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Oliver Sacks: Escritor e Neurologista Britânico
Oliver Sacks: Escritor e Neurologista Britânico

CHEGA AO FIM A “AVENTURA” DO ESCRITOR OLIVER SACKS.

 

Neurologista britânico vendeu mais de 1 milhão de livros nos EUA.  Em fevereiro, escreveu no The Wew York Times sobre o câncer terminal.

 

O renomado neurologista e escritor britânico Oliver Sacks, que explorou os mistérios do corpo humano em um conjunto de obras que venderam mais de 1 milhão de cópias nos Estados Unidos, morreu em 30 de agosto, aos 82 anos, em casa.  Vítima de câncer, o autor havia contado, em um emocionante artigo publicado em fevereiro no jornal The New York Times, que um raro melanoma no olho, do qual pensava estar curado, havia formado metástase no fígado, o que indicava a fase terminal da doença.

                           

No artigo My Own Life (Minha Própria Vida, em tradução para o português), o cientista, que já havia ficado cego de um olho devido ao câncer diagnosticado nove anos, fala aos leitores sobre o estágio avançado de sua doença.  “Agora eu estou cara a cara com a morte. (...) Devo decidir como viver os meses que me restam.  Tenho de vive-los da maneira mais rica, intensa e produtiva que conseguir”.  No mesmo texto, descreveu sua vida como um “privilégio” e uma “aventura”.  Admitiu sentir medo do que viria a seguir, mas salientou que o que prevalecia era a gratidão.

 

Sacks era filho de médicos.  Nasceu em Londres, foi educado em Oxford e viveu no Canadá, mas construiu sua carreira nos Estados Unidos, onde se estabeleceu em 1965.  Foi professor de neurologia na Escola de Medicina Albert Einstein e de neurologia e psicologia na Universidade de Columbia.  Ultimamente, lecionava neurologia na Escola de Medicina da Universidade de Nova York.

 

A instituição emitiu uma declaração afirmando estar “imersa em tristeza” com a morte do colega, “cujos trabalhos abriram novos caminhos na neurologia e na neuropsiquiatria e trouxeram importantes conhecimentos, tocando a vida de milhões de pessoas no mundo inteiro”.

                              

O especialista escreveu, por exemplo, Tempo de Despertar (1973), livro sobre como pacientes de encefalite letárgica conseguiam escapar – mesmo que brevemente – do estado catatônico, com a ajuda de uma medicação.  A obra foi adaptada ao cinema em 1990, com interpretação dos atores Robin Williams e Robert De Niro.

 

Sacks ganhou notoriedade em vários países por causa de sua escrita.  Ele usava experiências pessoais e clínicas para trazer à tona, em suas publicações, as incógnitas do cérebro.  Outro título conhecido do autor foi O Homem que Confundiu sua Mulher com um Chapéu (1985), em que reconta casos de doentes neurológicos que tiveram suas percepções alteradas a ponto de perder seu passado e memória, não reconhecer objetos triviais ou, ainda, desenvolver capacidades extraordinárias no campo da matemática ou da arte.  A autobiografia Sempre em Movimento – Uma Vida foi lançada neste ano no Brasil pela Companhia das Letras.  No livro, fala no envolvimento com drogas na juventude e do período de 35 anos sem sexo.

 

Com a notícia de sua morte, homenagens se espalharam entre escritores e profissionais que o admiravam.  “Curioso, cuidadoso e cheio de cultura, Sacks como pessoa justifica a profissão do médico, e, estou tentado a dizer, da raça humana”, escreveu o psiquiatra americano Peter Kramer no Washington Post.  Já o New York Times o classificou como “o poeta laureado da medicina”.  A autora da série Harry Potter, JK Rowling, o chamou de “brilhante, humano e inspirador” em uma mensagem no Twitter.

 

Fonte:  Zero Hora de 31/8/2015