinados traços realistas.
    • Para Moisés (1988, p. 156), o primeiro momento romântico português caracteriza-se pela expressão de uma sensibilidade romântica, contudo ainda organizada em torno de critérios formados pela tradição neoclássica.
    • Isso se dá, por exemplo, em Camões. Contudo, em Viagens na minha terra, Garret segue um rumo mais interessante, ao propor a mescla de gêneros na obra: o romance, a literatura de viagens, o relato jornalístico, a filosofia... A obra, segundo Moisés:
    • Inicia a modernização da prosa literária em Portugal (...) O estilo garretiano liberta-se do espartilhamento clássico, torna-se maleável, rico e plástico, faz corpo com as idéias e as emoções que transmite. É digno de nota que o escritor procede com um à vontade modesto (...) como se narrasse despretensiosamente suas observações de viagem com intuitos de reportagem, em uma linguagem desataviada, mas dialeticamente tensa, direta, apoiada em recursos fáceis, e espontâneos, segundo uma dicção emprestada à fala cotidiana.

 

Em Portugal, o Romantismo chega após décadas de existência na França, na Inglaterra e na Alemanha. Sua emergência ocorre em um momento de grande crise política e econômica. A perspectiva de discutir questões identitárias através de uma literatura que valorizava a cultura popular e os demais possíveis signos de um perfil nacional encontrava na arte portuguesa o seu potencial.

 

A obra considerada como a pioneira da literatura romântica portuguesa, pela crítica literária, é Camões, de Almeida Garret. A obra trata sobre a vida do poeta ícone de Portugal e é escrita após uma viagem de Garret, na qual conhece obras românticas. Camões anuncia uma sensibilidade artística diferente, já intuída por seu autor, que ainda não consegue nomeá-la, mas já a percebe fora das convenções estéticas árcades, como conta na introdução à obra.

 

Em Camões, Garret já consegue perceber, ainda que de modo limitado, a escrita romântica como um processo de libertação de convenções pré-determinadas; tal liberdade promoveria a expressão subjetiva e peculiar do autor, no que consistiria a riqueza do texto: a sua originalidade. É interessante notar que Garret recusa até mesmo o rótulo de romântico, por conta do desejo de buscar o próprio caminho nos “mares nunca dantes navegados”, como anunciado por Luís de Camões.

 

 João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett e mais tarde 1.º Visconde de Almeida Garrett, foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português.

A obra pioneira de Garret abre espaço para o surgimento do que se percebe na crítica literária como o primeiro momento do Romantismo português, no qual se destacaram autores como o próprio Garret, Castilho e Alexandre Herculano.

 

Em um segundo momento, há uma fase bastante voltada para a estética do “mal do século”, ou seja, para o ultrarromantismo, expresso nas obras de Camilo Castelo Branco e Soares de Passos, principalmente. Por fim, em um terceiro momento, assistimos a emergência de obras como as de Pinheiro Chagas e João de Deus. Neste momento, situa-se a produção de Julio Dinis, que já apresentaria determinados traços realistas.

 

Para Moisés (1988, p. 156), o primeiro momento romântico português caracteriza-se pela expressão de uma sensibilidade romântica, contudo ainda organizada em torno de critérios formados pela tradição neoclássica.

 

Isso se dá, por exemplo, em Camões. Contudo, em Viagens na minha terra, Garret segue um rumo mais interessante, ao propor a mescla de gêneros na obra: o romance, a literatura de viagens, o relato jornalístico, a filosofia... A obra, segundo Moisés:

 

Inicia a modernização da prosa literária em Portugal (...) O estilo garretiano liberta-se do espartilhamento clássico, torna-se maleável, rico e plástico, faz corpo com as ideias e as emoções que transmite.

  

A questão da valorização nacional

  • A questão da valorização nacional perpassa a narrativa, nos questionamentos do protagonista Carlos e na representação da paisagem e dos tipos portugueses. De outro modo, aparece na prosa de Alexandre Herculano, a partir da reflexão histórica sobre um passado medieval reinventado pela palavra literária e alimentado pela nostalgia dos valores medievais.
  • Além de prosador, Herculano também foi poeta, mas concentrou a sua produção no romance e nos contos, dando relevância às narrativas de caráter histórico, como Eurico, o presbítero, que retoma o ambiente do Portugal medieval das Cruzadas. Antes, ainda, em consonância com a onda nacionalista romântica expressa pela chave da literatura de origem popular, publica Lendas e narrativas, após compilar, criar e /ou co-criar uma série de narrativas originalmente orais

 

O segundo momento romântico português

O segundo momento romântico português pode ser encontrado entre os anos de 1838 e 1860, em um momento no qual a liberdade expressiva romântica já se sobrepunha aos índices árcades e neoclássicos.

