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Vice: de Adam McKay— Trajetória de Dick Cheney
Vice: de Adam McKay— Trajetória de Dick Cheney

UM RETRATO ÁCIDO DE DICK CHENEY

 

Um dos filmes mais aguardados da temporada pré-Oscar, com estreia prevista para o dia 31 no Brasil, VICE revê trajetória cheia de controvérsias de um dos papas do neoconservadorismo norte-americano.

 

Como tecnocrata que prioriza a discrição, “Dick Cheney não era um cara que buscava que fizessem um filme sobre ele”, afirma Adam McKay, diretor e roteirista de VICE, a produção biográfica consagrada à ascensão política do controverso ex-vice-presidente de George W, Bush. Mas, devido a uma gripe que o deixou de cama por vários dias, McKay devorou um livro sobre Cheney, “que não parou de me surpreender pela forma como mudou profundamente o curso da história dos EUA”.

 

Um dos filmes mais badalados da temporada, o longa-metragem traz como destaque o ator Christian Bale, irreconhecível sob muitas camadas de maquiagem e com 20 quilos a mais para interpretar o influente político republicano. Ele “encarna a essência de Cheney”, resumiu uma crítica da Rolling Stone norte-americana, enquanto a revista Variety classificou sua performance como dotada de “um brilhantismo que se aproxima da perfeição”.

- Cheney tem uma personalidade muito forte, incrivelmente sólida, e, de certa maneira, ele entendia, talvez mais do que ninguém, como fazer funcionar as engrenagens do governo – explica Bale sobre o ex-vice-presidente, a “eminência grisalha” de George W. Bush entre 2001 e 2009.

 

Encarnação da linha dura dos neoconservadores dos EUA, Cheney também foi secretário da Defesa de 1989 a 1993, durante a primeira Guerra do Golfo (1991). Não apenas foi criticado pela sua política, como também por suas afirmações sobre a presença de armas de destruição em massa no Iraque, e sua justificativa da tortura, que ele chamou de “técnicas melhoradas de interrogatório”.

 

Cheney, que tem 77 anos, também foi suspeito de conflito de interesses: quando se candidatou a vice-presidente, em 2000, era diretor executivo da Halliburton, a segunda maior companhia petroleira do mundo, que enriqueceu graças à segunda Guerra do Iraque, em 2003.

 

VICE mistura os episódios entre o homem de negócios e poder na Casa Branca com o jovem originário de Wyoming, beberrão e bruto, que foi expulso da Universidade de Yale. Sua salvação se deveu à esposa Lyanne, vivida no filme por Amy Adams – cuja atuação també provocou aplausos, assim como a de Sam Rockwell, que interpreta o ex-presidente George W. Bush, um pouco perdido nos labirintos do poder, e de Steve Carell, caracterizado como Donald Rumsfeld.

 

Contudo, as opiniões estão divididas sobre a produção em si. Embora muitos tenham se mostrado entusiasmados com o trabalho de McKay, alguns críticos falam de uma visão caricatural de Cheney, convertido “em um vilão de desenho animado”, segundo a revista Time.

 

O diretor insiste que, “desde o início, teve vontade de humanizar esses personagens, de se aprofundar neles, de entendê-los”. No meio do caminho entre farsa burlesca e tragédia, o filme pode se desestabilizar por sua quantidade de recursos: repetição de flashbacks, vozes em off, aparições surrealistas durante a história, Cheney se dirigindo diretamente ao espectador aos moldes da série HOUSE OF CARDS.

- McKay criou algo que realmente rompe as convenções. Foi necessário para vermos na tela algo que é triste e traumático – argumenta Bale.

 

Segundo Carell, um dos pontos fortes do filme é que ele é “muito contemporâneo, muito atual”:

- Os espectadores farão, forçosamente, a conexão entre o passado e o que está acontecendo agora – assegurou o ator, sem citar textualmente o atual presidente dos EUA, Donald Trump.

 

VICE foi o campeão de indicações ao Globo de Ouro entregue no último domingo (concorria em seis categorias, venceu em uma, melhor ator em musical/comédia para Bale). A estreia no Brasil será no dia 31.

 

TRAILER:  https://www.youtube.com/watch?v=aSGFt6w0wok

 

Fonte: Zero Hora/Caderno DOC em 13/01/2019