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A Escola de Frankfurt
A Escola de Frankfurt

A Escola de Frankfurt – Origens

Crítica Cultural: A Escola de Frankfurt

  • A Escola de Frankfurt denomina uma teoria interdisciplinar ligada ao Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt, Alemanha, fundada em 1924. 
  • Ideia fundamental: desenvolvimento de um pensamento neomarxista em oposição à corrente tradicional dos seguidores de Marx, que atendiam a interesses de partidos comunistas ortodoxos e não se preocupavam em compreender o desenvolvimento das sociedades capitalistas do mundo moderno que explodiram especialmente a partir do século XX.

 

Contexto histórico da Escola de Frankfurt

 

  • Ascensão do autoritarismo e fracasso da democracia liberal burguesa no período que antecede e o que vem logo após a Segunda Guerra.
  • Hitler e Stalin, em lados opostos, impõem sua política autoritária.
  • Difusão do marxismo e da teoria psicanalítica de Freud.

 

Dialética do Iluminismo

Segundo a “dialética do Iluminismo”, o projeto iluminista (século XVIII) de que todos teriam direito ao exercício das liberdades individuais e ao progresso havia fracassado com o surgimento do capitalismo, que impôs um modelo econômico e social que limitou a liberdade e o progresso da sociedade e do ser humano.

 

Indústria Cultural

O interesse pela comunicação e o avanço das tecnologias faz surgir a “indústria cultural” que massifica e mercantiliza as manifestações artísticas e o pensamento intelectual, limitando a formação de uma consciência crítica. Os filósofos da Teoria Crítica não veem problemas no uso dos instrumentos de comunicação, mas em se fazer deles uma acomodação das ideologias às circunstâncias sociais.

 

Principais pensadores que influenciaram aTeoria Crítica da Escola de Frankfurt

 

Friedrich Hegel (1770-1831): Filósofo que propôs a teoria do Idealismo Absoluto, etabelecendo, de modo integrado e desenvolvido, a relação entre mente e natureza, sujeito e objeto do conhecimento, psicologia, Estado, história, arte, religião e filosofia. Hegel desenvolveu o conceito de que a mente (ou espírito) – "Geist" – manifesta-se por contradições e oposições que se integram e se unem.

 

Karl Marx (1818-1883): Economista, historiador, filósofo e estudioso da teoria política. Fundador da teoria comunista moderna, a qual traduz-se numa crítica às sociedades capitalistas. Sua obra O Capital (1867, Tomo I) teve grande repercussão entre os intelectuais do final do século XIX e orientou os movimentos operários.

 

O pensamento de Marx organiza uma visão materialista da História, ou seja, as ideias são advindas de uma “psicologia do corpo social”, a qual não se dá no interior do indivíduo, mas num processo de exteriorização.

 

Karl Marx considera que o trabalho é a atividade humana fundamental, visto que o homem é um ser social.  Dessa forma, ganham destaque em seus estudos as “relações de produção” e as “relações sociais”, pois acredita o teórico ser essa a base da organização da humanidade. Assim, estabelece-se uma teoria revolucionária de que alienar o homem do trabalho corresponde a aliená-lo de todas as demais funções sociais.

     

Friedrich Nietzsche (1844-1900): Filósofo e filólogo alemão que teve especial interesse em estudar a cultura ocidental e as religiões judaico-cristãs. Para criticar o “idealismo metafísico”, Nietzsche propõe a “genealogia dos valores”; ou seja, o mundo abstrato das ideias religiosas e morais que formam o ser humano poderia ser substituído pelos estudos da origem e evolução dos valores sociais.

 

Sigismund Freud (1856-1939): Médico neurologista, fundador da Psicanálise. Freud aplicou a técnica da hipnose para tratamento de doenças, chegando à conclusão que algumas delas poderiam se enquadrar no conceito de psicopatologia. Abandonou o uso da hipnose como tratamento para utilizar a interpretação dos sonhos e a “livre associação”, técnica através da qual o médico seleciona e interpreta o que o paciente diz sobre si mesmo.  Freud revolucionou os estudos sobre a mente humana ao estabelecer o conceito de “inconsciente” com base científica.

