LIVRO ABERTO
Um menino muito curioso e que gostava de ouvir histórias. Esse perfil é do brasiliense Oto Dias Becker Reifschneider, que sempre foi incentivado a colecionar. “Meus pais, tios e avós me ajudavam com as coleções quando pequeno. Possuo diversas e uma razoável dificuldade de me desfazer de qualquer coisa. Tudo me parece importante, significativo. Tenho desde pedrinhas e conchas da minha infância até coleções mais significativas como selos e, principalmente, moedas. Revezo meu tempo livre entre a numismática e, nos últimos anos, a bibliofilia”, conta.
Professor bacharel em história e mestre em sociologia, Oto diz que os livros sempre fizeram parte da sua vida. “Eu já adorava os livros pelo aspecto funcional, quando prestei atenção como objeto, então...” Atualmente, ele dispõe de um acervo com mais de 3 mil volumes, publicados desde o século XVI até hoje.
Entre tantos livros – editados em português, inglês, italiano, francês, espanhol e alguns em alemão – Reifschneider não tem uma obra específica que seja a sua preferida, “mas algumas dezenas...”, como ele mesmo diz. Gosato muito quando conheço pelos livros bons ilustradores (como foi o caso de Carnicelli em edições da Casa Mayença), de confrarias (‘Cem Bibliófilos’, ‘Cattleya Alba’, ‘Confraria dos Bibliófilos do Brasil’, esta ainda existe e eu participo), de obras sobre situações possíveis que não se concretizam, como a imigração chinesa no Brasil no século XIX, entre outros. Talvez o livro mais valioso que eu tenha seja um atlas francês do século XVIII completo, todas as gravuras, porque muitos antiquários costumam arranca-las e vende-las separadamente.”
Sempre à procura de novos títulos, seja em sebos, leilões, livrarias diversas e pela internet, o colecionador revela que já conseguiu muitas raridades. “Acho que pelo menos um terço da biblioteca poderia se enquadrar na categoria de livro raro. Boa parte dessas obras foi conseguida em leilões, sem vê-las, guiando-me por descrições mal elaboradas – claro, já consegui muita coisa ruim exatamente dessa mesma forma. O restante foi comprado aos poucos, com muita paciência, em sebos de Brasília e em algumas incursões pelo Rio de Janeiro e, especialmente, em São Paulo. Além disso, consigo um ou outro volume de forma mais inusitada, por troca, fóruns ou até mesmo pela Internet.”
Os livros de seu acervo são adquiridos de acordo com diversos critérios, como raridade, encadernação, tiragem especial ou a história da obra em si. “Tenho, por exemplo, quase todos os livros de Manuel Bandeira e de Cassiano Ricardo em primeira edição e autografados. Meu interesse especial é por literatura, pois adoro conto e romance, história, filosofia e disciplinas correlatas”, afirma.
Os autografados – com dedicatória exclusiva para ele – foram conseguidos em palestras, encontros literários ou acadêmicos e adquiridos com a assinatura do autor. “Tenho algumas centenas de livros autografados. Nesse caso, quase sempre de autores que muito me interessam. Um exemplo é a quarta edição do ‘Martim Cererê’, de Cassiano Ricardo, com dedicatória do autor para Plínio Salgado, um dos mentores e principais figuras do integralismo. Essa edição, além de tudo, é ilustrada por Di Cavalcanti”, diz .
Da sua biblioteca particular, admite ser um leitor assíduo, tanto que gosta de ler livros ao acaso e não apenas obras consagradas. “Dos 3 mil volumes, aproximadamente um quarto já devo ter lido, sem contar obras emprestadas de colegas ou bibliotecas”, conta, admirando uma das estantes onde guarda a sua coleção. Sobre preços, Reifschneider comenta que tudo depende da obra, da procura e da praça onde se está. “Há uma tendência dos valores se estabilizarem um pouco mais com a internet, pois ambos compradores e vendedores tem à sua disposição cada vez mais informação, mais acertos digitalizados, mais preços on-line.”
Para os aficionados no gênero e que buscam informação, Oto Reifschneider coordena desde 2002 um fórum sobre bibliofilia na internet. “Até onde sei, é o único em atividade no Brasil. São 60 membros, entre comerciantes, colecionadores, restauradores e curiosos. Nele ficamos sabendo de novidades no mercado antiquário de livros e conversamos sobre assuntos estritamente correlatos.
Fonte: Revista Retrô/Antiguidades/Coleções/Arte
O Escavador não edita, cria ou altera o conteúdo exibido. Todo processo de coleta de dados é realizado automaticamente através de fontes públicas pela Lei de Acesso à Informação. Portanto, o Escavador não substitui as fontes originárias da informação, não garante a veracidade dos dados, não garante que os dados estejam atualizados e o sistema pode mesclar informações de homônimos (pessoas com mesmo nome).
Possui graduação em História pela Universidade de Brasília (2002), mestrado em Sociologia (2005) e doutorado em Ciência da Informação (2011) pela mesma universidade. Tem como áreas de interesse os estudos do livro e a história da gravura. Em seus trabalhos, procura revelar o processo que antecede a obra. Seus estudos podem ser acessados em: http://perlocutorio.com/
Informações coletadas do Lattes em 17/05/2015
Doutorado em Ciência da Informação: Comunicação
Universidade de Brasília
Título: A bibliofilia no Brasil
Antônio Lisboa Carvalho de Miranda. Bolsista do(a): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Palavras-chave: bibliofilia; biblioteca; artes gráficas; história do livro.Grande área: Ciências Humanas / Área: Antropologia. Grande Área: Ciências Humanas / Área: História / Subárea: História do Brasil. Grande Área: Ciências Sociais Aplicadas / Área: Ciência da Informação. Setores de atividade: Artes, cultura, esporte e recreação.
Mestrado em Sociologia
Universidade de Brasília
Mariza Veloso Motta Santos.Bolsista do(a): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Palavras-chave: identidade; teoria social; nacionalismo.Grande área: Ciências Humanas / Área: Sociologia / Subárea: Fundamentos da Sociologia / Especialidade: Teoria Sociológica.
Graduação em História
Universidade de Brasília
Para saber mais: http://www.escavador.com/pessoas/265604