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Le Chien: Novidade Editorial em Porto Alegre
Le Chien: Novidade Editorial em Porto Alegre

NOVIDADES EDITORIAIS

 

Se o mercado do livro vive tempos de incertezas, com fusão ou fechamento de empresas, Porto Alegre ganha duas novidades em um período de três meses.  Dedicada a trabalhos que priorizem a imagem, como histórias em quadrinhos e graphic novels, a Figura Editora lançou em abril seu primeiro título, SHARAZ-DE: CONTOS DE AS MIL E UMA NOITES (160 páginas), na qual o italiano Sergio Toppi adapta a história clássica.  Já neste domingo, o Acervo Independente (General Auto, 219) sediou o lançamento da novela Cabo Polônio (125 páginas), de Dieter Axt, da editora independente Le Chien.  A seguir conheça os dois projetos:

 

POR RELAÇÕES PESSOAIS

 

Fomentar uma nova cena literária: essa é uma das metas por trás da editora Le Chien, capitaneada por Dieter Axt e Lucas Goulart.  Além do lançamento do primeiro livro da marca, CABO POLÔNIO, assinado pelo próprio Axt, a iniciativa já tem em sua agenda a publicação de outras obras, como a tradução inédita em português de um livro em prosa poética de Lucía Baltar, espanhola radicada em Montevidéu.

 

A criação da editora tem como origem um blog desenvolvido pela dupla de idealizadores.  “Tentávamos tornar a literatura um pouco mais presente no nosso entorno”, resume Goulart, ressaltando: “Para transformá-lo em algo mais concreto foi um processo muito natural”.  De agora em diante, os dois buscam promover a Le Chien até em eventos que não sejam necessariamente ligados à leitura.

 

Sem uma linha editorial definida, a novidade no mercado tem como principal núcleo de atuação Porto Alegre, mas não fecha as portas para autores de outras cidades.  E o objetivo é ter uma relação pessoal com os escritores.  “As empresas maiores enviam respostas padrão para recusa de manuscritos”, exemplifica Axt, que jpá tentou publicar de outras maneiras anteriormente.  “A ideia de uma editora independente, artesanal, é trocar ideias.  De repente algo que não seria publicado pode ser repensado e atingir um nível de maturidade melhor”.

 

Os títulos submetidos a eles serão avaliados e, caso aprovados, terão um plano de ação próprio.  CANO POLÔNIO, por exemplo, sai com uma tiragem de mil exemplares, mas esse número não vale necessariamente para outros lançamentos.  “Fazemos uma planilha de acordo com cada projeto.  O que tem nos ajudado é fazer pré-venda”, destaca Goulart, completado pelo colega: “Não é fácil vender livros, mas acreditamos que tem muita gente que quer ler”.

 

IMAGENS EM DESTAQUE

 

Ao iniciar a Figura Editora, o ilustrador Rodrigo Rosa optou por um começo devagar, mas de peso.  Para 2016, não haverá mais nenhum lançamento com exceção do título com a qual a companhia teve seu pontapé inicial, SHARAZ-DE: CONTOS DE AS MIL E UMA NOITES, do italiano Sergio Toppi.  Sem edições no Brasil há quase 40 anos, o ator é reconhecido por seu trabalho na Europa.  “Dentro de sua trajetória, ele apresenta uma mistura forte de quadrinhos e ilustração, com desenhos que extrapolam o esquema quadro a quadro”, revela o idealizador, já indicando as vertentes em que sua nova empreitada atua.

 

Também artista gráfico, Rodrigo Rosa fez um mestrado em Edição Literária e resolveu experimentar a sensação de estar do outro lado do processo.  O projeto nasceu em um ano que considera complicado, por isso a ideia de dedicar-se à venda deste primeiro lançamento – e não à publicação de outras obras.  “É uma editora pequena, um projeto quase romântico”, define ele, apontando que deve colocar novidades nas livrarias em 2017.

 

Sem uma linha estabelecida, mas focada em obras que tenham a parte gráfica em destaque como HQs ou contos ilustrados, a Figura tem como objetivo investir em várias frentes.  “Queremos apostar em coisas novas e, tendo a possibilidade, também resgatar alguns trabalhos que não vêm sendo publicados no Brasil”, exemplifica Rosa.

 

De acordo com ele, o público para quadrinhos de autor ainda está se formando no País.  A fim de que títulos como SHARAZ-DE, que teve tiragem de mil exemplares, passem a ser consumidos e maior volume, é necessário um “trabalho de formiguinha”, segundo o editor.

 

Precisamos continuar publicando e divulgando para mostrar o diferencial dessas obras”, encerra.

  

Fonte:  Jornal do Comércio/Panorama/Ricardo Gruner em 18 de julho de 2016.