ESPERANDO ACORDADA
TEM HEROÍNA ATRAPALHADA
A diretora e roteirista francesa Marie Belhomme estreia no longa-metragem com a comédia romântica ligeira ESPERANDO ACORDADA (2015). A história gira em torno dos apuros da tímida Perrine (Isabelle Carré), jovem violinista “quase profissional” que ganha a vida animando aniversários infantis e festas em lares de idosos na região de Rennes, na Bretanha. No caminho para um desses eventos, a distraída heroína assusta sem querer um desconhecido, bate a cabeça e vai para o hospital em coma. Sentindo-se culpada, Perrine decide cuidar do apartamento do homem e visitá-lo diariamente, passando-se por uma prima distante.
A atrapalhada protagonista de bom coração envolve-se então cada vez mais com a vida de Fabrice Lunel (Philippe Rebbot), enrolando-se em uma teia de mentiras para a qual arrasta também as novas amigas Lucie (Carmem Maura), maternal administradora de um asilo, e sua desinibida sobrinha Solène (Nina Meurisse).
- O personagem nasceu antes do filme. Tinha vontade de mostrar o percurso de Perrine, uma mulher que não encontrou seu lugar na vida, que não tem muita confiança em si própria. A partir desse personagem, escrevi uma situação que fosse ruim para ela. Com Michel Leclerc, meu corroteirista, criamos o personagem de Fabrice, também esquisito e engraçado – explica a realizadora, em entrevista por telefone a Zero Hora desde Paris.
O destaque de ESPERANDO ACORDADA é o desempenho de Isabelle Carré, atriz de filmes como RESPIRE (2014), de Mélanie Laurent, e A LINGUAGEM DO CORAÇÃO (2014), de Jean-Pierre Améris, que consegue driblar algumas inconsistências do roteiro, sustentando a empatia e a verossimilhança de seu papel mesmo quando o registro pende excessivamente para o ingênuo ou o improvável.
- O enredo se inspira em uma história que aconteceu com minha mãe, que atropelou acidentalmente de carro um menininho de bicicleta. Ele foi para o hospital, mas não ficou em coma. Minha mãe ficou tão culpada que ligava todos os dias para os pais do garoto, visitava ele levando bombons e presentes... A família não aguentava mais a presença daquela mulher! (risos) Perrine se parece um pouco comigo e também com Isabelle Carré. Como a personagem, sou um pouco estranha, um pouco de lado, também trabalhei em pequenos empregos, tinha essa sensação de que não conseguiria fazer nada e que era nula para tudo. Sim, o filme é autobiográfico – admite a simpática Marie Belhomme, que também lembra fisicamente a atriz principal de seu filme.
TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=2PQI219adqU
Fonte: Zero Hora/Roger Lerina (roger.lerina@zerohora.com.br) em 19/8/2016