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Principais representantes da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt

 

Max Horkheimer (1895-1973): Foi diretor do Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt.  O pensador considera que as teorias marxistas não são conclusivas, mas que delas se pode partir para investigações futuras sobre o "materialismo".     

 

Em 1947, Horkheimer publica Eclipse da Razão, obra que apresenta a tese da “dialética do esclarecimento”. No mesmo ano, publica, com Adorno, Dialética do Esclarecimento, na qual discute a crise da Modernidade e o mito da dominação da natureza proposta pelo capitalismo.

 

O progresso, no fim, ameaçaria anular o que seria seu próprio objetivo: a ideia de homem. Assim, seria possível identificar um “neobarbarismo” como sintoma da crise superior do Ocidente, visto que a racionalidade progressista colocaria em risco a própria substância da razão.                        

 

A razão é o conceito nuclear da teoria crítica. Ela propõe a reconciliação das contradições, inclusive a contradição entre o homem e a natureza. Horkheimer destaca a importância da razão objetiva contra a razão subjetiva. Segundo o teórico, os dois conceitos não se separam. Para Horkheimer, cabe à filosofia unir os dois conceitos e lançá-los na realidade.

 

Walter Benjamin (1892-1940): Ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo. Em A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade Técnica, o autor desenvolve um estudo sobre a perda da “aura” na obra de arte em decorrência das muitas reproduções de obras originais que são realizadas a partir do aprimoramento técnico, especialmente no cinema. Em decorrência, tem-se uma perda qualitativa e uma alteração na percepção da obra de arte. Benjamin considera positivo o fato de as massas entrarem em contato com a arte, o que promove mudanças significativas nas estruturas sociais.

 

Theodor Adorno (1903-1969):  A Filosofia de Theodor Adorno tem como princípio básico o conceito de dialética. Uma de suas obras mais importantes é Dialética do Esclarecimento, escrita em colaboração com Max Horkheimer, na qual se estabelece um discussão sobre a “razão” através de uma interpretação de que a razão, desde o Iluminismo, age com autoridade sobre o indivíduo. Adorno também critica, nesta obra, a sociedade de mercado, que adota uma visão exclusivamente técnica, e a “indústria cultural” do sistema capitalista.

 

Erich Fromm (1900-1980): Um dos diretores do Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt, Fromm recusou a tese aceita, na década de 1950, de que o ser humano se adaptaria à qualquer condição social (“relativismo sociológico”). O pensador apresenta, contrariamente, a tese do “humanismo normativo”, de base psicanalítica, segundo a qual o ser humano não aceitaria condições sociais contrárias à sua natureza e, como consequência, ou tentaria mudar tais condições ou se tornaria apático, abdicando de suas faculdades condicionadas à razão e alienando-se socialmente.

 

Herbert Marcuse (1898-1979): Sob a influência das ideias de Marx, Herbert Marcuse criticava o desenvolvimento acelerado da tecnologia, o racionalismo que dominava as sociedades modernas e os movimentos que reprimiam as liberdades individuais, a partir do aniquilamento da Razão. Marcuse aliava-se a uma tendência marxista de valorização social do proletariado, classe que havia perdido seu poder ao permitir o surgimento do nazismo, do stalinismo e do sistema capitalista. Para o filósofo, somente os destituídos de poder econômico poderiam substituir os proletários na capacidade de criar novos mecanismos sociais.

 

Jürgen Habermas (1929): Também estudioso do marxismo, o filósofo diferenciou-se de seus contemporâneos por apresentar uma visão menos pessimista das sociedades modernas. Para que a sociedade cumprisse os ideais propostos pelos iluministas, Habermas adota o paradigma comunicacional, ou seja, a “razão comunicativa” livre, racional e crítica. Segundo o autor, nas sociedades coexistem o “sistema”, que se refere à “reprodução material” que se incorpora ao poder político e à economia, e o “mundo da vida”, a qual se dá na esfera simbólica da linguagem que compõe a visão de mundo referente aos fatos objetivos, às normas sociais e aos conteúdos subjetivos.