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Refletindo Sobre Literatura Infantil
Refletindo Sobre Literatura Infantil

 

A história começa assim: refletindo sobre literatura infantil

  

A literatura infantil é um ramo da literatura no qual os textos produzidos são endereçados diretamente a um público em especial: a criança, o adolescente ou o jovem. O gênero literário infantil foi gradualmente conquistando espaço nas discussões acadêmicas, nos programas de incentivo governamentais e no mercado editorial, a partir da repercussão do conceito de infância e mais ainda da cultura da infância, debatido em várias instâncias.

 

Na linha do tempo mundial, a literatura infantil se inicia no século XVII com a coleta e adaptação de contos e lendas da Idade Média, trabalho do francês Charles Perrault (Cinderela e Chapeuzinho Vermelho), constituindo os contos de fadas, que durante longo período de tempo foram considerados o paradigma da literatura infantil.

 

Na Alemanha do século XIX os irmãos Grimm (João e Maria, Rapunzel) também desenvolveram uma coleta de contos populares. Em vários locais foram desenvolvidas soluções narrativas que se tornaram a base, os padrões do gênero literário infantil, como as do dinamarquês Christian Andersen (O patinho feio, Os trajes do imperador), as do italiano Collodi (Pinóquio), as do inglês Lewis Carrol (Alice no país das maravilhas), as do americano Frank Baum (O mágico de Oz) e as do escocês Jamies Barrie (Peter Pan).

 

O trabalho de adaptação dos contos populares se fundamentava na identificação entre a ingenuidade da mentalidade popular e a infantil, invocando o direcionamento de ensino, de orientação moral (o valor pedagógico) já que a criança viria a se tornar um adulto. A literatura infantil cumpria assim, naquela época, a sua missão didática, pedagógica.

 

No Brasil, a literatura infantil se inicia com o trabalho de um intelectual destacado na sociedade: Monteiro Lobato. O autor estabelece em sua obra uma ligação entre a literatura e as questões sociais, contrapondo as visões elitistas, europeias e livrescas, tão comuns em sua época. Através de uma narrativa que registra as peculiaridades locais e que, indo mais além, se identifica com a mesma de forma sensível e inteligente, Lobato prestigia a literatura infantil e perdura por muitos anos como o ícone do gênero. Assim, a arte literária infantil brasileira viveu por muitos anos sob a sua sombra.

 

Atualmente as discussões sobre literatura e literatura infantil corroboram a seguinte questão: dentre as manifestações artísticas, a literatura é aquela que luta pelo seu “lugar ao sol” como uma forma de arte, assim como, a literatura infantil batalha pelo seu “lugar ao sol” como um ramo da arte literária.

 

A Literatura Infantil “vive entre dois mundos”, o pedagógico e o literário, o que a situa em uma difícil crise de identidade. A que princípio maior serve a literatura infantil? Formar leitores fluentes, preparar sujeitos para uma apreciação ética e estética, promover uma leitura de mundo crítica e reflexiva? A todos estes juntos? Paradoxalmente o gênero cria uma ligação inevitável entre os dois campos, a pedagogia e a literatura, uma “interseção” por assim dizer sem a qual a literatura infantil não poderia existir.

 

Dessa forma, encontramos o gênero literário para a criança, o autor e o leitor em uma complexa rede de interesses e situações envolvendo suas vidas, suas histórias, suas realidades, suas imaginações e suas perspectivas. Portanto, a quem caberá de fato definir o destino da literatura infantil? Sob que égide será constituída a arte literária endereçada à criança, senão atender à sua mais profunda e essencial perspectiva existencial de exprimir a realidade que reside internamente tanto no autor quanto no leitor, o seu real psíquico?

 

A literatura infantil é um gênero em constante construção e constituição e não podemos negar sua natureza cultural e artística, além de formativa e informativa. Dessa maneira é inevitável tomá-la como instrumento de formação de leitores, de preparação de sujeitos éticos, estéticos e críticos, de expressão e leitura de realidades, enfim, instrumento essencial à vida humana.

Luciana Ávila

Referencial teórico utilizado nesse texto:
CADERMATORI, Ligia. O que é literatura infantil. São Paulo: Brasiliense, 2010.
LOIS, Lena Vilanova. Teoria e Prática da Formação do Leitor: o uso da literatura em sala de aula. Salvador: Instituto Newton Rique, 2001.



Luciana nasceu em março de 1974 na cidade de Salvador – Bahia. Como todo pisciano que se preza, é uma sonhadora e imaginadora de mão cheia. Adora a magia dos livros infantis… Tem dois filhos muito criativos que lhe acolhem e apoiam nas suas ideias, co-criando muitas produções!

Contato: luavila@eupapeleletras.com.br

 

Colaboração do escritor Josue Matos