SEGREDOS DE FAMÍLIA
Ricardo Darín estrela drama de crime e mistério NEVE NEGRA, ambientado na gelada Patagônia.
O filme NEVE NEGRA reúne os maiores representantes de três gerações de ótimos atores argentinos: Federico Luppi, Ricardo Darín e Leonardo Sbaraglia. O time dos sonhos é completado nesse drama de crime e mistério pela espanhola Laia Costa e pela também argentina Doloris Fonzi. A direção do longa que entra hoje em cartaz na Capital é de Martin Hodara, que dividiu com Darín a realização de O SINAL (2007) – trama policial de época irregular também protagonizada pelo astro e que permanece até hoje como sua única experiência atrás das câmeras.
NEVE NEGRA é 0 49º longa estrelado por Darín, o ator argentino mais amado no Brasil e no mundo, e levou aos cinemas de seu país mais de 700 mil espectadores, ocupando, até agora, a colocação de produção nacional mais vista por lá em 2017.
A história acompanha o reencontro de dois homens marcados por uma tragédia: a morte do irmão caçula de ambos, alvejado durante uma caçada na nevada floresta onde os então adolescentes moravam. Anos depois do episódio, Marcos (Sbaraglia) e sua mulher Laura (Laia) vão a uma erma região na Patagônia para dar conta das cinzas do pai dele, recentemente falecido, e visitar a irmã Sabrina (Dolores), internada em um manicômio.
O retorno reacende dolorosas lembranças e ressentimentos e coloca Marcos diante de um desafio: convencer o irmão mais velho Salvador (Darín), ermitão acusado de ter matado acidentalmente o jovem Juan e que vive na antiga cabana da família, a vender a isolada propriedade a um grupo internacional interessado em pagar uma fortuna pelas terras, segundo informa o madeireiro Sepia (Luppi). Salvador, no entanto, não tem a menor intenção de abandonar o local, perturbando Marcos com a evocação de memórias do passado.
Coprodução argentino-espanhola, NEVE NEGRA teve boa parte das sequências rodadas em Andorra, que faz as vezes da gelada Patagônia na tela. O trunfo desse irregular filme é o alto nível das atuações de seu elenco estelar, que dá consistência ao enredo de tensão crescente e, especialmente, ao duro embate entre os irmãos – tão separados quanto unidos por um terrível segredo mal sepultado na neve
ENTREVISTA COM MARTIN HODARA – Diretor e roteirista argentino.
Como surgiu a história de NEVE NEGRA?
Me encantava a ideia de contar uma história sobre dois irmãos maduros que se reencontram em uma região isolada e que têm que lidar com o passado e o segredo.
Por que você demorou 10 anos para fazer um filme depois de O SINAL?
Demorei muito tempo escrevendo e produzindo NEVE NEGRA, foi complicado arranjar o dinheiro e reunir esses atores. Foi um tempo de maturação, mas espero não demorar tanto até o meu próximo filme.
Como você conseguiu reunir esse elenco de astros?
Ricardo (Darín) estava desde o começo do projeto, há uns sete anos. Foi um privilégio contar com uma atriz do tamanho de Dolores (Fonzi) em uma cena apenas. Acho que os filmes se enriquecem quando personagens pequenos são vividos por grandes atores, como o cinema americano costuma fazer. E ter Federico (Luppi) é uma benção! Ele se encantou com o roteiro, gosta de trabalhar com gente mais jovem do que ele, nutrir-se desse convívio.
Como foi dirigir Darín e Sbaraglia, que, apesar de atuarem em O UE OS HOMENS FALAM (2012) e RELATOS SELVAGENS (2014), não aparecem juntos nesses filmes?
Na verdade, foi muito fácil. São duas excelentes pessoas, além de ótimos atores. São grandes companheiros, que se interessam também pelos outros personagens, pela história a ser contada, não são egoístas. São dois tipos de atuação diferentes, um necessita mais de investigação interna e o outro é mais intuitivo.
Quem é o investigativo e quem é o intuitivo?
Ricardo é o intuitivo, mais visceral, ainda que analise também os personagens e a história. Já Leo precisa de um trabalho sobre a história do personagem, sofre um pouco mais com o processo.
Foi difícil filmar em meio à neve e ao frio?
A neve funciona como um elemento visual que une o passado e o presente na história. É como um manto que liga na cabeça de Salvador e do espectador o que se passou com o que está acontecendo naquele momento. Na verdade, não foi difícil, apesar dos problemas naturais desse tipo de locação. O importante era que o espectador sentisse que a tormenta de neve e de vendo no alto da montanha é o que se passa no interior dos personagens.
Filmes marcantes do cinema argentino no século 21:
http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/cinema/noticia/2017/06/o-
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Fonte: ZeroHora/2º Caderno/Roger Lerina (roger.lerina@zerohora.com.br) em 08/06/2017.