 

Três grupos o compunham: os medievalistas – do qual participou um poeta brasileiro, Gonçalves Dias; o do jornal “O Trovador”; e o do jornal “O Novo Trovador”. Como principais elementos da poética ultrarromântica portuguesa, podemos indicar:

  • Tom intenso e, por vezes, paradoxal.
  • Medievalismo
  • Tédio e melancolia
  • Temática fúnebre
  • Ideia mística do papel do poeta e de sua missão.

 

  A obra de Camilo Castelo Branco

 

  • A obra de Camilo Castelo Branco é ampla e abarca a poesia, o teatro e a prosa histórica, de novelas, satírica e passional. No que toca ao domínio do romance histórico, Camilo inovou a colocar a criatividade em primeiro plano, desprezando a fidelidade ao factual, como se convencionava, até então.
  • Sua obra mais famosa é Amor de perdição, romance que representa uma história de amor proibido, por conta da rivalidade entre as famílias dos jovens enamorados, Teresa e Simão.
  • Simulação do teor verdadeiro da obra e do narrador como  mediador.
  • Discussão metalingüística no texto
  • Condição de Portugal no oitocentos e o papel da família.
  • Há, na narrativa, diversos questionamentos sobre a decadência da aristocracia, o papel social da mulher e à Igreja Católica – em oposição ao enaltecimento da religiosidade.
  • Problematização do papel do herói.
  • A troca de epístolas.
  • A idéia da permanência do amor após a morte é aqui defendida, pela postura de abandono da vida – expressa no exílio, no isolamento e na morte física-, das personagens.
  • Um elemento importante da narrativa é a formação de um triângulo amoroso, pela presença da personagem Mariana. Para alguns críticos, é dela o verdadeiro amor de perdição sobre o qual fala o título. Com Mariana, a discussão dos limites do amor é trazida à tona, bem como o questionamento dos preconceitos sociais portugueses.

 

 

A obra de Camilo Castelo Branco é ampla e abarca a poesia, o teatro e a prosa histórica, de novelas, satírica e passional. No que toca ao domínio do romance histórico, Camilo inovou a colocar a criatividade em primeiro plano, desprezando a fidelidade ao factual, como se convencionava, até então.

 

Sua obra mais famosa é Amor de perdição, romance que representa uma história de amor proibido, por conta da rivalidade entre as famílias dos jovens enamorados, Teresa e Simão.

 

Sobre a obra Amor de perdição, assista ao episódio do programa “Grandes Livros”: http://www.youtube.com/watch?v=TMkqpukMFhM&playnext=1&list=PLB7DE19B5EE221DF2

 

A obra de Camilo também vai além da mera representação de uma história de amor ao discutir questões como a condição de Portugal no oitocentos e o papel da família. Há, na narrativa, diversos questionamentos sobre a decadência da aristocracia, o papel social da mulher e a Igreja Católica – em oposição ao enaltecimento da religiosidade.

 

A representação do protagonista aponta para a problematização do papel do herói. Simão é um rapaz rebelde que muda por amor, mas diante de sua proibição cai em erro e perde-se de si e de seus sonhos amorosos. É um herói que já apresentaria traços de um anti-heroísmo, no sentido lucaksiano, de uma personagem deslocada no mundo e em conflito insolúvel. Além do mais, Simão mata movido pelo desejo pessoal e não em nome do coletivo.

 

Neste romance, Camilo usa um recurso muito recorrente no Romantismo, embora incomum em Portugal, a simulação de que a obra é, na verdade, uma confidência na qual o narrador atua como um mediador. O autor simulou ser a obra, cujo subtítulo é “memórias de uma família”, extraída de uma história real, com a transcrição, na abertura do romance, de um documento da Torre do Tombo, a ela referente.

 

Outra inovação de Camilo veio a ser a presença de uma discussão metalinguística no texto, a partir da interferência do narrador que conclama o narratário a refletir sobre questões como o papel do herói no romance e o papel da verossimilhança na narrativa romanesca.

 

O amor romântico puro e idealizado é representado na narrativa a partir de outra inovação do autor: a troca de epístolas. Poucos são os momentos nos quais os protagonistas falam-se pessoalmente. A ideia da permanência do amor após a morte é aqui defendida, pela postura de abandono da vida – expressa no exílio, no isolamento e na morte física-, das personagens.

 

Um elemento importante da narrativa é a formação de um triângulo amoroso, pela presença da personagem Mariana. Para alguns críticos, é dela o verdadeiro amor de perdição sobre o qual fala o título. Com Mariana, a discussão dos limites do amor é trazida à tona, bem como o questionamento dos preconceitos sociais portugueses.

 

Clique aqui para ler o romance Amor de Perdição: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000206.pdf