Estudo sobre as formas dramáticas
Origens das formas dramáticas
O termo “dramático”
A ação no texto dramático
– O texto dramático é relacionado à ação.
– Epopéia → Ação narrada X Drama → ação encenada
– No drama, a ação é expressa através da encenação.
– Podemos dizer que o texto dramático põe em cena a ação.
Responsáveis pelo desenvolvimento do drama: atores
– Interpretação
– Gestos, olhares e vozes.
O texto dramático representa um universo ficcional no qual a figura do autor é diluída pelos atores, que o ocultam ao darem voz e vida às personagens.
Isto simula a existência de um mundo independente de alguém para narrá-lo, de um cosmo autônomo.
O processo de apresentação do texto dramático
– Foco → desenvolvimento da história.
– Estrutura dramática:
O teor fundamental do conflito:
– O desdobramento do conflito é o cerne do drama.
– O percurso da situação problemática até o final é envolto em grande expectativa.
As relações entre o problema e o pathos (uma leitura de Emil Staiger sobre Aristóteles)
– O problema une-se ao pathos.
– O conceito de pathos
A conexão entre o problema e o pathos
– O espectador fica curioso para acompanhar o desdobramento das situações, as conseqüências das ações das personagens.
– “Essa interdependência entre as partes é responsável pela tensão que, por sua vez, exige a concentração no essencial e a aceleração do tempo, para que nada se perca, nem se veja prejudicado o sentido do todo. É o que Aristóteles chamou de unidade de ação”. (SOARES).
Formas primevas do gênero dramático: a comédia e a tragédia.
A comédia
– A origem do termo: os atores migravam de aldeia a aldeia.
– Ao chegarem a uma aldeia, representavam na peça o que consideravam mais ridículo nos habitantes do local, com ênfase na representação dos homens julgados como moralmente inferiores.
Efeitos da comicidade
– Lisístrata ou A greve do sexo
A tragédia
– Em grego: “sair de si mesmo”.
– Em grego “trazer deus dentro de si”.
– Logo, o ato de celebrar era uma forma de conectar-se ao divino.
– Uso de máscaras de sátiros e entoação de cantos, como os ditirambos.
– Aristóteles, em Arte Poética
– Divisão
– Criação da figura do corifeu –que poderia cantar só
– Surgimento da figura do hipócrita, do grego “aquele que finge”
– Originalmente, os mitos sobre o deus Dionísio.
– Depois, o universo mitológico, de modo amplo.
– Momento de crise entre os valores do pensamento mítico e do pensamento filosófico.
– Admite a fabulação apenas à poesia épica e a poesia dramática, discorrendo sobre os dois gêneros.
– Ênfase nos estudos sobre a forma trágica
– O dáimon é o grande adversário simbólico do herói épico.
– A luta contra o dáimon faz-se pelo esforço do herói em fazer valer o seu desejo de conduta, o seu caráter: o ethos.
– Traço essencial do texto trágico: a impossibilidade do Homem controlar o seu destino, de não se adequar e de não se submeter sem punições.
– A celebração do drama trágico pelo Estado grego.
– O excesso, o erro cometido pelo herói.
– Falha inconsciente.
– Causada pelo choque entre o dáimon e o ethos.
À tua frente está sua mulher e mãe
Dos filhos dele (...)”
– A questão do olhar em Édipo Rei
– Fábula ou mito
– Caracteres
– Evolução
– Pensamento
– Espetáculo
– Canto
A tragédia revela a medida pequena e precária do ser humano, incapaz de enfrentar, com sucesso, as forças do destino.
Aristóteles identificou e categorizou seis partes da tragédia:
Fábula ou mito / Evolução / Espetáculo / Espetáculo / Caracteres / Pensamento / Canto
Tais partes precisariam estar perfeitamente combinadas, e o desenvolvimento da fábula deveria ser feito através de uma sucessão de causas e consequências capazes de performar a unidade de ação.
– Nó: diz respeito à parte que abarca o início da tragédia até a situação-problema, a desventura do herói.
– Reconhecimento: o momento em que a personagem sai de sua ignorância e conhece a verdade, como ocorre com Édipo, após a revelação de Tirésias.
– Peripécia: acontecimento que leva à mudança na ação dramática
– Clímax: o auge do conflito, o momento máximo de tensão, que antecede à resolução, que, por sua vez, levará à desgraça.
– Foco da tragédia
– A catarse seria provocada pelos sentimentos profundos de piedade e de terror sentidos pelo espectador, ao assistir à tragédia. Estes sentimentos provocariam um choque, uma descarga emocional, e após este e como sua conseqüência, um sentimento de alívio e de purificação.
Outras formas dramáticas
Os mistérios eram voltados para uma audiência popular. Havia uma função propedêutica nos mistérios, no sentido de ensinarem ao povo aspectos da religiosidade católica, de modo simples, concreto e compreensível. Geralmente, versavam sobre histórias bíblicas. Eram encenados nas praças das cidades medievais e contavam com ampla participação popular.
Outro tipo de auto religioso, igualmente popular, eram os milagres, peças que contavam a vida dos homens e mulheres considerados como santos pela Igreja Católica.
Devemos considerar, no contexto medieval, o fato de que a maior parte da população era analfabeta, bem como o domínio da cultura pela escolástica, para compreendermos melhor a importância dos autos religiosos, em seu momento inicial.
– Audiência popular.
– Função propedêutica, de modo simples, concreto e compreensível.
– Geralmente, versavam sobre histórias bíblicas.
– Encenados nas praças das cidades medievais
Contavam a vida dos homens e mulheres considerados como santos, pela Igreja Católica.
Devemos considerar, no contexto medieval, o fato de que a maior parte da população era analfabeta, bem como o domínio da cultura pela escolástica, para compreendermos melhor a importância dos autos religiosos, em seu momento inicial.
– Dramas voltados para a discussão das angústias humanas
– Representação de personagens estereotipadas e da representação maniqueísta da vida, expressa no conflito entre o bem e o mal.
– Tinham como objetivo levar o espectador a refletir, em torno de um modelo moral percebido como justo.
O escritor Victor Hugo propôs, no século XIX, uma nova forma dramática: o drama romântico.
O drama burguês surgiu em fins do século XVIII, a partir da proposta do filósofo e escritor Denis Diderot. Foi muito importante, pois, pela primeira vez, substituiu personagens e espaços baseados no repertório clássico greco-romano por personagens alusivos à sociedade coeva a Diderot.
Como o nome revela, representava a burguesia francesa, os seus espaços e a sua visão de mundo, como nas peças O filho natural e O pai de família, de Diderot.
A ideia de uma representação dramática fundada na atualidade é retomada no século seguinte por Alexandre Dumas Filho, que, em sua peça A dama das camélias, retrata a vida e o amor de uma prostituta e o seu contato e influência com os homens da alta sociedade francesa. Posteriormente, tal ideia é incorporada à cena teatral.
– No lugar do pathos, o afastamento entre o espectador e a representação dos atores, bem como entre os atores e as personagens.
– Situação inicial
– Situação problema → sofrimento intenso do herói
– Resolução → superação e redenção do herói.
Se desejar, leia o artigo: “Os caminhos do drama burguês: de Diderot a Alexandre Dumas Filho”, disponível em http://www.ufjf.br/darandina/files/2010/02/artigo20a.pdf
Assista, se quiser, à adaptação de A dama das camélias para a teledramaturgia: http://www.youtube.com/watch?v=htqGOFSCkcM